domingo, janeiro 29, 2006

A HISTÓRIA ESQUECIDA

À partida, um filme sobre a operação de resgate de mais de 500 soldados americanos aprisionados num campo de concentração japonês, em Cabanatuan, nas Fipinas, durante o final da II Guerra Mundial, poderia fazer de “O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” (The Great Raid) mais um concentrado de nacionalismo exacerbado e com enjoativas doses de maniqueísmo, elementos que vitimam alguns filmes de guerra made in USA (o exemplo mais gritante dos últimos tempos talvez seja o incontornável “Pearl Harbour”, de Michael Bay).

É com agrado que se verifica, no entanto, que a mais recente película de John Dahl não segue um caminho assim tão óbvio e simplista, pois embora seja uma homenagem aos soldados americanos que viveram esta missão – tanto os da 6ª Armada como os que foram por estes libertados – nunca cai em golpes dramáticos ou ideológicos fáceis nem tenta ilibar responsabilidades aos EUA, proporcionando um retrato sério que não tenta manipular o espectador.
Há algumas limitações no desenvolvimento das personagens japonesas, mais caricaturais do que as norte-americanas, mas esse ponto fraco acaba por não debilitar muito o filme, uma vez que a perspectiva em que Dahl se centra é a dos “soldados fantasma” (assim denominados uma vez que esta operação, apesar de verídica, é desconhecida por muitos).

“O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” segue os acontecimentos de três experiências distintas: a do Tenente Mucci (Benjamin Bratt) e do Capitão Prince (James Franco), que lideram a missão de salvamento; a do Major Gibson (Joseph Fiennes) e dos outros prisioneiros; e a da amante deste, Margaret Utinsky (Connie Nielsen), uma enfermeira norte-americana que, juntamente com alguns aliados da resistência filipina, fornece medicamentos aos soldados em cativeiro.

Dahl compensa em consistência aquilo que não oferece em originalidade, apresentando uma obra escorreita e segura, protagonizada por um elenco que, não sendo excepcional, é suficientemente sólido e empenhado e consegue fazer com que as personagens ganhem alma.
Particularmente interessante é a relação amorosa do par Fiennes/Nielsen, misto de distância e obstinação, assente num romantismo “à moda antiga” e cujo rumo permanece uma incógnita até ao final.

Embora ultrapasse as duas horas de duração, “O Resgate dos ‘Soldados Fantasma’” raramente aposta em cenas dispensáveis e coordena com eficácia as três linhas narrativas que acabam por se interligar num explosivo desenlace carregado de suspense e adrenalina (contrastando com a maioria dos momentos anteriores, mais sóbrios e pausados).

John Dahl não acrescenta muito ao género – como também não acrescentava à série B on the road no anterior “Não Brinques com Estranhos”, um dos melhores filmes de terror dos últimos anos - mas gera uma película honesta e pertinente, que cumpre com distinção aquilo a que se propõe e que mesmo marcada por algum academismo resulta numa obra entusiasmante e acima da média.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

6 comentários:

Anónimo disse...

Este foi mesmo um daqueles totalmente ignorados mas que até foram elogiados.

Eu bem disse filme de guerra em tempo de Natal já não resulta bem. Agora um, do qual não existe campanha de marketing ainda menos...

Aí estes distribuidores andam a dormir

gonn1000 disse...

Pois, e é pena, mas sem nomes sonantes no elenco nem pirotecnia excessiva também não seria fácil chamar a atenção do grande público. Mesmo assim nem sei como chegou a estrear cá...

Anónimo disse...

Desta vez estamos de acordo. É um filme que não acrescenta nada de novo, mas que até se vê bem. Nem é bem um filme de guerra, mas sim uma homenagem aos homens que fizeram o resgate :).

Abraço

gonn1000 disse...

Não é brilhante, mas pelo menos também não segue a via fácil do choradinho, que poderia ter sido o caso nas mãos de outros realizadores. Não dei o tempo por perdido.

Anónimo disse...

Yup, também partilho dessa opinião :).

Cumps.

Anónimo disse...

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