sábado, novembro 27, 2004

ISTO (NÃO) É NORMAL

Uma das bandas mais interessantes a trabalhar nos domínios da electrónica na recta final dos anos 90, os Gus Gus foram, também, uma das mais subvalorizadas. No entanto, "This is Normal", o segundo disco do colectivo, de 1999, eleva-se bem acima da mediania através de uma muito conseguida mistura de pop, house, techno, trip-hop, jazz, ambient e electro.

Apresentando uma complexa sonoridade fim-de-milénio, "This is Normal" é um álbum diversificado e intrigante, contendo sonoridades envolventes que rapidamente se tornam viciantes. Expondo vozes masculinas e femininas e contrastando-as com atmosferas glaciares, nocturnas e hipnóticas, o disco torna-se simultaneamente estranho e cativante. Essa estranheza verifica-se também nas letras das canções, ambíguas e incomuns, reforçando a peculiar personalidade da banda.

Começando por conquistar logo pela excelente capa - ou não fosse esta da editora 4AD, meticulosa e inovadora a nível gráfico - "This is Normal" proporciona uma viagem por ambientes futuristas, experimentais e sedutores, e entre os momentos de eleição salienta-se o contagiante electropop de "Starlovers", o denso e quase cinematográfico "Blue Mug", o delicado e subtil "Bambi", o enérgico e dançável "Love vs Hate" ou o negro e claustrofóbico "Snoozer".

Consistente, bem-estruturado e inovador, o segundo álbum dos Gus Gus é o melhor que o colectivo gerou até hoje. Os seus sucessores, "Gus Gus vs T-World", de 2000, e, sobretudo, o indistinto "Attention", de 2002, desiludiram ao não exibir os traços de criatividade de "This is Normal". O disco confirma também que a pop islandesa não se resume apenas aos Múm e aos (sobrevalorizados? Eu acho que sim) Bjork e Sigur Ros.

Um dos melhores exemplos da electrónica de finais de 90, para colocar ao lado de Massive Attack, Lamb, Morcheeba, Air, Tricky e Sneaker Pimps...

E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

2 comentários:

O Puto disse...

Sem dúvida o momento alto na carreira dos Gus Gus.
Concordo quanto à sobrevalorização dos Sigur Rós, mas a Björk merece toda a atenção gerada, pela inovação e ousadia da sua música.

gonn1000 disse...

Sim, tem uma discografia inovadora e ousada, mas igualmente irregular, digo eu :)