Embora tenha gerado blockbusters competentes – “Identidade Desconhecida” e “Mr. e Mrs. Smith” -, Doug Liman é um dos novos realizadores norte-americanos cujo percurso inicial parecia destacá-lo como mais do que um mero tarefeiro, devido a filmes como o curioso “Swingers”, de 1996, e, sobretudo, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” (Go), de 1999.
Este último, que teve o infortúnio de passar algo despercebido na data da estreia, distingue-se no entanto de muitos dos filmes da mesma origem geográfica sobre adolescentes que surgiram em finais de anos 90, enquadrando-se num registo cómico de gosto duvidoso.
A película de Liman, no entanto, aproxima-se mais de “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino, do que de “American Pie – A Primeira Vez”, de Paul Weitz, não só pela estrutura narrativa, que apresenta três histórias diferentes com algumas personagens em comum, mas também pelo conjunto de situações inesperadas, offbeat e surpreendentes que contém.
Este último, que teve o infortúnio de passar algo despercebido na data da estreia, distingue-se no entanto de muitos dos filmes da mesma origem geográfica sobre adolescentes que surgiram em finais de anos 90, enquadrando-se num registo cómico de gosto duvidoso.
A película de Liman, no entanto, aproxima-se mais de “Pulp Fiction”, de Quentin Tarantino, do que de “American Pie – A Primeira Vez”, de Paul Weitz, não só pela estrutura narrativa, que apresenta três histórias diferentes com algumas personagens em comum, mas também pelo conjunto de situações inesperadas, offbeat e surpreendentes que contém.
Seguindo o quotidiano de vários jovens ao longo de 24 horas, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” desdobra-se entre Los Angeles e Las Vegas e visita uma série de espaços diurnos e nocturnos, focando tanto a banalidade bocejante de um supermercado como – e principalmente – a adrenalina palpitante dos meandros das raves, locais decisivos para o rumo da acção.
Cruzando drama, humor e thriller, o filme possui uma vibrante energia, fruto da sólida combinação de imagem e som, originando um ritmo muito próprio e repleto de pequenas reviravoltas que, embora pareçam insignificantes para uma personagem, acabam por afectar as peripécias de outras, uma vez que Liman coordena com eficácia as interligações entre as três histórias.
Avesso a moralismos que facilmente poderiam fazer desperdiçar a sua criativa vertente formal, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” respeita as ambivalências humanas das suas personagens e não se torna num panfleto sobre o consumo e tráfico de droga ou a homossexualidade, elementos presentes na narrativa mas que felizmente Liman não pretende tornar num “tema”.
Recorrendo a rewinds, focando assim o mesmo acontecimento sob pontos de vista diferentes, o filme utiliza-os de forma pertinente, não tendo como fim um mero exercício de estilo mas complementando-os com o jogo de acasos e acidentes que marcam as peripécias dos jovens em causa. “As Regras da Atracção”, de Roger Avary, recorreria também a este modelo três anos depois, alargando ainda mais o experimentalismo visual com raízes nos videoclips e apostando em atmosferas mais niilistas.
Mesmo com um argumento coeso e realização à altura, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” não seria muito convincente caso os actores não correspondessem, mas o elenco é bastante sólido e inclui alguns nomes em ascensão como Sarah Polley, Katie Holmes ou Scott Wolf (da série “Adultos à Força”), que são capazes de conceder densidade às suas personagens. A banda sonora é igualmente bem escolhida, composta por canções dos Massive Attack, Leftfield, Air, No Doubt, Esthero ou Fatboy Slim.
Nem todas as histórias têm o mesmo nível de interesse – a segunda, decorrida em Las Vegas, é demasiado esgrouviada e menos imprevisível do que as restantes –, há algumas personagens que poderiam ter mais espessura e o desenlace não congrega a carga dramática presente noutros momentos (como os do “final” da primeira história), mas “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” sobrevive bem a esses entraves, proporcionando uma recomendável experiência cinematográfica com um irresistível carácter lúdico.
Cruzando drama, humor e thriller, o filme possui uma vibrante energia, fruto da sólida combinação de imagem e som, originando um ritmo muito próprio e repleto de pequenas reviravoltas que, embora pareçam insignificantes para uma personagem, acabam por afectar as peripécias de outras, uma vez que Liman coordena com eficácia as interligações entre as três histórias.
Avesso a moralismos que facilmente poderiam fazer desperdiçar a sua criativa vertente formal, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” respeita as ambivalências humanas das suas personagens e não se torna num panfleto sobre o consumo e tráfico de droga ou a homossexualidade, elementos presentes na narrativa mas que felizmente Liman não pretende tornar num “tema”.
Recorrendo a rewinds, focando assim o mesmo acontecimento sob pontos de vista diferentes, o filme utiliza-os de forma pertinente, não tendo como fim um mero exercício de estilo mas complementando-os com o jogo de acasos e acidentes que marcam as peripécias dos jovens em causa. “As Regras da Atracção”, de Roger Avary, recorreria também a este modelo três anos depois, alargando ainda mais o experimentalismo visual com raízes nos videoclips e apostando em atmosferas mais niilistas.
Mesmo com um argumento coeso e realização à altura, “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” não seria muito convincente caso os actores não correspondessem, mas o elenco é bastante sólido e inclui alguns nomes em ascensão como Sarah Polley, Katie Holmes ou Scott Wolf (da série “Adultos à Força”), que são capazes de conceder densidade às suas personagens. A banda sonora é igualmente bem escolhida, composta por canções dos Massive Attack, Leftfield, Air, No Doubt, Esthero ou Fatboy Slim.
Nem todas as histórias têm o mesmo nível de interesse – a segunda, decorrida em Las Vegas, é demasiado esgrouviada e menos imprevisível do que as restantes –, há algumas personagens que poderiam ter mais espessura e o desenlace não congrega a carga dramática presente noutros momentos (como os do “final” da primeira história), mas “Go – A Vida Começa às Três da Manhã” sobrevive bem a esses entraves, proporcionando uma recomendável experiência cinematográfica com um irresistível carácter lúdico.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
Ah, quem quiser (re)ver o filme fique atento ao canal Hollywood, que tem andado a exibi-lo ;)
6 comentários:
Já faz uns bons anitos desde a última vez que vi este filme. Lembro-me que gostei e que (tal como referiste e bem) tinha situações surpreendentes.
Não me lembro de muito mais...acho que está na altura de o rever :)!
Abraço
Acho que vale a pena, é um filme que se (re)vê bem...
Também foi há tanto tanto tempo que o vi que só 1 revisão me faria exercer 1 juízo de valor, mas... ainda não me esqueci da "garrafa de champanhe(a maior:)" And don´t call me a pervert! :P
PS: bela referência titular híbrida a esse filme Enorme que é Leaving Las Vegas.
Chama-lhe champanhe, chama, tou mesmo a ver o que fazias se te apanhasses em Las Vegas :P
E parece que discordamos muito quanto ao "Leaving Las Vegas" LOL
Estive quase quase quase para escolhê-lo como um dos filmes para um trabalho de Análise Fílmica, mesmo por causa dessa aproximação ao Pulp Fiction (um dos filmes do trabalho é mesmo esse). Acabei por não escolhê-lo (até porque ainda não o vi) mas fiquei bastante curiosa. E agora ainda mais. :)
Ah, então tens mesmo de ver... Fica atenta à programação do canal Hollywood que ele deve aparecer por lá.
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