A comédia romântica é um dos géneros mais explorados do cinema actual, sobretudo em produções norte-americanas, oferecendo uma fórmula muito particular que, não raras vezes, gera resultados algo previsíveis e estereotipados. O conceito boy meets girl é hoje aplicado em inúmeros filmes que parecem girar em torno de clichés e lugares comuns que não estimulam a originalidade e imaginação. "A Minha Namorada Tem Amnésia" (50 First Dates)propõe algumas ideias-base que visam oferecer algumas variações ao género, colocando obstáculos inéditos na relação das personagens de Adam Sandler e Drew Barrymore.
Henry (Adam Sandler), um jovem biólogo com considerável sucesso entre as mulheres, apaixona-se por Lucy (Drew Barrymore), uma jovem aparentemente normal mas que é incapaz de registar novas memórias devido a um acidente de viação. Todas as manhãs, ao acordar, Lucy não tem qualquer lembrança dos acontecimentos do dia anterior, e por isso o seu quotidiano é marcado por uma imutável rotina. Henry, que finalmente descobre o poder do amor, decide conquistar o coração de Lucy e tenta cativá-la diariamente, realizando uma série de falsos primeiros encontros.
O conceito do filme não é totalmente original (os problemas de memória de Lucy são semelhantes aos da personagem de Guy Pearce em "Memento", o thriller de culto de Christopher Nolan), mas o realizador Peter Segal esforça-se por oferecer algumas sequências inspiradas, mesmo que as diversas tentativas de reconquista acabem por se tornar algo maçadoras e repetitivas.
"A Minha Namorada Tem Amnésia" começa por se assemelhar a mais uma comédia infantil e forçada, idêntica a tantas outras protagonizadas por Adam Sandler, mas à medida que o filme arranca tenta adoptar um tom mais sóbrio e moderado. Ainda que se manifeste aqui uma relativa evolução qualitativa, o resultado final não chega a ser profundo, atingindo apenas uma fasquia que proporciona um razoável nível de entretenimento descartável. Mesmo com o carisma de Sandler e Barrymore, as personagens não ultrapassam a unidimensionalidade, e, apesar do tom simpático e bem-disposto do filme, não há aqui grandes momentos de antologia a registar.
A premissa de "A Minha Namorada Tem Amnésia" faz com que esta não seja uma comédia anónima e indistinta, mas para além da ideia central o filme não tem muito mais para oferecer. Entre paisagens havaianas, uma banda-sonora adequadamente leve e animada, uma dupla de actores com alguma química e irregulares momentos de humor, Peter Segal oferece um aceitável feel good movie que, não sendo um objecto cinematográfico particularmente memorável, também não é uma completa perda de tempo.
Vê-se bem mas esquece-se facilmente.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL
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