Para muitos, Yann Tiersen será sempre obrigatoriamente associado aos filmes "Adeus, Lenine!" e, sobretudo, "O Fabuloso Destino de Amélie", uma vez que as bandas-sonoras que compôs para ambos foram os trabalhos que mais o aproximaram do grande público. É, no entanto, injusto reduzir o artista a esses dois registos, não só porque o músico francês tinha já uma considerável - e sólida - discografia antes dessas colaborações, mas também porque os territórios sonoros que explora são bem mais diversificados do que os que abordou aí.
Esse eclectismo foi evidente no concerto de quarta-feira na Aula Magna, em Lisboa, esgotado há dias e que levou a que Tiersen e a banda de suporte fossem recebidos por uma sala cheia, preenchida por um público de várias faixas etárias.
Esse eclectismo foi evidente no concerto de quarta-feira na Aula Magna, em Lisboa, esgotado há dias e que levou a que Tiersen e a banda de suporte fossem recebidos por uma sala cheia, preenchida por um público de várias faixas etárias.
Com um alinhamento maioritariamente dominado por temas instrumentais - embora o músico tenha cantado em francês e inglês a espaços -, o espectáculo proporcionou uma equilibrada alternância de atmosferas, percorrendo muitas facetas já expostas nos discos. Desta vez, o álbum em destaque foi "On Tour", registo ao vivo que contamina canções já conhecidas com arranjos diferentes, mais apropriados ao palco. E foi isso que se verificou ao longo da noite, uma sucessão de temas - uns mais emblemáticos do que outros - interpretados num formato que procurou fugir ao óbvio.
Felizmente, essa postura experimental revelou-se quase sempre frutífera, o que não foi muito inesperado tendo em conta a mestria pela qual Tiersen já se destacou nos seus concertos. Contrastando cenários de cativante placidez com outros de dinamismo abrasivo, a noite registou um entusiasmante melting pot que interligou os múltiplos universos pisados pelo músico, desde os esperados domínios parisienses, que lhe trouxeram maior mediatismo, passando por incursões pelo indie rock, música clássica, devaneios noise e pontuais aproximações medievais.
Para além da mistura de géneros, o cardápio musical foi igualmente rico a nível instrumental, dando espaço a autênticos vendavais de guitarras distorcidas e espirais de violinos em fúria, não esquecendo a contribuição menos recorrente da bateria, do baixo, da já habitual caixinha de música ou do acordeão (este usado apenas num tema, "Le Banquet", o que terá defraudado as expectativas de muitos que procuravam ali revisitar Amélie).
Felizmente, essa postura experimental revelou-se quase sempre frutífera, o que não foi muito inesperado tendo em conta a mestria pela qual Tiersen já se destacou nos seus concertos. Contrastando cenários de cativante placidez com outros de dinamismo abrasivo, a noite registou um entusiasmante melting pot que interligou os múltiplos universos pisados pelo músico, desde os esperados domínios parisienses, que lhe trouxeram maior mediatismo, passando por incursões pelo indie rock, música clássica, devaneios noise e pontuais aproximações medievais.
Para além da mistura de géneros, o cardápio musical foi igualmente rico a nível instrumental, dando espaço a autênticos vendavais de guitarras distorcidas e espirais de violinos em fúria, não esquecendo a contribuição menos recorrente da bateria, do baixo, da já habitual caixinha de música ou do acordeão (este usado apenas num tema, "Le Banquet", o que terá defraudado as expectativas de muitos que procuravam ali revisitar Amélie).
O cuidado trabalho de iluminação ajudou a reforçar as paisagens distintas de cada canção, apostando em tons ora discretos ora efervescentes, mas sempre elegantes, cruzando tonalidades várias e implementando uma cenografia envolvente, dotada de uma carga quase cinematográfica. Ao longo de duas horas, Tiersen ofereceu um espectáculo surpreendente e desafiante, ainda que nem sempre acessível - alguns momentos sobrepuseram a visceralidade à melodia e outros prolongaram-se excessivamente -, que lhe permitiu confirmar-se - para quem ainda duvidasse - enquanto músico idiossincrático e muito interessante.
Não admira, por isso, que grande parte do público tenha reagido de de forma tão intensa, com ruidosos aplausos que encorajaram os músicos a regressar a palco para dois encores. Pouco importa que Yann Tiersen tenha encetado apenas duas ou três brevíssimas declarações aos espectadores - quase sempre para agradecer -; as palavras que lhes dirigiu pareceram espontâneas, à semelhança de um concerto que não será esquecido tão cedo.
Não admira, por isso, que grande parte do público tenha reagido de de forma tão intensa, com ruidosos aplausos que encorajaram os músicos a regressar a palco para dois encores. Pouco importa que Yann Tiersen tenha encetado apenas duas ou três brevíssimas declarações aos espectadores - quase sempre para agradecer -; as palavras que lhes dirigiu pareceram espontâneas, à semelhança de um concerto que não será esquecido tão cedo.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
Yann Tiersen - "Le Banquet" (ao vivo na Aula Magna)
1 comentário:
O quê?? O Yann Tiersen esteve cá em Portugal?
Não acredito que perdi um espectáculo desses! :'(
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