Quando um jovem casal, Paul (Greg Kinnear) e Jessie Duncan (Rebecca Romijn-Stamos), perde o seu filho de oito anos num devastador e imprevisível acidente, as suas vidas entram repentinamente em colapso e desespero, reagindo ao fatídico evento. No entanto, Richard Wells (Robert De Niro), um cientista conhecido de Jessie, propõe aos dois pais uma alternativa que lhes permitirá colmatar a drástica perda: clonar o seu recém-falecido filho.
Com esta premissa, o realizador Nick Hamm tentou fazer uma obra que questionasse a clonagem e permitisse uma base de reflexão para os dilemas morais e éticos que se encontram intrinsecamente relacionados com esta, mas "Godsend - O Enviado" apresenta um resultado final algo conturbado e superficial.
Se inicialmente o filme aposta num território característico de um drama familiar sobre a perda, vai mudando de registo e envereda pelo thriller psicológico, suspense, terror e exibe ainda marcas do fantástico e sobrenatural. Por isso, as personagens limitam-se a submeter-se às curvas contínuas do argumento e não chegam a tornar-se particularmente sólidas e marcantes (caso mais evidente no cientista de De Niro, que se torna "maligno" e "lunático" a meio do filme, e dá continuidade às escolhas pouco felizes que têm caracterizado a fase mais recente da sua carreira).
Uma questão complexa e delicada como a clonagem encontra-se, então, imersa numa atmosfera entre o policial e o sobrenatural que apenas serve para consolidar mais uma história centrada numa criança geradora de sustos e assombrações. Apesar de exibir algumas reviravoltas na narrativa, "Godsend - O Enviado" não consegue, no entanto, demarcar-se de tantos outros filmes de terror/suspense semelhantes, sendo minado por clichés e tornando-se indistinto.
A realização também não exibe sinais particularmente surpreendentes, apresentando uma sucessão de flashbacks algo forçados, e os actores, competentes, não têm grandes personagens para defender, interpretando figuras estereotipadas e funcionais. Nem mesmo a banda-sonora consegue transferir uma considerável tensão dramática, apostando em lugares-comuns e sonoridades previsíveis (não dispensando a musiquinha a "puxar a lágrima" nos momentos supostamente mais dramáticos).
Ainda que contenha uma premissa com potencial, "Godsend - O Enviado" é um projecto que demonstra escassos sinais de singularidade que o permitam diferenciar-se de múltiplos exemplos do género, tratando uma questão actual e polémica de forma demasiado simplista e tendenciosa. Uma oportunidade desperdiçada.
E O VEREDICTO É: 1,5/5 - FRACO E DISPENSÁVEL
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