sábado, maio 07, 2005

UMA QUESTÃO DE TEMPO

"Infiltrados 3" (Infernal Affairs 3) volta a ser uma atípica continuação da saga, apresentando uma narrativa paralela que segue as peripécias de Ming após os eventos do primeiro filme e aborda também os primeiros tempos de Yan ao serviço de Sam, três anos antes. É talvez o episódio mais desequilibrado, mas também o mais desafiante, tornando-se especialmente curioso nas cenas em que se centra em Ming e na sua procura da redenção.

Contando com uma prestigiada carreira como polícia, o anti-herói tenta refazer a sua vida e compensar os actos criminosos que cometeu, procurando uma conduta digna e exemplar. Contudo, a chegada de um novo colega, Yeung, às forças policiais, faz com que os fantasmas e convulsões internas de Ming se revelem ainda mais, lançando-o para domínios que oscilam entre a paranóia e a esquizofrenia.

Outro dos elementos fortes do filme é a atenção dada à relação entre Yan e a Dra. Lee (Kelly Chen), que já se tinha insinuado na primeira parte da trilogia mas que adquire aqui contornos mais entusiasmantes e emotivos. Mais relevante ainda é a forma como esta personagem feminina se liberta dos clichés que a caracterizavam como um mero interesse amoroso de um os protagonistas, uma vez que o seu papel adquire maior relevância e densidade no desenlace da saga. Uma das cenas de antologia da trilogia é, de resto, aquela em que Lee se depara com Yan e Ming no seu consultório psiquiátrico, num soberbo momento onde as convulsões internas dos protagonistas emergem subitamente.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM