Realizador do interessante "A Bicicleta de Pequim", o chinês Wang Xiaoshuai regressa com "Sonhar com Xangai" (Qinghong / Shanghai Dreams), mais um retrato das tensões quotidianas, tanto sociais como familiares, do seu país, seguindo aqui uma família de uma pequena aldeia em meados dos anos 80.
Laowu, operário fabril cansado do pouco auspicioso dia-a-dia em Ghizou, tenciona voltar a Xangai na procura de melhores condições de vida, mas Qinghong, a sua filha adolescente, mostra-se mais avessa à mudança de lar, uma vez que se encontra já ambientada na pequena povoação que a acolhe.
Esta é apenas uma das diferenças que molda a difícil relação entre os dois, a par de contraditórias formas de lidar com as ténues, mas cada vez mais presentes, influências da cultura ocidental (determinantes sobretudo entre a população jovem) ou com os demarcados estatutos e papéis do homem e da mulher, assim como da liberdade que é concedida a cada um.
Laowu, operário fabril cansado do pouco auspicioso dia-a-dia em Ghizou, tenciona voltar a Xangai na procura de melhores condições de vida, mas Qinghong, a sua filha adolescente, mostra-se mais avessa à mudança de lar, uma vez que se encontra já ambientada na pequena povoação que a acolhe.
Esta é apenas uma das diferenças que molda a difícil relação entre os dois, a par de contraditórias formas de lidar com as ténues, mas cada vez mais presentes, influências da cultura ocidental (determinantes sobretudo entre a população jovem) ou com os demarcados estatutos e papéis do homem e da mulher, assim como da liberdade que é concedida a cada um.
À semelhança do seu antecessor, "Sonhar com Xangai" é um filme contido, discreto e lacónico, não raras vezes triste e pouco esperançoso, onde mesmo a descoberta do amor não leva a que o cenário se torne mais próspero, impondo antes que as dores e contradições do crescimento sejam mais agudas e evidentes.
Drama sóbrio, enxuto e atmosférico, prova que Xiaoshuai é um realizador atento às complexidades das relações humanas, conseguindo gerar alguns belos momentos à custa de uma minuciosa gestão dos silêncios ou das expressões dos seus actores, que traduzem uma inquietação política e social não verbalizada mas sentida.
Contudo, apesar desta conseguida carga realista, "Sonhar com Xangai" arrisca-se a afundar-se, e a levar o espectador consigo, no seu próprio negrume, enclausurando as personagens nos seus fantasmas e não lhes deixando espaço para respirar, sobretudo na segunda metade do filme.
O ritmo é outro elemento pouco envolvente, incitando a que a narrativa se desenvolva de forma demasiado morosa e arrastada, sendo o seu efeito bem mais soporífero do que intrigante.
Assim, "Sonhar com Xangai" resulta numa obra que, embora mereça ser vista, não chega a ir tão longe como poderia, sendo uma película curiosa mas não especialmente marcante (não se percebe por isso o porquê do Prémio do Júri na edição de Cannes de 2005). Uma boa oportunidade, de qualquer forma, para conhecer o trabalho de um dos nomes cimeiros da nova geração de realizadores chineses.
Drama sóbrio, enxuto e atmosférico, prova que Xiaoshuai é um realizador atento às complexidades das relações humanas, conseguindo gerar alguns belos momentos à custa de uma minuciosa gestão dos silêncios ou das expressões dos seus actores, que traduzem uma inquietação política e social não verbalizada mas sentida.
Contudo, apesar desta conseguida carga realista, "Sonhar com Xangai" arrisca-se a afundar-se, e a levar o espectador consigo, no seu próprio negrume, enclausurando as personagens nos seus fantasmas e não lhes deixando espaço para respirar, sobretudo na segunda metade do filme.
O ritmo é outro elemento pouco envolvente, incitando a que a narrativa se desenvolva de forma demasiado morosa e arrastada, sendo o seu efeito bem mais soporífero do que intrigante.
Assim, "Sonhar com Xangai" resulta numa obra que, embora mereça ser vista, não chega a ir tão longe como poderia, sendo uma película curiosa mas não especialmente marcante (não se percebe por isso o porquê do Prémio do Júri na edição de Cannes de 2005). Uma boa oportunidade, de qualquer forma, para conhecer o trabalho de um dos nomes cimeiros da nova geração de realizadores chineses.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
4 comentários:
Obrigado pela dica, gosto do cinema chinês. Boa semana.
De nada, boa semana e bons filmes ;)
Não gostei muito do filme. Baseia-se demasiado num período histórico que, pura e simplesmente, não tem grande relevância para os dias de hoje. E o filme vai em várias direcções, sem nunca se decidir. Começa como romance, continua como drama familiar, mais um pouco de romance...
E a realização banal/medíocre também não ajudou nada.
Também esperava mais, e concordo que o argumento é demasiado indeciso, mas ainda assim não achei que tivesse sido uma perda de tempo.
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