quarta-feira, outubro 26, 2005

SANGUE NOVO (E NEGRO)

Apresentando um dos promissores álbuns de estreia de 2005, os Editors são um quarteto britânico de Birmingham que, à semelhança de outras bandas recentes, utiliza como matriz da sua sonoridade traços herdados de referências new wave/pós-punk, devendo muito a nomes como os Joy Division ou os Echo & the Bunnymen.

“The Back Room” expõe inequívocas aproximações a esses influentes grupos, embora as canções do disco não sejam por isso datadas ou derivativas, uma vez que os Editors evitam o decalque e geram um conjunto de onze composições suficientemente genuínas e pessoais.

Contendo nebulosas atmosferas marcadas por alguma negritude e amargura, o disco é uma sólida proposta de indie rock intenso e envolvente, que apesar de pontuais tonalidades nostálgicas se aproxima também de domínios semelhantes aos dos Bloc Party e, sobretudo, dos Interpol, com os quais a banda é muitas vezes comparada (analogia que faz sentido, dada a proximidade das vozes e dos ambientes, ainda que os Editors sejam mais do que um sucedâneo dos nova-iorquinos que fizeram “Antics”).

Eficaz em momentos de descarga como o irresistível single “Bullets”, o igualmente frenético e dançável “Blood” ou o muito catchy “Munich” (mais um óbvio e belo single), o quarteto revela-se igualmente coeso em episódios mais apaziguados e lentos, casos de “Fall” ou “Camera” (este um dos melhores temas do álbum, cujos ambientes não andam longe da vertente mais gótica de uns Smashing Pumpkins), originando uma das boas surpresas do ano, capaz de disseminar uma inebriante carga soturna e outonal que, por detrás das brumas, consegue oferecer pontuais estilhaços de esperança e optimismo.

“The Back Room” ainda não é o grande disco que os Editors sugerem ser capazes de criar, mas as suas canções simultaneamente densas e apelativas, que assentam numa escrita e voz com personalidade e entrega, tornam-no num cartão de visita mais do que satisfatório. Um bom começo e um projecto a seguir e ouvir.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

13 comentários:

Anónimo disse...

Vamos lá ver. Confesso, que já piquei um tema ou outro,e a impressão imediata, com que fiquei foi a de uma fotocópia gasta dos Interpol. Mas não há nada como ouvir com mais atenção o album todo. Obrigado pela critica.

gonn1000 disse...

Têm semelhanças, é certo, e ao início podem parecer inultrapassáveis, mas fui ouvindo o disco várias vezes e os Editors acabaram por me convencer.
Obrigado pelo comentário :)

Anónimo disse...

escutei uma faixa deles na www.woxy.com, baixei o disco, mas nao chamou muito a atencao

gonn1000 disse...

Experimenta ouvir mais algumas vezes, pode ser que te habitues a ele...

playlist disse...

um bom disco!gosto bastante..

Flávio disse...

Este Gonn escreve sobre tudo e sempre lindamente: música, cinema, livros... Qualquer dia, ainda o veremos a escrever sobre o cultivo de beterrabas no Vietname ou a importância dos coros trágicos no século V a.C.... e bem!

O Puto disse...

Acho um bom disco, apesar de daqui a uns anos talvez possa parecer datado. Não acho que as comparações com os Smashing Pumpkins façam qualquer sentido.

Joana C. disse...

é um bom primeiro álbum com algumas músicas bastante cativantes. é inevitável comprará-los aos Interpol pois são de facto idênticos.

gonn1000 disse...

playlist: Gosto bastante de alguns momentos.

Flávio: Cultivo de beterrabas? Boa sugestão, parece um tema apaixonante... e obrigado :)

O Puto: Na parte instrumental de "Camera" lembro-me de algumas atmosferas deles e dos Placebo, but hey, that´s just me...

Eur3ka: Há algumas canções parecidas, mas não creio que os Editors sejam muito derivativos.

Spaceboy disse...

Têm piada, mas os Interpol são mil vezes melhores. Na minha opinião é claro.

gonn1000 disse...

Também gosto mais dos Interpol, mas os Editors não deixam de ser uma banda promissora.

Unknown disse...

Hey Gonn, gosto muito dos Editors. Acho este CD fabuloso e bem interessante. Se calhar estou a iludir-me pela influência dos Interpol. Anyway, acho uma lufada de ar fresco bem porreira :)

Hugzz

gonn1000 disse...

Sim, são uma das boas surpresas discográficas do ano. Esperemos que continuem interessantes no futuro...