Um drama familiar urbano e portentoso, "América Proibida" (American History X) relata as experiências de Derek Vinyard (excelente interpretação de Edward Norton, que lhe possibilitou a justa nomeação para Óscar de Melhor Actor) e do seu irmão mais novo Danny (Edward Furlong, igualmente convincente).
Fruto de uma teia de conturbadas relações familiares marcadas pela morte da figura paterna, os dois jovens crescem numa atmosfera de constante tensão e intolerância, factor que leva a que Derek se torne membro de uma associação neo-nazi. Contudo, alguns acontecimentos levam a que o jovem reavalie o seu comportamento e refute a ideologia em que se baseou (ou através da qual foi manipulado?) durante a adolescência. Agora, Derek tentará evitar que o seu inquieto e relutante irmão Danny se insira na espiral descendente de ódio, violência e xenofobia que o marcou.
O cineasta estreante Tony Kaye consegue gerar uma intensa e verosímil perspectiva sobre a juventude urbana contemporânea, retratando os ambientes de inquietação dos subúrbios californianos e fornecendo um testemunho da alienação e paranóia que pode nascer nesses domínios (e em muitos outros). Contaminando o filme com um estilo visual duro e seco, da qual se destaca a fotografia de tons realistas e uma interessante coordenação de flashbacks, o realizador oferece imagens fortes e sequências de considerável densidade dramática.
Kaye merece referência por tratar questões tão polémicas e delicadas de forma pouco simplista, preocupando-se em construir personagens de carne e osso e não estereótipos ou caricaturas unidimensionais. No entanto, a súbita mudança do comportamento de Derek suscita algumas reservas, os episódios da prisão são demasiado previsíveis e o final do filme, didáctico e linear, poderia ser melhor resolvido (e não combina com os tons rudes e densos que vincaram a acção até então).
"América Proibida", apesar de algumas inconsistências, possibilita uma intensa visão sobre o fanatismo, a desagregação familiar, a manipulação, o descontrolo e o preconceito, abordando realidades actuais com complexidade e diversas texturas (tanto a nível narrativo como visual). Uma muito promissora primeira-obra.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
4 comentários:
Vi hoje pela segunda vez, América Proibida, numa aula de Filosofia de Serviço Social! A questao proposta pela docente, apos o filme, e com a finalidade dum trabalho, foi... o que fariam, se estivessem numa Instituiçao, e vos apareçesse um individuo, com estas caracteristicas...( Edmond Norton)
Posso, dizer-vos, que o filme me deixou sem palavras. Eloquente do principio ao fim, mas com passagens marcantres, e duma realidade, impressionante.A xenofobia e racismo em que vivemos presentemente faz parte duma cultura civilizada!! Não haverá algum paradoxo, nestas palavras!! não seriam os homens na idade da pedra mais tolerantes e inocentes?
será este o preço da evolução! O odio iminente pelos nossos irmaos??
Não será esta vida demasiado complicada e dura, para ainda estarmos a complica-la mais!? pareçe censo comum, mas o censo comum, às vezes é o que vê mais longe e de forma mais sábia....
Ana Oliveira
É um filme marcante e pertinente, sem dúvida. Mas e o que respondeste? :)
bom o comentário e a resposta será justamente o trabalho pedido pela docente, que por sinal o vou iniciar agora. vou reler todas as criticas, e analisar a minha propria critica e dp partirei para a escrita...até lá deseja-me boa sorte...)...
darei noticias sobre a nota ok! ana oliveira
Ok, boa sorte então :)
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