País de origem de alguns dos filmes mais premiados dos últimos anos - "Central do Brasil" de Walter Salles ou "Cidade de Deus" de Fernando Meirelles são talvez os dois exemplos mais emblemáticos - o Brasil tem verificado um rejuvenescimento do seu cinema, gerando obras reconhecidas internacionalmente.
Um dos títulos made in Brazil alvo de distinção recente é "O Homem que Copiava", que chega a salas nacionais depois de ser premiado no Cinequest Film Festival 2004 (San Jose, Califórnia), no Festival do Novo Cinema Latino-Americano 2003 (Havana, Cuba) e no Festival Internacional de Kerala 2003 (Kerala, India).
O filme foca as experiências de André, um jovem dos subúrbios que leva uma vida rotineira, pouco surpreendente e que não promete um futuro muito auspicioso. O jovem trabalha como operador de fotocopiadora e tem como principais passatempos desenhar, ler e observar atentamente os que o rodeiam, particularmente Sílvia, uma vizinha por quem se apaixona e tenta conquistar. Na tentativa de conseguir a atenção e respeito de Sílvia, André irá elaborar planos não muito correctos de modo a ganhar dinheiro rapidamente, e entre a sua principal ideia encontra-se a falsificação de notas.
O cineasta Jorge Furtado origina um curioso estudo de personagens numa refrescante película que mescla as doses certas de drama, humor, romance, acção e suspense, fazendo de "O Homem que Copiava" uma obra lúdica, criativa e acessível. O estilo de realização oscila entre o realismo cru e directo e divertidas cenas de animação, retratando o universo interior de André, dividido entre a imaginação delirante e as manobras de voyeurismo e observação atenta dos que o rodeiam.
O filme oferece uma interessante perspectiva sobre os jovens urbanos da classe média-baixa da sociedade brasileira contemporânea, marcados por algum desencanto e muita ambição. Para além de André e Sílvia, destacam-se ainda Cardoso e Marinês, a hilariante dupla de coadjuvantes que se associa ao par protagonista e gera os momentos mais bem-dispostos da história.
Reunindo uma montagem dinâmica e eficaz, boa fotografia, um argumento bem estruturado, personagens cativantes e excelentes interpretações, "O Homem que Copiava" inclui os ingredientes certos para gerar um filme que alia entretenimento inteligente a algum experimentalismo. Pena a cansativa e excessivamente descritiva narração em voz off e o abrupto desenlace, que acabam por prejudicar um pouco o ritmo da acção. Nada que impeça, no entanto, de acrescentar "O Homem que Copiava" às boas memórias cinematográficas de 2004.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
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