2005 não foi um ano muito feliz para o cinema de animação, marcado pela mediania de obras desapontantes como “Madagáscar” ou “O Castelo Andante”, por exemplo, e nem mesmo Tim Burton, cineasta frequentemente inventivo, foi capaz de inverter essa tendência, como “A Noiva Cadáver” (Corpse Bride) evidencia.
Se o realizador proporcionou, com “Charlie e a Fábrica de Chocolate”, uma das suas melhores obras em muitos anos, o seu projecto sucessor não se revela tão estimulante, pois embora até apresente pontuais boas ideias estas são mal aproveitadas e nunca originam um golpe de asa assinalável.
Inspirado numa lenda russa, o filme é uma fábula – de contornos góticos, como não poderia deixar de ser – que foca a relação entre o universo dos vivos e o dos mortos, seguindo as atribulações de um jovem tímido, Victor, que devido a um acordo entre os seus pais e um casal nobre é praticamente obrigado a casar com a filha destes últimos, Victoria. Todavia, uma sequência de episódios conturbados leva a que o protagonista faça com que uma jovem noiva ressuscite, estabelecendo com ela uma peculiar relação que coloca em causa os planos para o seu matrimónio.
Se o realizador proporcionou, com “Charlie e a Fábrica de Chocolate”, uma das suas melhores obras em muitos anos, o seu projecto sucessor não se revela tão estimulante, pois embora até apresente pontuais boas ideias estas são mal aproveitadas e nunca originam um golpe de asa assinalável.
Inspirado numa lenda russa, o filme é uma fábula – de contornos góticos, como não poderia deixar de ser – que foca a relação entre o universo dos vivos e o dos mortos, seguindo as atribulações de um jovem tímido, Victor, que devido a um acordo entre os seus pais e um casal nobre é praticamente obrigado a casar com a filha destes últimos, Victoria. Todavia, uma sequência de episódios conturbados leva a que o protagonista faça com que uma jovem noiva ressuscite, estabelecendo com ela uma peculiar relação que coloca em causa os planos para o seu matrimónio.
Experiência em domínios da animação stop-motion – já trabalhados por Burton em “O Estranho Mundo de Jack” -, “A Noiva Cadáver” é quase um catálogo de muitos dos traços que marcam a maior parte da filmografia do cineasta, contendo protagonistas relutantes e incompreendidos, algumas doses de humor negro, um gosto singular pela bizarria e excentricidade, uma cuidada vertente visual, uma banda-sonora delirante e um olhar sobre as relações amorosas e familiares, tudo contaminado por equilibradas cargas de irreverência, negrume, fantástico e romantismo.
O problema é que a combinação de todos estes elementos, que em algumas películas anteriores resultou bem, surge aqui numa versão demasiado pasteurizada, como se Burton se limitasse a recorrer a um template já por demais utilizado, não se preocupando em acrescentar nada de único ao filme.
“A Noiva Cadáver” assemelha-se assim a uma refeição que, apesar de bons ingredientes, utiliza uma receita que apenas oferece mais do mesmo, tornando-se num desagradável prato requentado.
As personagens também não ajudam (mesmo com boas vozes), já que Victor é estereotipado e desinteressante, sem qualquer carisma ou força de vontade, Victoria limita-se a ser doce, e os secundários não têm qualquer alma, sobretudo os pais do casal, banalíssimas caricaturas que reaproveitam estafados clichés. A Noiva Cadáver é a única que tem alguma vibração emocional, mas não consegue compensar o simplismo das restantes.
O argumento é igualmente pobre, enveredando por uma linearidade e esquematismo nada surpreendentes, e apenas a componente estética do filme gera momentos de algum fulgor, que ainda assim só a espaços se eleva acima da competência (e de Burton seria legítimo esperar mais).
Cansativo, apesar de curto (76 minutos), “A Noiva Cadáver” é uma desilusão, com personagens que não passam mesmo de bonecos (bem conseguidos visualmente, mas sem espessura dramática), incapaz de funcionar como entretenimento (o humor é escasso e geralmente pouco exigente) e muito menos enquanto fonte de reflexão. Não chega a ser um cadáver, mas é bastante mortiço.
