Vencedor do Óscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, “Tsotsi” é a terceira longa-metragem do sul-africano Gavin Hood e retrata o quotidiano de um jovem de um bairro pobre de Joanesburgo que vive uma rotina marcada pela delinquência até ao dia em que, após um dos seus assaltos, se vê obrigado a fazer escolhas que orientarão uma mudança no seu rumo.
Ao roubar um carro, disparando à queima-roupa sobre a sua dona, Tsotsi (termo do calão local utilizado para designar um gangster/marginal) apercebe-se que raptou inadvertidamente o filho da sua vítima, um bebé cuja inocência e vulnerabilidade lhe resgatam memórias quase esquecidas e o obrigam a reflectir acerca da sua conduta.
Ao roubar um carro, disparando à queima-roupa sobre a sua dona, Tsotsi (termo do calão local utilizado para designar um gangster/marginal) apercebe-se que raptou inadvertidamente o filho da sua vítima, um bebé cuja inocência e vulnerabilidade lhe resgatam memórias quase esquecidas e o obrigam a reflectir acerca da sua conduta.
Mais uma história sobre a redenção? Também, mas o filme não só trabalha o tema de forma competente como não se esgota nele, fornecendo um olhar cru e directo sobre o dia-a-dia dos guetos e das tensões urbanas, gerando um drama de travo realista dominado por uma densa amargura que não impede, contudo, o surgimento de ocasionais sinais de esperança e episódios de algum humor.
Hood aborda com sensibilidade a necessidade de pertença, a insegurança, a solidão, a identidade e o instinto de sobrevivência, questões indissociáveis do relutante protagonista que pouco mais conhece do que os quase inevitáveis ciclos de violência que o orientam desde muito novo.
Embora “Tsotsi” ameace cair, por vezes, no pantanoso território da manipulação emocional, tal nunca chega a ocorrer, pois ainda que haja alguns desequilíbrios na gestão da carga dramática Hood consegue proporcionar um filme honesto e com uma evidente entrega.
O elenco, constituído por actores inexperientes, partilha o empenho do realizador, oferecendo interpretações credíveis e dedicadas, contribuindo para o reforço da carga realista que a película emana.
A fluidez da câmara de Hood ajuda a imprimir essa espontaneidade, e a fotografia de cores vibrantes origina um impacto visual próximo do que Fernando Meirelles apresentou no marcante “Cidade de Deus”, bons elementos que compensam alguma previsibilidade e simplismo do argumento e um ritmo nem sempre absorvente.
No geral, “Tsotsi” é um filme interessante e revelador, e apesar dos seus desequilíbrios funciona enquanto um acutilante retrato de realidades muitas vezes ignoradas, sem nunca abdicar das complexidades da esfera humana ao desenvolver a história do seu protagonista. Uma proposta de bom cinema que não merece passar despercebida.
Hood aborda com sensibilidade a necessidade de pertença, a insegurança, a solidão, a identidade e o instinto de sobrevivência, questões indissociáveis do relutante protagonista que pouco mais conhece do que os quase inevitáveis ciclos de violência que o orientam desde muito novo.
Embora “Tsotsi” ameace cair, por vezes, no pantanoso território da manipulação emocional, tal nunca chega a ocorrer, pois ainda que haja alguns desequilíbrios na gestão da carga dramática Hood consegue proporcionar um filme honesto e com uma evidente entrega.
O elenco, constituído por actores inexperientes, partilha o empenho do realizador, oferecendo interpretações credíveis e dedicadas, contribuindo para o reforço da carga realista que a película emana.
A fluidez da câmara de Hood ajuda a imprimir essa espontaneidade, e a fotografia de cores vibrantes origina um impacto visual próximo do que Fernando Meirelles apresentou no marcante “Cidade de Deus”, bons elementos que compensam alguma previsibilidade e simplismo do argumento e um ritmo nem sempre absorvente.
No geral, “Tsotsi” é um filme interessante e revelador, e apesar dos seus desequilíbrios funciona enquanto um acutilante retrato de realidades muitas vezes ignoradas, sem nunca abdicar das complexidades da esfera humana ao desenvolver a história do seu protagonista. Uma proposta de bom cinema que não merece passar despercebida.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
3 comentários:
Achei que a crueza dissipou-se à medida que o melodrama foi ganhando terreno. Não destrona "Cidade de Deus", mas é um bom sucedâneo.
Se ganhou o Óscar, é porque deve ser alguma coisa de jeito :P lol...Boa análise! A ver, futuramente.
Abraço
Vale a pena, sim, e ao menos o Óscar é útil para que o filme seja mais divulgado.
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