segunda-feira, setembro 19, 2005

ERA UMA VEZ UM RAPAZ

Sebastien é um jovem de uma pequena localidade francesa que se muda para Paris e aí começa a delinear um novo estilo de vida, distanciando-se progressivamente da postura tímida e recatada que o caracterizava até então.

À medida que vai conhecendo novos lugares e pessoas, redescobre-se a si próprio e aceita, finalmente, a sua orientação sexual, afastando-se dos constrangimentos e medos que o limitavam na sua cidade-natal.

Contudo, quando tudo parece estar a desenvolver-se de forma próspera, Romain, o seu melhor amigo com quem entretanto perdeu o contacto, telefona-lhe dizendo que está em Paris e que pretende reencontrá-lo. O problema é que, para Sebastien, Romain não era apenas mais um amigo, e reencontrá-lo pode fazer ressurgir uma série de sentimentos dolorosamente ambíguos e confusos.

"Comme un Frère", média-metragem de Bernard Alapetite e Cyril Legann, é um estudo de personagem onde se cruzam as dores da adolescência, o carácter dúbio da amizade e a aceitação (ou rejeição) das orientações sexuais, questões determinantes para a vida de um jovem que tenta descobrir quem é encontrar alguém em quem se reveja.

Enveredando por um estilo realista, próximo de um registo documental, "Comme un Frère" vale pela tentativa de abordar temáticas relevantes, mas não é tão bem sucedido na execução daquilo a que se propõe.

Cyril Legann iniciou o seu percurso como realizadora na televisão e os traços desse meio são evidentes nesta obra, uma vez que a película aproxima-se do esquematismo de um telefilme, apresentando um argumento competente, mas pouco criativo, e interpretações apenas aceitáveis. A realização também não é especialmente inspirada, não se afastando de mais um produto televisivo sem grandes elementos que a permitam distinguir-se.

"Comme un Frère" é assim uma obra modesta, mas meritória, pois as experiências de Sebastien são, apesar de tudo, interessantes de seguir, mesmo que o filme nunca se desprenda do formato típico de uma viagem de auto-descoberta, que a espaços possui momentos consistentes (a cena do reencontro dos dois amigos, por exemplo) mas é demasiado desequilibrada e linear como um todo. Em todo o caso, um título a ver...

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

5 comentários:

Ricardo disse...

Viva,

Tu não andas a ver cinema, andas a devorar cinema. Infelizmente a oferta no Porto de cinema é bem menor e há semanas que sou "obrigado" a ir ver os restos.

Abraço,

gonn1000 disse...

Eheh, sim, ando à beira de uma overdose cinematográfica, mas quem corre por gosto...
Pois, no Porto os festivais de cinema não são assim tão recorrentes (tirando o Fantas), mas pode ser que qualquer dia as coisas mudem...

Anónimo disse...

O Porto pode não ter os festivais mais importantes, mas quem me dera que tivéssemos cá o Fantasporto :|...

Cumps. cinéfilos

Ricardo disse...

Solo,

Apetece-me dizer que nem pensar porque o Fantas e a cidade têm tudo a ver, literalmente. E, na minha opinião, o melhor festival de cinema nacional é mesmo o Fantas...

Falta é diversidade no Porto com maior número de bons festivais...

Abraço,

gonn1000 disse...

Ora aí está um festival ao qual ainda não fui. Tenho que colmatar essa falha...