Há uns anos, o papel da inglesa Sophie Michalitsianos na história da música recente resumir-se-ia à sua colaboração como violoncelista dos Sparklehorse, mas em 2006 revelou que possuía também talento como vocalista, compositora e produtora, uma vez que assumiu todas estas funções no seu disco de estreia, “The Bells of 1 2”, que assinou como Sol Seppy.
E ainda bem, porque as canções que aqui apresenta colocam-na já como um nome a acompanhar, praticante de uma indie pop intimista e serena, capaz de suscitar comparações com outras referências igualmente estimáveis – Hope Sandoval é quase inevitável; Lori Carson, Nina Persson ou Mirah também não andam longe – sem no entanto deixar de emanar um encanto próprio.
Encantador é mesmo o adjectivo mais apropriado para caracterizar este disco, uma obra discreta que se vai insinuando aos poucos e que convida, sem insistir, a audições repetidas para que se descortinem as camadas de mistério e emoções camufladas que algumas composições escondem.
Pianos, guitarras e violoncelos aliam-se a ténues, mas determinantes, presenças electrónicas, dando a estas canções uma interessante dimensão electroacústica que convive bem com uma voz fresca e delicada. As melodias conseguem ser cativantes sem caírem no óbvio, guiando-se sempre por um minimalismo que contribui para que do álbum transpareça uma aura intimista e singular.
Encantador é mesmo o adjectivo mais apropriado para caracterizar este disco, uma obra discreta que se vai insinuando aos poucos e que convida, sem insistir, a audições repetidas para que se descortinem as camadas de mistério e emoções camufladas que algumas composições escondem.
Pianos, guitarras e violoncelos aliam-se a ténues, mas determinantes, presenças electrónicas, dando a estas canções uma interessante dimensão electroacústica que convive bem com uma voz fresca e delicada. As melodias conseguem ser cativantes sem caírem no óbvio, guiando-se sempre por um minimalismo que contribui para que do álbum transpareça uma aura intimista e singular.
Alternando entre momentos melancólicos e esperançosos, “The Bells of 1 2” oferece um sólido conjunto de canções feitas de histórias pessoais e transmissíveis. Seja na ode ao amor e amizade de “Come Running”, no retrato de inadaptação de “Wonderland”, na hipnótica e sedutora “Loves Boy”, na mais descontraída “Slo Fuzz” ou nas belíssimas “Injoy” (dificilmente há canção mais apropriada para um dia de chuva) e “Enter One” (a fechar o disco com um refrão angelical e arrepiante), Sol Seppy testa registos relativamente diversificados e o resultado é quase sempre meritório.
Por vezes, os discretos sussurros e quase silêncios arriscam-se a colocar reservas quanto a algumas canções, mas no geral é difícil não aderir a esta agradável surpresa. Lamenta-se, contudo, que não se encontrem mais temas como “Move”, o mais atmosférico, nebuloso e intempestivo, que se distancia da quietude dos restantes episódios do álbum.
Tivesse “The Bells of 1 2” apostado noutras composições como essa e talvez fosse um disco mais conseguido, com camadas de maiores contrastes, embora assim seja já uma estreia bastante auspiciosa e envolvente, revelando uma cantautora que, se estiver ao nível do potencial que aqui denuncia, poderá vir a tornar-se imprescindível.
Por vezes, os discretos sussurros e quase silêncios arriscam-se a colocar reservas quanto a algumas canções, mas no geral é difícil não aderir a esta agradável surpresa. Lamenta-se, contudo, que não se encontrem mais temas como “Move”, o mais atmosférico, nebuloso e intempestivo, que se distancia da quietude dos restantes episódios do álbum.
Tivesse “The Bells of 1 2” apostado noutras composições como essa e talvez fosse um disco mais conseguido, com camadas de maiores contrastes, embora assim seja já uma estreia bastante auspiciosa e envolvente, revelando uma cantautora que, se estiver ao nível do potencial que aqui denuncia, poderá vir a tornar-se imprescindível.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
Sol Seppy - "Wonderland"
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