Diversificada e profícua, a oferta cinematográfica de 2005 proporcionou não só grandes regressos de autores consagrados como Steven Spielberg (“A Guerra dos Mundos”), Peter Jackson (“King Kong”), Cameron Crowe (“Elisabethtown”) ou Tim Burton (“Charlie e a Fábrica de Chocolate”), mas também belas revelações de autores promissores, casos de Joshua Marston (“Maria Cheia de Graça”), Paul Haggis (“Colisão”) ou Jacob Aaron Estes (“Uma Pequena Vingança”).
Não faltaram boas histórias no grande ecrã, provenientes de áreas mainstream (“Batman – O Início”, ou “Sin City – A Cidade do Pecado”) ou das mais marginais (“A Descida” ou “Uma Canção de Amor”), estas últimas muitas vezes, e infelizmente, perdidas no meio de obras alvo de maior promoção mas de escassa memória.
Não faltaram boas histórias no grande ecrã, provenientes de áreas mainstream (“Batman – O Início”, ou “Sin City – A Cidade do Pecado”) ou das mais marginais (“A Descida” ou “Uma Canção de Amor”), estas últimas muitas vezes, e infelizmente, perdidas no meio de obras alvo de maior promoção mas de escassa memória.
O eclectismo cinematográfico manifestou-se também nos festivais, que trouxeram alguns exemplos do que melhor se faz nas esferas do cinema documental (o 3º DocLisboa), independente (o 2º IndieLisboa, que apresentou a prestigiada trilogia coreana “Infiltrados” ou o belo drama australiano “Salto Mortal”), francês (a 6ª Festa do Cinema Francês, por onde passou o inventivo “Reis e Rainha”) ou LGTB (o 9º Festival de Cinema Gay e Lésbico de Lisboa, que ofereceu boas surpresas como “Garçon Stupide” ou “Popular Music”).
Se o cinema de animação teve em 2005 um período de escassa criatividade, uma vez que obras tão díspares como “Madagáscar”, “O Castelo Andante” ou “A Noiva Cadáver” não condensaram doses de inspiração ao nível das de algumas de anos anteriores, o documental foi mais fértil, pois títulos como o inclassificável “Tarnation”, o muito curioso “Dentro de Garganta Funda” ou o pertinente “Rize” deram continuidade à crescente vitalidade que o género tem registado.
Desequilibrado, o cardápio da produção nacional gerou um grande sucesso de público, “O Crime do Padre Amaro”, e duas obras menos mediáticas mas mais recomendáveis: “Alice”, a muito aplaudida (e algo sobrevalorizada) estreia de Marco Martins na realização, e “Odete”, que confirmou João Pedro Rodrigues enquanto cineasta com uma linguagem singular (embora pouco consensual).
Para a posteridade fica a estreia do competente e muito aguardado “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith”, que fecha (?) a mítica saga de George Lucas ou a pouco estimulante lista de premiados dos Óscares, que distinguiu sobretudo o interessante, mas excessivamente incensado “Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos”, de Clint Eastwood, e os desapontantes “O Aviador”, de Martin Scorcese (em fase descendente) e “Ray”, biopic anódino de Taylor Hackford. Saúda-se, no entanto, a escolha de “Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar, como Melhor Filme Estrangeiro, ou não fosse esta uma das obras mais memoráveis estreadas em 2005, um ano cinematograficamente rico e abrangente.
Se o cinema de animação teve em 2005 um período de escassa criatividade, uma vez que obras tão díspares como “Madagáscar”, “O Castelo Andante” ou “A Noiva Cadáver” não condensaram doses de inspiração ao nível das de algumas de anos anteriores, o documental foi mais fértil, pois títulos como o inclassificável “Tarnation”, o muito curioso “Dentro de Garganta Funda” ou o pertinente “Rize” deram continuidade à crescente vitalidade que o género tem registado.
Desequilibrado, o cardápio da produção nacional gerou um grande sucesso de público, “O Crime do Padre Amaro”, e duas obras menos mediáticas mas mais recomendáveis: “Alice”, a muito aplaudida (e algo sobrevalorizada) estreia de Marco Martins na realização, e “Odete”, que confirmou João Pedro Rodrigues enquanto cineasta com uma linguagem singular (embora pouco consensual).
