"A Weekend in the City", o segundo longa-duração, marca agora o regresso, que poderá frustrar as expectativas de quem conhece o grupo por singles de descarga como "Banquet" ou "Helicopter", tendo o primeiro exposto os Bloc Party a um público relativamente vasto devido a uma popular campanha publicitária.
Longe de ser um "Silent Alarm: Parte II", o novo disco aposta em domínios mais apaziguados do que os do registo antecessor, sendo escassos os momentos de euforia dançável e demais manobras de agitação sonora. Se os primeiros temas exibem ainda uma considerável pulsão, sendo quase continuações directas do primeiro álbum, o alinhamento torna-se progressivamente menos dinâmico, salvo ocasionais erupções de energia em alguns refrões.
Por vezes o grupo ensaia episódios mais ousados, como em "The Prayer", que Kele Okereke inicia com um incomum registo vocal, rodeado por uma aura negra de percussões hipnóticas e coros sorumbáticos, que sugere a influência fusionista de uns TV on the Radio. Contudo, os condimentos sonoros de grande parte do restante álbum são menos aliciantes e aproximam a banda da formatação de uns U2, Snow Patrol - nomes com quem Jacknife Lee, o produtor, já colaborou - ou Coldplay, proporcionando canções mais polidas e lineares.
No entanto, se os Bloc Party são aqui menos aventureiros musicalmente, aprimoram - e muito - a escrita, ainda que neste caso o mérito seja do vocalista, autor das letras. O título do álbum é desde logo emblemático, uma vez que "A Weekend in the City" propõe uma viagem por Londres e, no caminho, oferece um olhar sobre a juventude urbana do novo milénio, que Okereke caracteriza de forma sensível e honesta, ainda que não escape a alguns clichés (como no demasiado óbvio "Uniform", que quase escorrega para um vulgar hino emo).
Os retratos são sentidos e tanto investem na desolação da era da abundância (em "Song For Clay (Disappear Here)", inspirado no livro "Menos que Zero", de Bret Eston Ellis), na abordagem das drogas - sem moralismos nem excessos de irreverência - ("0n"), no racismo ("Where is Home?") ou no terrorismo e consequente alarmismo ("Hunting for Witches").
As melhores reflexões são, todavia, as mais intimistas, tanto na nostálgica "Waiting For The 7.18", que conta ainda com um dos refrões mais emotivos, como na trilogia da recta final do disco, que Okereke dedica às relações amorosas, desde amargurados one night stands ("Kreuzberg"), paixões adolescentes por consumar ("I Still Remember") ou no mais esperançoso "Sunday", porventura a mais bela descrição de um domingo pós-ressaca vivido a dois.
"A Weekend in the City" resulta assim num disco desigual, pois se as melodias e estruturas que se sucedem de tema para tema são demasiado homogéneas, as canções conseguem distinguir-se facilmente se se der às letras a atenção que estas merecem. Os Bloc Party perderam então em frescura o que ganharam em densidade, e neste caso isso está longe de ser mau, só é pena que também não seja tão bom como se esperaria, tendo em conta a banda em causa.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
Bloc Party - "I Still Remember"
2 comentários:
Gosto muito de Bloc Party!!!
Eu gostava de ter gostado mais deste disco.
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