"A Invasão" (The Invasion) é a mais recente versão de uma série de filmes iniciada em "Invasion of the Body Snatchers", obra de Don Siegel que se tornou num dos marcos do cinema de ficção científica em 1956 e foi alvo de reinterpretações por parte de Philip Kaufman ("Invasion of the Body Snatchers", 1978) e Abel Ferrara ("Body Snatchers", 1993).
Os filmes tiveram como ponto de partida o livro "The Body Snatchers", de Jack Finney, editado na altura da Guerra Fria, cuja história podia ser vista como metáfora desses tempos, e essa perspectiva política/social manteve-se também nas adaptações cinematográficas, de forma mais ou menos óbvia, sofrendo evoluções ao longo das décadas em que cada versão foi criada.
O mesmo volta a ocorrer neste olhar do alemão Oliver Hirschbiegel, que não desperdiça oportunidades de injectar numa aventura com extraterrestres uma evidente crítica aos comportamentos humanos e à suposta evolução das civilizações, em particular ao potencial que cada um tem para cometer as maiores atrocidades.
Não é novidade que grande parte da ficção científica sempre teve no âmago uma análise a contextos políticos e sociais, por vezes lançando interessantes questões sobre a natureza humana, e se é verdade que "A Invasão" se esforça por empreender um debate não o é menos que essa tentativa resulta num esforço forçado e pouco subtil, que impõe pontos de vista ao espectador em vez de fazer com que este se interrogue.
Não é novidade que grande parte da ficção científica sempre teve no âmago uma análise a contextos políticos e sociais, por vezes lançando interessantes questões sobre a natureza humana, e se é verdade que "A Invasão" se esforça por empreender um debate não o é menos que essa tentativa resulta num esforço forçado e pouco subtil, que impõe pontos de vista ao espectador em vez de fazer com que este se interrogue.
Este misto de transparência e didactismo não seria muito problemático caso o filme apresentasse doses de criatividade e surpresa que o compensassem, mas pouco acrescenta às versões anteriores, funcionando como mais do mesmo para quem já as conhece e arriscando-se a defraudar as expectativas de quem espera encontrar aqui uma obra de ficção científica que entusiasme e inquiete.
A premissa, centrada numa epidemia onde um microorganismo se insere nos humanos e passa a controlá-los após estes dormirem, poderia estar na origem de bons resultados, e embora Hirschbiegel consiga ofecer alguns eficazes momentos de suspense acaba por perder-se numa narrativa mecânica e formulaica.
Muitas das situações foram já vistas e revistas em filmes da série ou fora dela - a fuga da protagonista com o seu filho faz lembrar a jornada de Tom Cruise e Dakota Fanning em "Guerra dos Mundos", de Spielberg, e perde na comparação -, o desenlace é particularmente apressado e pouco satisfatório e a realização, mesmo sendo sempre competente, não tira o filme do anonimato já que nunca gera sequências memoráveis.
A premissa, centrada numa epidemia onde um microorganismo se insere nos humanos e passa a controlá-los após estes dormirem, poderia estar na origem de bons resultados, e embora Hirschbiegel consiga ofecer alguns eficazes momentos de suspense acaba por perder-se numa narrativa mecânica e formulaica.
Muitas das situações foram já vistas e revistas em filmes da série ou fora dela - a fuga da protagonista com o seu filho faz lembrar a jornada de Tom Cruise e Dakota Fanning em "Guerra dos Mundos", de Spielberg, e perde na comparação -, o desenlace é particularmente apressado e pouco satisfatório e a realização, mesmo sendo sempre competente, não tira o filme do anonimato já que nunca gera sequências memoráveis.
O elenco, à partida um dos elementos apelativos, acaba por não trazer especiais mais-valias, uma vez que nem Nicole Kidman nem Daniel Craig têm grandes personagens para defender e os seus papéis podiam ser interpretados por quaisquer outros. Craig então tem mesmo pouco para fazer, desperdiçando o seu carisma numa figura mal desenvolvida, e Kidman limita-se a servir as etapas do argumento, correndo de um lado para o outro e oscilando entre o pânico e o nervosismo controlado. Curioso, mesmo, só o facto de ambos serem aparentemente invulneráveis a acidentes de viação, ainda que esse aspecto não pareça ser intencional no argumento.
"A Invasão" não chega a ser um filme despiciendo, pois apesar de pouco imaginativo não se torna aborrecido, é escorreito e por vezes interessante de seguir. Contudo, também nunca nunca vai além de uma mediania indistinta, o que é pouco para uma obra que, tanto pela premissa como pelos nomes envolvidos, tinha obrigação de ser mais do que um entretenimento descartável.
"A Invasão" não chega a ser um filme despiciendo, pois apesar de pouco imaginativo não se torna aborrecido, é escorreito e por vezes interessante de seguir. Contudo, também nunca nunca vai além de uma mediania indistinta, o que é pouco para uma obra que, tanto pela premissa como pelos nomes envolvidos, tinha obrigação de ser mais do que um entretenimento descartável.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
6 comentários:
Sim, concordo com a classificação.
Fui ver ao cinema e achei aquilo apenas mais um filme de muitos.
Não entusiasmou nem desanimou.
Sim, cumpre, mas não deixa muitas saudades.
Opah vai mazé ver o 'Across The universe'. É simplesmente o melhor filme do ano ;)
Eu quero é saber quando é que o menino me vai ver!
(by the way, eu amei o invasão! viste que no outro dia deu a versão do ferrara na tv?
)
Concordo com a tua crítica. Foi exactamente isso que achei do filme. É um entretenimento escapista: diverte enquanto dura, mas não perdura na memória do espectador. Há pouco tempo a RTP1 passou a versão do Abel Ferrara, mas confesso que foi uma desilusão.
Abraço
Dark Electronic: Ainda não vi, confesso que não sou propriamente um fã dos Beatles mas o filme até me deixou curioso.
André: Hei-de ir (ou tentar, pelo menos), é só questão de tratar do calendário e companhia.
Não conheço a versão do Ferrara das anteriores só vi a do Kaufman.
Cataclismo Cerebral: Sim, com umas alterações podia ter dado um bom filme, assim ficou-se pelo interessante.
Nem reparei que a versão do Ferrara tinha passado na RTP, mas provavelmente foi em horários pouco apelativos.
Cumps :)
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