“Alpha Dog” é assinado por Nick Cassavetes, realizador que até aqui tem dado mais nas vistas por ser filho de quem é – John Cassavetes – do que propriamente pelo interesse que as suas obras têm gerado – de “John Q.” a “Diário da Nossa Paixão”, o seu currículo não inclui nada muito auspicioso. Ou não incluía, porque com este filme (o seu quinto) demonstra uma consistência e vitalidade assinaláveis, pegando numa situação verídica – o do rapto de um adolescente por jovens traficantes de droga que pretendem vingar-se do seu irmão – e trabalhando-o de uma forma que consegue conciliar eficazmente realidade e ficção.
Apoiando-se nos moldes do documentário, nas cenas em que inclui entrevistas encenadas às testemunhas do caso, e assumindo-se enquanto exercício ficcional quando segue o percurso dos protagonistas – contendo, contudo, vários paralelos com os factos ocorridos -, “Alpha Dog” apresenta uma história que, não sendo inédita, é bem desenvolvida. A temática de jovens dos subúrbios norte-americanos que entram em episódios conturbados, quer sejam movidos pelo tédio ou pela inexistência de elos com os pais, está longe de ser uma novidade, mas ainda prova ser um terreno fértil, pelo menos aqui.
O relativamente recente “Bully – Estranhas Amizades” (2001), de Larry Clark, já tinha evidenciado que a linha entre o aborrecimento, a irresponsabilidade e o crime pode ser ténue, e inicialmente as personagens de “Alpha Dog” até podiam habitar esse filme: vivem rodeados de droga, álcool e sexo, não parecem ter objectivos além de viverem o prazer imediato e enveredam por uma via cada vez mais desregrada.
No entanto, aos poucos Cassavetes insere variações que afastam a sua película de um sucedâneo fácil, não só pela abordagem em modo docudrama mas pela densidade que vai preenchendo estas figuras aparentemente caricaturais à medida que o ambiente festivo ameaça tornar-se trágico.
O relativamente recente “Bully – Estranhas Amizades” (2001), de Larry Clark, já tinha evidenciado que a linha entre o aborrecimento, a irresponsabilidade e o crime pode ser ténue, e inicialmente as personagens de “Alpha Dog” até podiam habitar esse filme: vivem rodeados de droga, álcool e sexo, não parecem ter objectivos além de viverem o prazer imediato e enveredam por uma via cada vez mais desregrada.
No entanto, aos poucos Cassavetes insere variações que afastam a sua película de um sucedâneo fácil, não só pela abordagem em modo docudrama mas pela densidade que vai preenchendo estas figuras aparentemente caricaturais à medida que o ambiente festivo ameaça tornar-se trágico.
Quando o pequeno gang de jovens ricos e pseudo-gangsters dos subúrbios de Los Angeles é forçado a lidar com as consequências dos seus actos, “Alpha Dog” tira-lhes o tapete de debaixo dos pés e deixa-os à deriva, estado onde sempre se encontram contudo nunca de forma tão vulnerável e desprotegida. Mais complexas do que as do filme de Clark, as personagens de Cassavetes não se resumem ao egocentrismo e arrogância que lhes molda a superfície, ainda que tenham um preço a pagar caso optem por outro tipo de atitudes, inquietação que origina alguns dos maiores picos dramáticos do filme.
Felizmente, desta vez o dramatismo é controlado e não manipulador e pegajoso como em alguns trabalhos anteriores do realizador, qualidade que vale a pena assinalar, sobretudo porque o rumo dos acontecimentos era frutífero para o surgimento de rodriguinhos.
Longe disso, “Alpha Dog” norteia-se por um registo suficientemente seco, mérito de Cassavetes e do excelente elenco que escolheu, autêntico who’s who de novos talentos de Hollywood como Emile Hirsh (que não desilude num papel distinto dos que tem assegurado), Ben Foster (óptimo numa personagem à beira da explosão), Anton Yelchin (comovente no retrato de um adolescente raptado mas em êxtase com os ritos de passagem) ou mesmo Justin Timberlake (na pele de um dos protagonistas mais interessantes e, admita-se, com um desempenho à altura, conjugando austeridade e fragilidade).
Felizmente, desta vez o dramatismo é controlado e não manipulador e pegajoso como em alguns trabalhos anteriores do realizador, qualidade que vale a pena assinalar, sobretudo porque o rumo dos acontecimentos era frutífero para o surgimento de rodriguinhos.
Longe disso, “Alpha Dog” norteia-se por um registo suficientemente seco, mérito de Cassavetes e do excelente elenco que escolheu, autêntico who’s who de novos talentos de Hollywood como Emile Hirsh (que não desilude num papel distinto dos que tem assegurado), Ben Foster (óptimo numa personagem à beira da explosão), Anton Yelchin (comovente no retrato de um adolescente raptado mas em êxtase com os ritos de passagem) ou mesmo Justin Timberlake (na pele de um dos protagonistas mais interessantes e, admita-se, com um desempenho à altura, conjugando austeridade e fragilidade).
A “velha guarda” marca presença em papéis secundários interpretados com solidez, e se Bruce Willis e Harry Dean Stanton não têm muitas oportunidades para mostrarem o que valem, Sharon Stone compensa esse escasso tempo de antena com uma das cenas mais pungentes, já perto do final. É pena que depois desta “Alpha Dog” se prolongue desnecessariamente, investindo em episódios algo irrelevantes e previsíveis que reduzem o impacto de sequências anteriores, que deveriam ter sido as derradeiras.
Mas mesmo que Cassavetes não saiba quando terminar o filme, este é ainda uma obra acima da média, um drama complexo e verosímil que - situação que até aqui ainda não se tinha registado - deixa alguma expectativa em relação a futuros trabalhos do realizador.
Mas mesmo que Cassavetes não saiba quando terminar o filme, este é ainda uma obra acima da média, um drama complexo e verosímil que - situação que até aqui ainda não se tinha registado - deixa alguma expectativa em relação a futuros trabalhos do realizador.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
4 comentários:
vi e também gostei!
Sim, foi uma das boas surpresass deste Verão :)
sim, uma boa surpresa mesmo!
****
Já tinhas era ido connosco ao cinema hoje :P
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