Como "A Última Hora" (25th Hour), de Spike Lee, ou "Fahrenheit 9/11", de Michael Moore, podem comprovar, os trágicos eventos do 11 de Setembro inspiraram novas perspectivas cinematográficas sobre a América contemporânea. Num período algo tenso e imprevisível, também Wim Wenders proporciona um olhar sobre a nação do Tio Sam com "Terra da Abundância" (Land of Plenty), focando atmosferas onde se movimentam os párias e "outcasts", figuras de um lado pouco visitado e divulgado.
O realizador de "Paris, Texas" ou "Buena Vista Social Club" aborda a relação de Lana (Michelle Williams), uma jovem idealista missionária e Paul (John Diehl), veterano do Vietname assombrado por alguma paranóia. Regressada de uma missão em África e no Médio Oriente, Lana chega a Los Angeles para auxiliar os sem-abrigo e procurar o seu tio. A aproximação dos dois protagonistas evidenciará os contrates entre a busca de esperança ou a espiral descendente gerada pela obsessão e desconfiança exacerbada.
Apesar do retrato que o cineasta alemão oferece ter os seus momentos de relevo, o filme é prejudicado por um ritmo demasiado lento e arrastado, e a partir de certo ponto nada mais há para mostrar do que a repetição de ideias e questões. O que começa como uma obra promissora torna-se num filme desequilibrado, inconstante, excessivamente longo e, por isso, acaba por proporcionar mais doses de monotonia do que de desafio. O argumento, demasiado esquemático, não chega a entusiasmar, e os conflitos dos protagonistas aproximam-se de modelos estereotipados.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL
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