segunda-feira, abril 24, 2006

UMA HISTÓRIA DE INDEPENDÊNCIA

Apesar dos norte-americanos Flaming Lips serem, hoje em dia, um das maiores referências do rock alternativo actual, a banda teve que passar por um exigente e conturbado processo para atingir esse estatuto, através de um percurso evidenciado em "The Fearless Freaks", documentário de Bradley Beesley.

Desde os primeiros dias, em inícios da década de 80, em que o grupo tentava seguir os passos dos The Who com consideráveis doses de ruído e uma duvidosa atitude experimental, até às composições mais polidas e depuradas dos recentes "The Soft Bulletin" ou "Yoshimi Battles the Pink Robot", os Flaming Lips passaram por mutações tanto a nível de sonoridade como de formação, documentados num filme que recorre a imagens de concertos, videoclips e, principalmente, a declarações dos músicos, familiares e amigos.

Encarados por muitos dos seus conterrâneos como weirdos durante a adolescência, devido à imagem e som pouco comuns no Oklahoma de princípios de 80, os membros do grupo sempre adoptaram uma postura vincada pela irreverência e ousadia, como as imagens dos primeiros concertos (literalmente incendiários) podem atestar.

"The Fearless Freaks" mostra que essa personalidade, apesar de mais contida, ainda se manifesta hoje, seja pela peculiar cabeça ensanguentada que o vocalista Wayne Coyne exibe regularmente nos espectáculos ou pelo bizarro filme de ficção científica que prepara há anos nas traseiras da sua casa.

Bradley Beesley apresenta um trabalho escorreito, permitindo conhecer parte do quotidiano dos elementos da banda, centrando-se sobretudo no vocalista, que irradia um contangiante sentido de humor e gera alguns episódios divertidos e inusitados (como a cena da descrição de um assalto).

O momento mais marcante do filme, nos antípodas destes, é, contudo, o que aborda o baterista Steven Drozd, onde este revela ao espectador a sua relação com as drogas de uma forma crua e inquietante.

Embora seja uma obra que se segue com interesse q.b. e possua boas sequências, "The Fearless Freaks" não vai muito além de um nível regular, não contendo grandes inovações dentro deste tipo de documentários. Para os fãs da banda será, ainda assim, um título a ver sem reservas, já para os restantes provavelmente não passará de um objecto simpático, mas mais ou menos indiferente.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

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