domingo, abril 23, 2006

DISPOSTA A TUDO

Antes do genérico inicial de “Carreiras”, passa um aviso que indica que o filme integra o Movimento BOAA – Baixo Orçamento e Alto Astral, definindo-se como um objecto fruto de um meio de produção independente e que não receia apresentar um formato singular, não tendo sido gerado em função da lógica de mercado.

Este aspecto poderá ajudar a perceber porque é que a mais recente película do brasileiro Domingos de Oliveira exibe algumas falhas a nível técnico, pois não são poucos os momentos em que se evidencia uma realização algo amadora e a uma fraca qualidade de som.
Não se encontra aqui um trabalho formal especialmente inspirado, uma vez que os baixos custos são visíveis e não permitem grandes sequências de deslumbre estético.

Este aspecto não invalida que “Carreiras” seja uma obra a colocar de lado, pois se formalmente os resultados são apenas modestos, o filme não deixa de se debruçar em temas relevantes.

Oferecendo um incisivo e cáustico olhar sobre os conflitos da vida pessoal e (sobretudo) profissional de uma prestigiada jornalista televisiva de 39 anos substituída no emprego por uma jovem que, apesar da escassa experiência, tem uma imagem mais condizente com os padrões definidos pela empresa, o filme segue a protagonista ao longo de uma noite particularmente agitada.

Insurgindo-se contra o sistema que a acolheu e, posteriormente, recusou, Ana Laura encontra no álcool e na cocaína os aliados para a sua revolta, denunciando, através das múltiplas conversas (essencialmente telefónicas) do serão, a intolerável hipocrisia que infesta os meandros jornalismo, onde o culto do estrelato se sobrepõe à ética.

Concentrando-se na sua protagonista, que se encontra presente em todas as cenas, “Carreiras” só conseguiria despoletar a atenção do espectador caso tivesse uma actriz suficientemente credível, e nesse sentido não desaponta, já que Priscila Rozenbaum proporciona um desempenho que emana as cargas de egoísmo, astúcia, ousadia, amargura e obstinação que tornam Ana Laura numa personagem interessante de seguir, ainda que não gere grande simpatia.

E é essencialmente pela interpretação da actriz principal que a película vale, pois esta compõe uma protagonista vibrante e incansável, eufórica e à beira do colapso, e que adapta os seus valores às circunstâncias, evitando ceder à frustração.

Disparando diálogos (ou antes, monólogos) com tanto de demolidor como de irónico e agindo de forma imprevisível, Rozenbaum carrega o filme nas costas e, se não é capaz de o tornar num título acima da média, pelo menos também nunca deixa que este caia na monotonia.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

4 comentários:

Anónimo disse...

Esse foi o pior texto que eu li sobre filmes. Vc me parece ser mais um idiota que se acha mais importante do que as obras. Carreiras eh um filme que abre caminhos esteticos, sim, sobretudo na forma de fazer o filme. Mas, quantos filmes vc fez para saber o que eh isso????????

Veredito: ESTUPIDO. Alto grau de imbecilidade nas ideias.

gonn1000 disse...

E que caminhos são esses? Se justificasses o que dizes em vez de partires para insultos gratuitos, ajudava.

luciana disse...

A proposta do filme não é abertura de esteticismos, mas é em si um libelo (uma proposta) à possibilidade de se filmar, de se fazer filmes com baixo orçamento no Brasil. Já de cara há um texto de abertura que fala em "democartização do cinema" nacional. Como o Domingos há dezenas de cineastas que não filmam durantes anos por não ter grana. A sua proposta é assumir o digital, o baixo orçamento, reunir forças para continuar sua obra, que, aliás, deveria ter rolos e rolos de película à sua disposição, porque ele é genial. E não desiste.
Veredito: Corajoso e 5 estrelas!

gonn1000 disse...

Tudo bem, também aplaudo a persistência e o esforço de fazer filmes com orçamentos diminutos, mas neste caso o resultado final denuncia fragilidades formais que debilitam o filme. É uma obra interessante, daí a genial ainda falta subir alguns degraus.