Da América do Sul têm chegado, algumas das melhores e mais refrescantes surpresas cinematográficas dos últimos anos, revelando autores promissores do México (Alejandro González Iñárritu, Alfonso Cuarón), Brasil (Fernando Meirelles, Walter Salles) ou Argentina (Lucrecia Martel, Albertina Carri).
A julgar por “Play”, a chilena Alicia Scherson é mais um nome a juntar-se a essa crescente lista de novos realizadores a seguir, uma vez que a sua primeira longa-metragem expõe já convincentes provas de talento e personalidade.
Combinando drama e comédia, o filme é um sólido estudo de personagens que oscila entre o realismo e a fábula pois alterna cenas do quotidiano urbano de Santiago do Chile com pontuais momentos oníricos, onde a imaginação dos protagonistas é um aprazível ponto de fuga para as suas peripécias prosaicas e banais.
A julgar por “Play”, a chilena Alicia Scherson é mais um nome a juntar-se a essa crescente lista de novos realizadores a seguir, uma vez que a sua primeira longa-metragem expõe já convincentes provas de talento e personalidade.
Combinando drama e comédia, o filme é um sólido estudo de personagens que oscila entre o realismo e a fábula pois alterna cenas do quotidiano urbano de Santiago do Chile com pontuais momentos oníricos, onde a imaginação dos protagonistas é um aprazível ponto de fuga para as suas peripécias prosaicas e banais.
Cristina, uma recatada e solitária jovem enfermeira do interior, adapta-se à vida da cidade enquanto trata de um velho húngaro doente, tendo como únicos momentos lúdicos aqueles em que passeia pelo seu bairro ou joga “Street Fighter” no salão de jogos da zona.
Tristán é um arquitecto que não se sente motivado pelo trabalho nem pelo casamento, abandonando ambos e regressando à casa da mãe depois de ser vítima de um assalto onde perde os documentos, o isqueiro, cigarros, fotografias e o IPod.
Contudo, quando Cristina encontra a mala que contém estes objectos, sente um entusiasmo e uma curiosidade que a encorajam a seguir e tentar conhecer o seu dono na esperança de que o seu dia-a-dia se torne menos solitário e rotineiro.
Leve e escorreito, mas não desprovido de substância, “Play” é um olhar agridoce sobre as relações humanas, seguindo o percurso de dois losers que, aos poucos, vão reconstruindo em paralelo as suas vidas, influenciando-se mutuamente sem no entanto chegarem a ter contacto directo (pelo menos até certo ponto).
Scherson apresenta uma obra modesta, mas pontuada por ocasionais singularidades, caso do interessante recurso ao som (a música não tem aqui apenas um papel decorativo) ou dos jogos temporais da narrativa, oferecendo um trabalho formal inventivo e despretensioso.
A direcção de actores é igualmente segura, uma vez que tanto os protagonistas como os secundários são espontâneos e verosímeis, em particular o par central, capaz de dizer muito com as suas expressões e olhares.
Mesmo não atingindo o brilhantismo, “Play” é uma película agradável e inventiva, seduzindo pela elegância com que apresenta uma história simples - ainda que a espaços vincada por uma excentricidade controlada – e personagens tridimensionais, daquelas que poderiam encontrar-se a passar na rua à saída da sessão, e talvez, quem sabe, a seguir discretamente o espectador.
Tristán é um arquitecto que não se sente motivado pelo trabalho nem pelo casamento, abandonando ambos e regressando à casa da mãe depois de ser vítima de um assalto onde perde os documentos, o isqueiro, cigarros, fotografias e o IPod.
Contudo, quando Cristina encontra a mala que contém estes objectos, sente um entusiasmo e uma curiosidade que a encorajam a seguir e tentar conhecer o seu dono na esperança de que o seu dia-a-dia se torne menos solitário e rotineiro.
Leve e escorreito, mas não desprovido de substância, “Play” é um olhar agridoce sobre as relações humanas, seguindo o percurso de dois losers que, aos poucos, vão reconstruindo em paralelo as suas vidas, influenciando-se mutuamente sem no entanto chegarem a ter contacto directo (pelo menos até certo ponto).
Scherson apresenta uma obra modesta, mas pontuada por ocasionais singularidades, caso do interessante recurso ao som (a música não tem aqui apenas um papel decorativo) ou dos jogos temporais da narrativa, oferecendo um trabalho formal inventivo e despretensioso.
A direcção de actores é igualmente segura, uma vez que tanto os protagonistas como os secundários são espontâneos e verosímeis, em particular o par central, capaz de dizer muito com as suas expressões e olhares.
Mesmo não atingindo o brilhantismo, “Play” é uma película agradável e inventiva, seduzindo pela elegância com que apresenta uma história simples - ainda que a espaços vincada por uma excentricidade controlada – e personagens tridimensionais, daquelas que poderiam encontrar-se a passar na rua à saída da sessão, e talvez, quem sabe, a seguir discretamente o espectador.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
5 comentários:
Olá Gonn! Coincidência engraçada, tendo eu perdido este filme por esgotação de sala durante a competição, consegui vê-lo dado ter sido vencedor. Confesso que o achei algo entediante, que me deixou uma sensação de vazio interior e que a certa altura, quando ela vasculha os pertences do Tristán na mala, me veio à cabeça o Amélie Poulain. Não o achei nada de especial. Mas pronto, isto é a opinião duma leiga na área... :)
Também o vi nessa altura, mas dessa vez não te encontrei por lá (fui à muito concorrida sessão das 21h30m).
Sim, concordo que faz lembrar o Amélie, mas esse é que eu achei um bocado entediante lol. "Play" até foi dos que gostei mais do Indie deste ano, embora não ache que seja um filme muito acima da média (tive foi azar com a maioria das restantes escolhas).
lol
Eu fui à das 23.45h, para dar tempo para jantar com a famelga, dado que saí às 19 e tal do filme do Edgar Pêra sobre o Carlos Paredes.
Viste esse?? Eu achei muito interessante, de facto!!!
Não vi, porque como era ante-estreia dei prioridade a outros, mas só ouvi dizer bem ele. Aliás, estreia já amanhã :)
É uma boa surpresa, fico a aguardar futuros trabalhos de Alicia Scherson, não começou mal...
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