segunda-feira, maio 22, 2006

NASCIDO PARA MATAR?

Após atingir, durante a década de 90, o pico da sua carreira no papel do agente secreto mais famoso do mundo, Pierce Brosnan foi recentemente substituído por Daniel Craig e, se à partida poderia ser difícil imaginá-lo num papel distinto do de 007, “O Matador” (The Matador) prova que tal não só é possível como resulta surpreendentemente bem.

Neste misto de drama, thriller e comédia negra, o actor encarna Julian Noble, um assassino profissional que esteve sempre à altura das suas missões, nunca falhando um alvo. No entanto, após vários anos envolvido em homicídios e, nas horas vagas, entregue ao álcool e às mulheres, Julian apercebe-se que, apesar de bem-sucedido dentro da sua área, tem uma vida pessoal pouco preenchida, não podendo contar com quaisquer amigos.

Durante uma tarefa na Cidade do México, trava conhecimento, num bar, com o vendedor Danny Wright, que também se encontra algo deprimido, mas porque tem dúvidas quanto à sua capacidade de consolidar um negócio fundamental. Partilhando momentaneamente as suas solidões, os dois protagonistas estabelecem um laço que os aproximará muito mais do que a conversa descomprometida que encetam nessa noite, gerando uma atribulada mas determinante amizade.

Com um argumento curioso, onde nada é exactamente o que parece, “O Matador” contém algumas boas surpresas, e Richard Shepard apresenta um escorreito trabalho de realização, sem grandes ideias mas também não comprometendo.
O filme, contudo, pertence a Brosnan, que constrói uma personagem atípica e excêntrica, mas irresistível, um loser desbocado e caricato que encontra na amizade uma fuga para a superficialidade que contaminou a sua vida. Greg Kinnear e Hope Davis ajudam a fortalecer o elenco através de desempenhos sólidos, ainda que as suas personagens sejam menos peculiares, e a química entre os actores é evidente, sobretudo entre Brosnan e Kinnear.

Suficientemente divertido e lúdico, “O Matador” não aspira ser muito mais, e por isso resulta dentro dos seus modestos objectivos. Por vezes, há alguma indefinição na escolha do tom, com oscilações demasiado abruptas entre momentos leves e mais sérios (embora o filme nunca chegue a ser profundo), e a narrativa nem sempre tem o mesmo fôlego, contando com algumas sequências onde o ritmo é pouco aliciante.
De qualquer forma, “O Matador” é uma proposta agradável e a espaços estimulante, ainda que não atinja o nível de “Kiss Kiss, Bang Bang”, de Shane Black, imbatível na posição de melhor buddy movie dos últimos tempos.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

2 comentários:

Anónimo disse...

é um bom filme de domingo à tarde!

gonn1000 disse...

membio: Sim, vê-se bem dentro desse espírito :)

H.: Acho que não tem o ritmo nem tanto humor certeiro como "Kiss Kiss, Bang Bang", mas não é uma perda de tempo.