O problema é que a combinação de todos estes elementos, que em algumas películas anteriores resultou bem, surge aqui numa versão demasiado pasteurizada, como se Burton se limitasse a recorrer a um template já por demais utilizado, não se preocupando em acrescentar nada de único ao filme.
“A Noiva Cadáver” assemelha-se assim a uma refeição que, apesar de bons ingredientes, utiliza uma receita que apenas oferece mais do mesmo, tornando-se num desagradável prato requentado.
As personagens também não ajudam (mesmo com boas vozes), já que Victor é estereotipado e desinteressante, sem qualquer carisma ou força de vontade, Victoria limita-se a ser doce, e os secundários não têm qualquer alma, sobretudo os pais do casal, banalíssimas caricaturas que reaproveitam estafados clichés. A Noiva Cadáver é a única que tem alguma vibração emocional, mas não consegue compensar o simplismo das restantes.
O argumento é igualmente pobre, enveredando por uma linearidade e esquematismo nada surpreendentes, e apenas a componente estética do filme gera momentos de algum fulgor, que ainda assim só a espaços se eleva acima da competência (e de Burton seria legítimo esperar mais).
Cansativo, apesar de curto (76 minutos), “A Noiva Cadáver” é uma desilusão, com personagens que não passam mesmo de bonecos (bem conseguidos visualmente, mas sem espessura dramática), incapaz de funcionar como entretenimento (o humor é escasso e geralmente pouco exigente) e muito menos enquanto fonte de reflexão. Não chega a ser um cadáver, mas é bastante mortiço.
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL
13 comentários:
eu diria que Burton optou por um remix das suas excentricidades, falta-lhe alguma magia, uma história mais MAIS... até notei que a banda sonora tinha elementos de reciclagem de Charlie&the chocolate factory... mas vê-se, infelizmente, só não existe razão para rever de novo. é pena! better luck next time!
Cansativo? Victor sem carisma? Argumento pobre...Estás mesmo a falar do "Corpse Bride" do Burton :o lol? Acho que não vimos o mesmo filme.
Enfim, that's cinema :P!
Abraço =)
membio: Sim, é daqueles para ver uma vez, não deixa grandes saudades...
SOLO: Infelizmente, é mesmo esse a que me refiro :(
Também não concordo muito com a tua apreciação do filme. Apesar de não estar ao nível do "Nightmare...", acho o filme uma delícia e nada cansativo :)
Apesar de também preferir "O estranho mundo de Jack", gostei bastante de "A noiva-cadáver".
Joana C./ Demas: Burton a repetir ideias não me entusiasma muito...
A sério?!
Respeito a tua opinião, tem todo o fundament,o mas confesso que achei o filme delicioso, apesar de Charlie me ter encantado muito mais, mas não lhe daria um 2,5...
Delicioso foi o "Match Pont", aquele a que te cortaste há uns dias :P
Delicioso é pouco...foi...fora deste universo!
Não me cortei..não pude...
:(
Pois, também gostaste desse mais do que eu, embora eu tenha gostado muito.
Ok, como gostaste desta vez passa...
Não acho que "Corpse Bride" seja assim tão mau, no entanto concordo na questão do argumento pois seria bom que ele não fosse tão linear, mas para isso seriam precisos mais minutos de filme. Ora fazer minutos de "stop-motion" demora (muito) tempo.
Se calhar Tim Burton poderia ter adiado mais alguns meses a estreia do filme para produzir os tais minutos-extra, quem sabe o resultado não fosse mais agradável.
Meu DEUS!!!!!!!!!!!!! 4/10???? não entendo. Corpse bride foi das melhores surpresas de animação do ano. Bons actores, boa animação, ambiente típico de Burton. O que se pode pedir mais? No mínimo 7/10!
Cumprimentos,
Sérgio Lopes
kimikkal: Pois, o esforço é meritório, já o resultado...
Sérgio Lopes: Bons actores (vozes, presumo)? Sim. Boa animação? Sim. Ambiente típico de Burton? Sim, mas apesar de tudo isto eu expliquei porque é que não considero estes elementos suficientes para que o filme funcione (comigo).
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