quinta-feira, maio 26, 2005

NOITE ESCURA

Um dos cantores/compositores que tem visto o seu grupo de fãs aumentar entre nós foi a presença principal da noite da passada sexta-feira no Café-Teatro Santiago Alquimista, em Lisboa.

Perry Blake tem realizado alguns espectáculos para assinalar o lançamento do seu novo álbum de originais, "The Crying Room", e do seu livro "These Pretty Love Songs".
Frequentemente comparado a Leonard Cohen, Scott Walker, Nick Drake ou David Sylvian, Blake possui uma discografia vincada por sonoridades sóbrias e intimistas, proporcionando uma elegante pop de travo clássico.

O concerto do passado dia 20 comprovou a discrição e minimalismo das composições do músico irlandês, expondo canções tranquilas que não precisaram de mais do que uma agradável voz acompanhada apenas pelo piano, contrabaixo e guitarra acústica.
Entre relatos de amores desencontrados e demais inquietações urbano-depressivas, o crooner ofereceu uma série de momentos delicados e soturnos, unindo os universos da pop e da folk numa prestação eficaz, mas pouco vibrante.

Perry Blake movimenta-se com competência nos territórios musicais que escolheu, mas o concerto foi demasiado morno e monocórdio, raramente ultrapassando a fasquia da razoabilidade.
O alinhamento incluiu alguns temas interessantes, como "The Hunchback of San Francisco", "Pretty Love Songs" ou uma versão de "Forbidden Colours", um original de Ryuichi Sakamoto e David Sylvian, mas na globalidade foi excessivamente monótono, sisudo e homogéneo.

O cantor, com uma presença estática e tímida, esboçou alguns contactos com o público entre a interpretação das canções, contudo não exibiu um carisma especialmente marcante ou memorável que o tornem num mestre-de-cerimónias acima da média.

O público, atento e concentrado, aplaudiu consideravelmente o músico em várias ocasiões num espectáculo que não envergonhou ninguém mas que ficou, infelizmente, abaixo das expectativas.

A primeira parte esteve a cargo de Rui Gaio, que propôs um pouco estimulante rock alternativo cujo maior ponto de interesse foi uma inesperada cover de "Sweet Harmony", dos Beloved.

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

7 comentários:

João M disse...

it's a little device, it keeps you warm, it's a little surprise, to keep you warm... - é a minha música preferida dele.

O Puto disse...

O culto a Perry Blake passa-me ao lado, tal como outros (Gotan Project, por exemplo), apesar de o ter visto ao vivo, há uns anos, em Coimbra. O som não o favoreceu.
E quanto à Kristin Hersh? Foste vê-la? Ai como eu gostaria de ter estado em Lx...

Anónimo disse...

Sinceramente desconheço o artista (shame on me! Lol) mas se tu gostas é porque deve ser um bom som :).

Cumprimentos musicais

gonn1000 disse...

João: Então, que filme foste ver afinal??

O Puto: Gotan Project também não me diz muito, Perry Blake diz-me um pouco mais, mas não sou um seguidor atento.
Gostava de ter ido ao concerto de Kristin Hersh, mas não é fácil encontrar companhia para ir a certos espectáculos (pelo menos quando no grupo de amigos não há nenhum que tenha gostos muito semelhantes).

sOlo: Para mim não é mau, mas é melhor julgares por ti...

Hasta

DC disse...

e afinal quem era a miúda que não parava de gritar 'perry' durante um dos encores? :)

gonn1000 disse...

Huh...pois, não sei, mas seguramente não era eu...

Fica bem

Roberto Iza Valdés disse...
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