domingo, novembro 07, 2004

ECOS DO PASSADO

O ex-vocalista dos James, Tim Booth, actuou na passada terça-feira, dia 2, na Aula Magna em Lisboa. O cantor trouxe na bagagem o seu recente disco a solo, "Bone", mas não resistiu à evocação de algumas das memórias da sua antiga banda.

Um dos grupos de terras de Sua Majestade mais acarinhados pelo público português na década de 90, os James foram gerando um devoto e atento grupo de fãs entre nós através de canções marcantes como "Sit Down", "Born of Frustation" ou "Say Something". As suas actuações ao vivo também auxiliaram, e muito, a criação do culto, não deixando a audiência indiferente e fornecendo boas memórias. Por isso, o regresso de Tim Booth a salas nacionais gerou alguma curiosidade e expectativa, assinalando a sua segunda prestação a solo em Portugal (a primeira decorreu no Festival Sudoeste deste ano).

Numa noite de chuva, o concerto adoptou os tons do clima e iniciou-se de forma não muito calorosa ao som de uma discreta versão acústica de "Laid" (um dos temas mais mediáticos dos James). Aos poucos, as atmosferas de calmaria e alguma frieza iniciais foram derretendo e deram lugar a uma crescente simbiose entre o cantor (acompanhado pelo grupo que o suporta a solo) e o fiel público da Aula Magna. Confirmou-se, então, a química especial que o ex-elemento da saudosa banda de Manchester partilha com os fãs portugueses, dado que o espectáculo, tímido e algo morno no princípio, logo se transformou num concentrado de contagiante energia e vibração.

Se "Bone" não representou um regresso à melhor forma de Tim Booth (apesar de interessante, é um disco desequilibrado), as actuações ao vivo do cantor não padecem de tal falta de chama, pois a noite de dia 2 assinalou grandes doses de profissionalismo e empatia. As canções dos James, como não poderia deixar de ser, despoletaram alguns dos picos de aclamação da noite, com destaque para "Sometimes", um dos seus hinos clássicos que extasiou o público.

O caloroso ambiente encorajado por Booth e os seus colegas de palco suscitou momentos de boa-disposição, originando uma atmosfera afável e intimista, aquecendo os ânimos e contrastando com as brumas outonais do exterior da sala. O cantor chegou mesmo a sair do palco para se infiltrar na plateia, convidando à dança e conquistando os espectadores. O convite foi aceite diversas vezes, embora o espaço não fosse o mais propício a grandes movimentos físicos.

A noite ficou marcada por canções apelativas como o primeiro single retirado de "Bone" - o trauteável e radio-friendly "Down to the Sea"-, o hipnótico e dinâmico "Monkey God" ou os fortes tons pop de "Wave Hello". Para encerrar o ambiente festivo, o muito solicitado encore recuperou a serenidade inicial e ofereceu o introspectivo "Fall in Live", registando uma despedida melancólica (e que soube a pouco...).

Apesar de ter durado pouco mais de uma hora, o concerto de Tim Booth confirmou a vitalidade e boa forma vocal do cantor, assim como o seu reconhecido carisma em palco. Ficamos à espera do próximo disco e, sobretudo, de um novo concerto...

E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM

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