Pobre Milla Jovovich. É esta a ideia que fica depois de visto ".45", o mais recente filme que protagoniza, e que prova que ainda não é desta que a modelo tornada actriz consegue um papel que a confirme como uma certeza da sétima arte.
É certo que o seu currículo inclui a participação em obras de Richard Linklater, Spike Lee ou Wim Wenders, embora nos últimos anos as suas escolhas tenham incidido em títulos pouco aliciantes como "Resident Evil" ou "Ultravioleta", que lhe oferecem pouco espaço para demonstrar o seu talento interpretativo.
".45", estreia na realização do norte-americano Gary Lennon, poderia ser um ponto de viragem na sua carreira, já que lhe pede que faça mais do que contracenar com explosões e efeitos especiais, sendo um drama urbano com potencial, mas é pena que arranque mal e nunca consiga melhorar.
É certo que o seu currículo inclui a participação em obras de Richard Linklater, Spike Lee ou Wim Wenders, embora nos últimos anos as suas escolhas tenham incidido em títulos pouco aliciantes como "Resident Evil" ou "Ultravioleta", que lhe oferecem pouco espaço para demonstrar o seu talento interpretativo.
".45", estreia na realização do norte-americano Gary Lennon, poderia ser um ponto de viragem na sua carreira, já que lhe pede que faça mais do que contracenar com explosões e efeitos especiais, sendo um drama urbano com potencial, mas é pena que arranque mal e nunca consiga melhorar.
Jovovich encarna Kat, a atraente e carismática namorada de um respeitado traficante de droga, Big Al, e tudo lhes corre bem até ao momento em que as constantes crises de ciúmes ameaçam dinamitar a relação. Juntando desconfianças sobre a infidelidade da sua companheira e muito álcool, Big Al adopta um comportamento cada vez mais agressivo, passando do insulto verbal à violência física, e deixa Kat numa encruzilhada sobre o seu futuro.
".45" começa com um misto de irreverência e tentativa de provocação, apresentando personagens feias, porcas e más, ainda que supostamente cool, que disparam diálogos carregados de palavras pouco simpáticas. Nada contra, afinal nem todos os filmes têm que focar gente adorável, o problema é que não é Tarantino nem Scorsese quem quer, e Gary Lennon não constrói mais do que personagens caricaturais, sem a espessura emocional que as torne interessantes.
".45" começa com um misto de irreverência e tentativa de provocação, apresentando personagens feias, porcas e más, ainda que supostamente cool, que disparam diálogos carregados de palavras pouco simpáticas. Nada contra, afinal nem todos os filmes têm que focar gente adorável, o problema é que não é Tarantino nem Scorsese quem quer, e Gary Lennon não constrói mais do que personagens caricaturais, sem a espessura emocional que as torne interessantes.
Isto até poderia funcionar se o argumento do filme fosse minimamente criativo e surpreendente, e se por vezes até acaba por sê-lo, é só pelos piores motivos. A protagonista passa de mulher de armas a menina desprotegida, vítima das circunstâncias, e ".45" aproveita a oportunidade para se transformar num panfleto contra a violência doméstica, apelando a que as mulheres não hesitem na denúncia dos horrores que sofrem em privado.
O propósito poderá ser nobre, já o modo como é trabalhado não vai além dos vícios de telefilme "caso-da-vida", e nem as cenas de nudez (algo desnecessárias) nem o misto de ficção e reportagem (através dos depoimentos das personagens de frente para a câmara) fazem com que o produto final seja mais arrojado.
Filme de auto-ajuda disfarçado de retrato realista, cruel e visceral do quotidiano em bairros "perigosos" de Nova Iorque, ".45" até acaba por trair as suas boas intenções quando a protagonista adopta atitutes não muito menos condenáveis do que as do namorado. Pelo menos a "mensagem" que Lennon passa é a de que na vida vale tudo, desde que feito em nome da emancipação feminina, num testemunho de girl power que até faria corar de vergonha as Spice Girls.
O propósito poderá ser nobre, já o modo como é trabalhado não vai além dos vícios de telefilme "caso-da-vida", e nem as cenas de nudez (algo desnecessárias) nem o misto de ficção e reportagem (através dos depoimentos das personagens de frente para a câmara) fazem com que o produto final seja mais arrojado.
Filme de auto-ajuda disfarçado de retrato realista, cruel e visceral do quotidiano em bairros "perigosos" de Nova Iorque, ".45" até acaba por trair as suas boas intenções quando a protagonista adopta atitutes não muito menos condenáveis do que as do namorado. Pelo menos a "mensagem" que Lennon passa é a de que na vida vale tudo, desde que feito em nome da emancipação feminina, num testemunho de girl power que até faria corar de vergonha as Spice Girls.
Na recta final do filme há ainda espaço para o twist mais previsível do ano - mal preparado, mesmo, e revelado numa cena anterior -, resultado de um conjunto de sequências inverosímeis que infelizmente pretendem ser levadas a sério.
No meio disto os actores pouco podem fazer, e se Angus MacFadyen é um Big Al canastrão, Stephen Dorff e Sarah Strange ainda são capazes de injectar alguma consistência às suas personagens, mais do que a que ".45" merece. Milla Jovovich também se esforça, e chega a gritar muito em cenas "chocantes" que, contudo, se habilitam a causar pouco impacto já que a sua personagem insiste em não gerar empatia. Como este pouco auspicioso filme, de resto.
No meio disto os actores pouco podem fazer, e se Angus MacFadyen é um Big Al canastrão, Stephen Dorff e Sarah Strange ainda são capazes de injectar alguma consistência às suas personagens, mais do que a que ".45" merece. Milla Jovovich também se esforça, e chega a gritar muito em cenas "chocantes" que, contudo, se habilitam a causar pouco impacto já que a sua personagem insiste em não gerar empatia. Como este pouco auspicioso filme, de resto.
E O VEREDICTO É: 1/5 - DISPENSÁVEL
6 comentários:
Ok... eu até queria ver este filme!
Podes ver na mesma, eu não gostei mas haverá opiniões diferentes :)
E eu que até acho que ela tem talento... Pena é fazer filmes muito maus. É mesmo caso para dizer "Pobre Milla".
Eu também acho que tem talento, infelizmente para a escolha de filmes é que não tem mesmo muito jeitinho.
Acho-a boa actriz, pelo menos do que vi no Jeanne D'arc. Não vi este filme, mas guardo a sugestão.
Nesse acho que ela se esforçou, mas também não gostei do filme. Se calhar é embirração minha...
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