sexta-feira, outubro 14, 2005

MELODIAS DEMASIADO FM

Quando, em 2001, a dupla norueguesa Röyksopp editou o seu primeiro álbum, “Melody A.M.”, não faltou quem os aclamasse como uma das grandes descobertas do ano, elevando esse registo de estreia a um estatuto de quase obra-prima, exageros que já não são estranhos à história da pop.

Apesar de algumas boas canções, como o apelativo single “Eple” ou o envolvente So Easy”, o disco não trazia grandes cargas de novidade, embora apresentasse um promissor mergulho em ambientes electrónicos suficientemente versáteis e sofisticados, algures entre os Air, os Groove Armada, os Gus Gus e os Daft Punk.

Quatro anos depois, “The Understanding” altera consideravelmente os azimutes sonoros da dupla mas, mesmo assim, volta a não convencer por completo, sendo ainda mais irregular do que o seu antecessor.

Aproximando-se de um misto de eurodance/R&B e não tanto das texturas downtempo que criaram no disco anterior, os Röyksopp oferecem aqui um conjunto de canções nem sempre entusiasmantes, pois o experimentalismo moderado e os episódios de pop plastificada não se conjugam, tornando “The Understanding” num álbum indeciso e desigual, mas ainda assim interessante.

Demasiado heterogéneo, o disco assemelha-se mais a uma compilação de vários artistas do que propriamente a um trabalho de um só projecto, o que não seria necessariamente negativo se o nível qualitativo fosse sempre satisfatório.
Contudo, “The Understanding” tanto contém aliciantes momentos soturnos como “Sombre Detune” como canções formatadas, impessoais e pouco criativas, das quais o segundo single “49 Percent” é bem representativo.

Torbjørn Brundtland e Svein Berge não geram aqui um mau disco – assim como também não criaram um excelente com “Melody A.M.” -, mas ora repetem o que já fizeram (“Follow My Ruin” e “Beautiful Day Without You” são derivados pouco cativantes de “Poor Leno”), ora se baseiam em traços de outros nomes (“Triumphant” e “Tristesse Globale” quase poderiam ser composições de Yann Tiersen, “Someone Like Me” encosta-se aos Air), e só pontualmente surpreendem (“What Else is There” e até mesmo o single “Only This Moment” sobrepõem-se à mediania da maior parte dos restantes temas).

Não sendo desagradável, o regresso dos Röyksopp também não tem elementos que justifiquem elevar o duo acima do patamar da mera competência (pontuada por alguma inventividade a espaços), que lhes permite proporcionar um álbum aceitável mas longe de constar entre o que de melhor se fez em 2005.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

13 comentários:

Spaceboy disse...

Os instrumentais ainda se conseguem ouvir bem, agora grande parte dos restantes temas é perfeitamente dispensável...

Anónimo disse...

Concordo com a nota atribuída. Não é realmente o melhor albúm deles :|...

Abraços!

gonn1000 disse...

Spaceboy: Pois, aquelas vozes de travo europop não convencem...

SOLO: Também não esperava muito, por isso...

mr pavement disse...

considero um registo dispensável.

prefiro as sonoridades mais despojadas de ornamentação da real dupla da conveniência norueguesa.

cumprimentos.

playlist disse...

fraquinho:)!

gonn1000 disse...

FDV: Eu nem por isso, só se for o álbum de remisturas.

playlist: Yup...

Anónimo disse...

conheço apenas algumas músicas e devo confessar q ñ sou uma grande admiradora... demasiado tranquilo o q ouvi... :|

Anónimo disse...

...e eu que gosto particularmente da capa , sniff!! ainda não ouvi mas cada vez mais pessoal diz que o album foi uma desilusão !!! é realmente uma pena!

gonn1000 disse...

Lost in Space: O problema não é a tranquilidade, é mesmo a monotonia e a falta de risco.

membio: Sim, a capa é boa, o disco bem por isso...

Anónimo disse...

De acordo. Mas eu tinha dado 3 em vez de 2,5. Nem acho que o pior seja a dispersão dos temas, acho que o pior é a evidente tentativa de agradar a gregos e a troianos (Detesto esta expressão, mas paciência.) que gera aberrações como "49 PerCent" ou "Beautiful Day Without You". A maioria dos outros temas resulta bem como objecto isolado, mas enquanto álbum, The Understanding resulta, realmente, em algo inconsistente. Ah... também acho a capa muito boa. Muito mesmo.

gonn1000 disse...

Sim, talvez mereça o 3/5, até porque ainda há algumas canções que continuo a ouvir, mas não é um álbum que ouça do princípio ao fim.

Anónimo disse...

simplesmente amo o royksopp (a capa do cd eh linda) eu gosto muito de muitas das musicas do album porem sou suspeita por ser uma fã...contudo tenho q concordar q o album por um todo nao eh um dos melhores, talvez um tanto apelativo...pena...devo discordar no entanto com a nota 2/5!!!!! acima d cinco por favor!!!

abracos

gonn1000 disse...

Acima de cinco? Mas então ultrapassa a cotação máxima...