sexta-feira, agosto 19, 2005

A INSUPORTÁVEL LEVEZA DO VAZIO

Co-produção da França e do Uruguai, “Orlando Vargas” é a primeira obra de Juan Pittaluga e centra-se na personagem que dá nome ao título, partindo desta para apresentar uma narrativa com consideráveis doses de melancolia e desencanto.

Nos momentos iniciais, o filme é promissor, uma vez que a fotografia e o trabalho de realização conseguem gerar uma curiosa atmosfera etérea e enigmática. Contudo, após os primeiros minutos, “Orlando Vargas” evidencia que, para além desses ambientes promissores, não tem mais nada de relevante para apresentar, perdendo-se numa excessiva carga contemplativa com muita pretensão mas escasso substrato.

As personagens não possuem densidade, uma vez que Pittaluga não parece muito preocupado em torná-las minimamente delineadas e trabalhadas, e por isso os actores também não podem fazer muito, ainda que a dupla Aurélien Recoing e Elina Löwensohn pareça merecer muito melhor do que o que tem aqui.

O argumento é esquemático e inconsequente, seguindo o quotidiano de Orlando Vargas, um homem com aparente prosperidade económica e familiar mas atormentado por antagonistas que o filme não chega a revelar.
Francês residente no Uruguai, o protagonista viaja com a sua família para uma cidade perto da fronteira com o Brasil e desaparece misteriosamente pouco depois de lá chegar. Pittaluga tenta gerar alguma tensão com esta súbita ausência da personagem, mas aí já é tarde demais pois o filme não consegue escapar ao marasmo e monotonia que o contaminaram entretanto.

“Orlando Vargas” parece, por vezes, sugerir uma reflexão envolvente acerca da solidão, do amor, das relações familiares ou do sentimento de perda, mas nunca chega a consegui-la, apostando numa narrativa frouxa carregada de silêncios redundantes e não expondo nada que o salve de uma enfadonha letargia emocional.

Assim, mesmo sendo uma película curta – com apenas 78 minutos – parece ter o dobro da duração, o que neste caso não é nada abonatório, uma vez que é um dos fortes candidatos a pior filme de 2005. Uma obra tépida e insípida, francamente desapontante.

E O VEREDICTO É: 0/5 - A EVITAR

6 comentários:

Unknown disse...

Que seca! Orlando Vargas? No tks. Ni muerto, depois do que li. Esquece. Nada. Nothing. Rien. Niets.

Hugzzz

gonn1000 disse...

Enfim, é só uma opinião, mas sinceramente achei mesmo muito fraquinho...Hasta :)

Daniel Pereira disse...

Eu também não gostei do filme, mas custa-me ver-te dar 0 (apesar de saber que ias dar). Fica a ideia que nenhum filme te levará somente com a câmara que é afinal a base do cinema...

gonn1000 disse...

Sim, é a base do cinema, mas quando um filme só tem isso a seu favor (e neste caso o trabalho de realização de Juan Pittaluga nem é nada de extraordinário), então não há grandes hipóteses de me convencer. O cinema não consiste só num conjunto de imagens bonitinhas...

Anónimo disse...

Zero :o ?!?! É o primeiro zero que dás, não é? Isto deve ser mesmo mau :|...

Cumps. cinéfilos

gonn1000 disse...

Sim, é o primeiro zero que dou (dos filmes que avaliei no blog). Achei mesmo muito fraco...