Misto de drama familiar e de filme sobre os bastidores do rock (alternativo), "Clean" foca as conturbadas experiências de Emily (Maggie Cheung), uma cantora de esferas mais marginais que é condenada a seis meses de prisão pela posse de drogas, sendo ainda considerada suspeita pela morte do marido, um músico que morreu de overdose.
Após cumprir a pena, a protagonista tenta recuperar a custódia do filho e refazer a sua vida, estabelecendo uma peculiar ligação com o seu sogro (Nick Nolte), que a auxiliará.
Olivier Assayas apresenta aqui um drama sóbrio e intimista acerca das relações humanas, dos laços familiares, das vicissitudes da fama, da toxicodependência e da procura da redenção, proporcionando um competente estudo de personagens com uma considerável carga realista.
Os maiores trunfos de "Clean" são a dupla protagonista: Maggie Cheung, que dá continuidade às convincentes interpretações já confirmadas em obras como "Herói" ou "2046" (e que recebeu, por este papel, a Palma de Ouro para Melhor Actriz no Festival de Cannes 2004), e Nick Nolte, que já não precisa de provar nada a ninguém e que oferece mais um sólido desempenho.
A personagem de Cheung, contudo, segue por vezes (demasiadas, até) os convencionais traços da "estrela de rock", submersa numa rede de amargura, instabilidade emocional, desolação, individualismo e, claro, drogas, tornando-se pouco entusiasmante. Assayas consegue, ainda assim, evitar um excesso de rodriguinhos fáceis, mantendo quase sempre alguma subtileza no projecto e exibindo alguma desenvoltura (apesar de alguns passos em falso, como a dispensável cena no jardim zoológico).
No geral, "Clean" é um filme curioso e escorreito, embora demasiado linear e pouco surpreendente, proporcionando um retrato interessante de seguir mas longe de arrebatador. A viagem pelos meandros do rock alternativo dirá mais aos fãs do género, e os cameos de Tricky ou David Roback, dos Mazzy Star, ajudam a consolidar o olhar sobre esse micro-universo, assim como a apropriada banda-sonora (que conta com a participação da própria Cheung).
Não sendo um título especialmente marcante, também não desmerece um visionamento, desde que não se espere muito mais do que uma regular mediania...
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
7 comentários:
Olá Gonçalo. Bela crítica. Não leves a mal, mas acho que em Cannes, Palma é só como distinção de melhor filme. Os actores recebem prémio de melhor actor/actriz. Tenho quase a certeza. Isto é um bocado insólito estar-te a corrigir porque percebes bem mais que eu. Abraço[]
Olá gravepisser. Claro que não levo a mal, mas eu tinha lido a informação do prémio no "Público" e aí eles também o designaram como "Palma"...Agora fiquei intrigado LOL
Fica bem
Maggie Cheung só me é conhecida por seus papéis em HERÓI e um outro filme asiático cujo título não me recordo. Duvido muito que jamais verei esse filme, não me soa muito interessante.
Parabéns Gonçalo! Por fazeres a cobertura do Indielisboa. Isso só mostra que tens nível cultural inegável. E com estas coisas avanças cada vez mais e espero um dia ler-te na Premiere ou n1 jornal:)
Gustavo: Não o considero um candidato aos melhores do ano, mas também está longe de ser dos piores. Se fores fã de rock alternativo ou dos actores, talvez o aches interessante...Caso contrário, é mais um para ver em casa :)
gravepisser: Ena, estou a ver que já te informaste acerca das novidades...Obrigado pelo apoio :D
E então, para quando uma crítica tua no cine7 (http://cine7.blogspot.com), caro colega de equipa?
Eu tenho 1ma preparada ha dias mas é do mesmo filme ko Luis Mendonça criticou:(
Daki a 1ns tempos sera posta la. E axo k farei 1 texto semanal sobre 1 realizador. E farei o k puder mais tambem:) Cumps caro colega
Fico à espera da estreia, então :)
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