sexta-feira, fevereiro 11, 2005

AO RITMO DA BRITPOP

Uma das boas estreias de finais dos anos 90, "One Love", dos britânicos Delakota, é um daqueles discos que, apesar de algo ignorado, consegue resistir à passagem do tempo através de uma eficaz indie pop dançável.

Embora tenham editado apenas um disco e, por isso, não tenham tido uma carreira duradoura que os permitisse entrar na linha da frente da britpop de finais dos anos 90, os Delakota assinaram, em 1998, um promissor álbum de estreia que, mesmo recheado de evidentes influências, não deixa de ser um apelativo conjunto de boas canções.

Praticante de uma pop alternativa com temperos dançáveis herdados da cena de Madchester, o grupo proporciona um cardápio de temas melódicos e acessíveis vincados por pontuais episódios de considerável experimentalismo.

O single e faixa de abertura do disco, "C'Mon Cincinnati", é um dos momentos mais fortes, exibindo sonoridades contagiantes que se propagam ainda por "I Though I Caught" ou "555", outros exemplos de uma sólida combinação de rock e electrónica.
"On the Trail" apresenta uma britpop não muito distante dos Oasis (inspirados), "Too Tough" envereda por domínios noise pouco convencionais, o efusivo "Brothers" aposta em cenários de maior visceralidade "a la" Jon Spencer Blues Explosion e "The Rock" é um elíptico ponto de refúgio mellow e acolhedor.
"One Love" é, portanto, um álbum relativamente versátil e heterogéneo, mantendo-se quase sempre entusiasmante em todas as vertentes ("Hook Line & Sinker" e "End of the Line", no entanto, sofrem de uma composição menos inventiva e algo previsível).

Não há por aqui nada de muito original, pelo menos para quem já conhece os Stone Roses, Charlatans, Primal Scream, Happy Mondays, Inspiral Carpets ou outros nomes emblemáticos de domínios shoegazer/britpop, mas os Delakota conseguem gerar um resultado agradável e refrescante q.b. através de canções com identidade própria.

Consistente e bem produzido, "One Love" é um feliz caso de indie pop aliciante e suficientemente absorvente, ficando como um dos "discos perdidos" - e recomendáveis - do final da década de 90.
Não é um álbum fascinante, mas é capaz de seduzir continuamente ao longo de múltiplas audições.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

2 comentários:

O Puto disse...

As coisas que tu te lembras! E ainda bem.
Tenho 2 singles excelentes dos Delakota, mas, não sei porquê, nunca adquiri o álbum. Fico à espera. ;)
Mas realmente fazem lembrar um pouco a onda Madchester/Primal Scream, mas não tenho nada contra.

gonn1000 disse...

Pois é, este é mesmo um "disco perdido". Por acaso comprei-o em promoção na Valentim de Carvalho a 1000 paus, há uns anos, e não me arrependi...Já tem uns anitos, mas ouve-se bem.