Uma das bandas mais interessantes a emergir do Reino Unido em finais dos anos 90, os Muse destacaram-se com um promissor álbum de estreia, "Showbiz", em 1999, e dois anos depois confirmaram que estavam à altura das expectativas com "Origin of Simmetry".
Após "Hullabaloo Soundtrack", um disco de raridades e de material gravado ao vivo, "Absolution", o terceiro registo de originais, editado em 2003, voltou a demonstrar a solidez do grupo.
Apostando num rock pujante e portentoso, cujas influências vão do alternativo ao progressivo, passando pelo grunge ou pela britpop, os Muse apresentam aqui mais um conjunto de canções plenas de adrenalina e vibração.
Algures entre os Radiohead e os Queen, percorrendo ainda territórios próximos dos dos Smashing Pumpkins ou Placebo, o trio composto por Chris Wolstenholme, Dominic Howard e Matthew Bellamy oferece mais um álbum de sonoridades grandiosas e barrocas, esquizofrénicas e megalómanas, apostando numa fórmula que tem demonstrado bons resultados.
"Absolution" apresenta atmosferas bizarras e excessivas logo no início, na portentosa fusão de guitarras e piano de "Apocalyplse Please", mistura que contamina outros momentos de visceralidade épica como "Stockholm Syndrome" ou "Butterflies and Hurricanes".
Embora contenha uma série de temas recomendáveis, carregados de uma intrigante tensão e agressividade, o disco não inova muito face aos seus antecessores, o que não é necessariamente mau - sobretudo quando a banda é eficaz -, mas também não permite gerar grandes doses de surpresa.
"Absolution" peca ainda por ser um álbum demasiado homogéneo, uma vez que quase todas as canções contêm ambientes rudes, tresloucados e explosivos, o que acaba por se tornar um pouco redundante e cansativo.
No entanto, mesmo não sendo excepcional, o terceiro disco de originais dos Muse possui atributos que o tornam recomendável, ainda que as canções funcionem melhor em pequenas doses.
De resto, só a soberba voz de Matt Bellamy já seria suficiente para elevar o grupo acima de boa parte da concorrência, evidenciando uma intensidade emocional que só alguns iluminados - Thom Yorke, Jeff Buckley ou Rufus Wainwright são as referências mais próximas - são capazes de transmitir (confirme-se, por exemplo, na sumptuosa "Blackout", a mais calma e melhor canção do disco).
Quando as composições da banda estiverem à altura dos méritos vocais de Bellamy, os Muse criarão álbuns de referência, se continuarem no nível qualitativo das presentes em "Absolution" continuarão a proporcionar um envolvente, ainda que algo irregular, rock abrasivo e teatral. De qualquer forma, ambos os casos indicam que este é um projecto a ter em conta e a seguir com atenção.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
15 comentários:
Também gosto muito dos Muse. O «Showbiz» é o disco deles que gosto mais, acho que o «Origin of Symmetry» foi o mais fracote. É verdade que por vezes a megalomania de «Absolution» pode tornar-se cansativa, mas no entanto é um bom disco com belas canções. Vamos lá a ver se no próximo poderemos ouvir alguma coisa de novo por parte deste trio inglês.
É verdade que é um bom disco, com canções recomendáveis, mas ao vivo é que devem ser mais convincentes (pelo menos a julgar pelos concertos deles que vi na tv). Espero que no próximo se renovem um pouco...
Finalmente um post sobre estes gajos!! Os músicos que descobri e delirei durante este ano. As músicas não me saem da cabeça, o meu PC não pára de tocar os três álbums seguidos e a minha esperança de que um próximo álbum saia o mais depressa possível tornam esta banda numa daquelas coisas que cá ficam. Por um lado, até preferia que eles não se tornassem demasiado conhecidos e famosos. Quando os U2 ainda não eram mundialmente conhecidos, as músicas até soavam melhor, agora as rádios entopem-nos os tímpanos até ao enjoo...
Sim, é uma banda cuja popularidade tem crescido de disco para disco, mas também espero que não cometam os erros dos U2 (não tanto o de serem alvo de um mediatismo excessivo, mas pelo conformismo dos últimos discos).
Muse rula...e já voltei das férias :P!
Cumps. cinéfilos
Também gosto dos Muse, se bem que não haja grandes novidades de disco para disco (nem todos podem ser David Bowie's), no entnto é das poucas bandas britânicas onde o epíteto "rock" soa bem.
SOLO: Pois rula, e já tinha reparado...Welcome back!
kimikkal: Sim, antes os Muse que as bandinhas chatinhas de britpopzinho (Oasis, Embrace,etc...).
eu confesso que quase adormeci no concerto deles no sudoeste de 2002. cheguei a ver dois matts e estava sóbria
LOLOL... São opiniões :)
Gostei muito o "Showbiz" (apesar das comparações aos Radiohead ou Placebo), mas acho que a partir daí pouco acrescentaram. Mas gostei mais do último que do "Origin of Symmetry". Tem temas poderosos e foi o álbum que os consagrou no Reino Unido e não só.
É uma banda que não tem apresentado muitas mutações no som (o Brian Molko, dos Placebo, até disse que eles faziam sempre o mesmo álbum), mas que até agora ainda não desiludiu. No entanto, epero que no próximo disco arrisquem novas direcções, senão podem tornar-se previsíveis e demasiado formatados...
Ahh Gonn10000 :D Sim, senhor! Aqui está um dos grupos do Kraak! Muito bem! Já cá faltava um post sobre os Muse :D. Gostei muito. Houve já neste mundo de bloggers quem tenha avançado com uma excursão a um concerto dos Muse. Alinhas?
Sem sombra de dúvida, o melhor álbum deles para mim foi "Origin of Simmetry".
LOL-gostei do britpopzinha :) Haha. Tb gosto muito dos Embrace :P
Hugzzz with simmetry
Sim, já tinha reparado que por aí também se gostava destes rapazes. Uma excursão? Na boa, mas só se não for muito longe. Quanto aos Embrace, passo, mas também não se pode gostar de tudo :P Hasta ()
Provavelmente, a minha opinião não te surpreende. Concordo com tudo o que escreveste, mas eu sei agora uma coisa que tu não sabias na altura... "Black Holes and Revelations" traz e inovação que faltava em "Absolution". E acho que é o melhor álbum deles, ainda que tenha muitas arestas por limar (Exemplo: Soldiers Poem e Invencible.)
Discordo, acho-o mais fraco do que "Absolution". Inova ocasionalmente, como no single "Supermassive Black Hole", mas ainda não é o disco que traz novos rumos à banda. A primeira metade do álbum ainda convence, mas a segunda perde-se entre canções banais e indistintas.
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