domingo, janeiro 23, 2005

VAMOS DANÇAR?

Goste-se ou não, Fatboy Slim - ou Norman Cook - foi um dos principais impulsionadores da música de dança, destacando-se sobretudo na segunda metade da década de 90 e contribuindo para a disseminação do big beat, um subgénero caracterizado por repetitivas, viciantes e por vezes irritantes descargas de energia, recorrendo a batidas electrónicas de fácil assimilação e considerável carácter lúdico.

Os singles "The Rockafeller Skank", "Right Here, Right Now" ou "Praise You", do ultra-mediático álbum "You've Come a Long Way, Baby", mostraram ao mundo a eficácia das criações do DJ, e temas como "Sunset (Bird of Prey)", "Demons" ou "Talking Bout My Baby", do desequilibrado disco seguinte "Halfway Between the Gutter and the Stars", repetiram o efeito, ainda que em menor escala.
Mais ignorado do que esses dois registos, o disco de estreia de Fatboy Slim, "Better Living Through Chemistry", de 1996, continha já uma fusão sonora apelativa e pessoal, e as colaborações de Norman Cook em múltiplos projectos - Housemartins, Freak Power ou Pizzaman - ajudaram a consolidar um curriculum diversificado e abrangente.

"Palookaville", o quarto álbum de originais do DJ, volta a exibir alguns dos seus traços incontornáveis, com atmosferas enérgicas, festivas e despretensiosas, apostando numa fórmula que já resultou em trabalhos anteriores.
O primeiro single "Slash Dot Slash" é um dos exemplos mais paradigmáticos dessa vertente, insistindo em ritmos dinâmicos, acelerados e redundantes, apresentando escassas doses de novidade.

Embora tenha gerado alguns bons resultados, o big beat é, hoje, um subgénero algo datado e esgotado, e a reduzida quantidade de nomes a ele associados que ainda persistem é disso exemplo. Por onde andam os Propellerheads, Freestylers, Dub Pistols, Freddy Fresh ou Lionrock? Excepto um ou dois casos, como o dos Chemical Brothers - que conseguem abraçar um caldeirão mais vasto de influências e atmosferas - os principais projectos relacionados com o big beat são cada vez menos produtivos, e "Palookaville" acentua essa situação. Talvez por se aperceber disso, Norman Cook tentou incluir novas coordenadas sonoras no seu disco mais recente, em especial uma considerável carga de tons latinos e reggae, gerando um trabalho marcado por domínios tropicais (que até é sugerido pela capa).

Apesar desta inovação relativa, "Palookaville" é um disco quase sempre curioso mas raramente surpreendente, proporcionando temas que, ainda que funcionais numa animada pista de dança, são demasiado efémeros para tornarem o disco num trabalho a revisitar muitas vezes.
Há momentos aliciantes, como o hipnótico "Song For Chesh" ou o convincente "Don't Let the Man", e as participações vocais de nomes como Damon Albarn (dos Blur e Gorillaz) ou Bootsy Collins, entre outros, permitem episódios mais apaziguados, possibilitando algum descanso entre as repetitivas faixas mais dançáveis.

Embora seja um party album vincado por animados ambientes de Verão, "Palookaville" é demasiado morno e só a espaços chega a aquecer, e até a eficaz energia tribal de "Jingo" se torna cansativa ao fim de algumas audições. Fatboy Slim revela-se, assim, igual a si próprio, o que não é necessariamente desinteressante mas também não despoleta grandes paixões nem torna "Palookaville" num título de especial inspiração.

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

2 comentários:

Spaceboy disse...

Eu achei este disco muito mau. Grande desilusão.

gonn1000 disse...

Enfim, como o disco é despretensioso q.b. e não tenta ser mais do que aquilo que é, ouve-se com algum agrado, mas está longe de ser um álbum memorável...