Para a posteridade fica a estreia do competente e muito aguardado “Star Wars: Episódio III – A Vingança dos Sith”, que fecha (?) a mítica saga de George Lucas ou a pouco estimulante lista de premiados dos Óscares, que distinguiu sobretudo o interessante, mas excessivamente incensado “Million Dollar Baby – Sonhos Vencidos”, de Clint Eastwood, e os desapontantes “O Aviador”, de Martin Scorcese (em fase descendente) e “Ray”, biopic anódino de Taylor Hackford. Saúda-se, no entanto, a escolha de “Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar, como Melhor Filme Estrangeiro, ou não fosse esta uma das obras mais memoráveis estreadas em 2005, um ano cinematograficamente rico e abrangente.
14 comentários:
Tenho resposta do teu post no meu blog.
beijocas....
Excelente artigo, Gonçalo :). Em três parágrafos falaste de grandes obras e grandes desilusões cinematográficas. Acho que 2005 até foi um bom ano para o cinema :).
Abraço
Hebe Katia: Já vi que afisnal reparaste que os Ladytron passaram eheh...
SOLO: Obrigado, e sim, acho que foi um bom ano.
Parabéns pelo excelente artigo, mas esclarece-me uma dúvida:
"...obras tão díspares como “Madagáscar”, “O Castelo Andante” ou “A Noiva Cadáver” não condensaram doses de inspiração ao nível das de algumas de anos anteriores"
Qual o sentido deste excerto do texto? Achas que são exemplos da qualidade mediana da Animação, ou pelo contrário, as excepções que confirmam a regra?
Obrigado, Kimikkal.
O primeiro caso. Embora sejam filmes de áreas diferentes dentro da animação, achei que nenhum conseguia ultrapassar a mediania, contrariamente ao que tem acontecido nos últimos anos, onde o género ofereceu títulos mais inovadores.
Mais um ano de cinema e para mim são sempre bons.
Temos é de saber procurar o que relamente queremos ver.
Por vezes existem enganos mas continuamos a tentar...
Quem sabe não encontraremos o filme da nossa vida numa próxima sessão.
Em relação aos filmes de animação, e concordando que Myazaki já teve melhores dias, em relação ao Noiva Cadáver e o Wallace & Grommit, que não referiste, tenho que discordar.
Grandes filmes de animação de uma técnica já em desuso, a animação stop motion.
Por mim que continuem e acho que Tim Burton está melhor a cada ano que passa...
Só tenho pena de no teu artigo não ter apercebido quais foram realmente os melhores do ano para ti...Mas gostei do artigo obviamente.
Continua
Esse ultimo post foi meu...Sorry
GONN: não sejas malzito! heheheheheheheheheheh
Mas à propósito dos filmes de 2005. Eu só vi o Tarnation em 2005 e é sem dúvida um dos MEUS filmes do ano!
Belo artigo. Só faltou mencionares um grande grande filme - «Cruel». Abraço.
Pedro Ginja: Não vi "Wallace & Grommit", daí não o ter referido, mas vi a maioria dos restantes filmes de animação e nenhum me entusiasmou. No caso de "A Noiva Cadáver", não coloco em causa a técnica, mas o argumento e as personagens, que me pareceram bastante pobres.
Não destaquei ainda os melhores do ano, mas tenciono fazê-lo em breve :)
Hebe Katia: Também gostei de "Tarnation", foi o meu documentário preferido e uma das boas surpresas do ano.
Spaceboy: Vou dar-lhe o destaque merecido quando postar o top10 de 2005 ;)
Só uma pequena correcção Gonçalo: O Infernal Affairs não é Coreano mas sim de Hong Kong. E não foi a obra do ano. Sem dúvida que Oldboy e 3-Iron (esses sim coreanos) suplantaram Infernal Affairs e foram dos melhores filmes estreados entre nós em 2005.
Qt a alguns pontos, concordo que Ray vale sobretudo pela interpretação de Jamie Foxx, a nível da animação A noiva cadáver é uma obra-prima e Guerra dos Mundos desiludiu-me imenso. Mesmo oMar Adentro, não fora o tema polémico e não passaria de mais um melodrama banal...
Cumprimentos,
Sérgio Lopes
É 1 belíssimo artigo mas... cádo De Tanto Bater o Meu Coração Parou????
Ass: Turat "versão provocador":P
gostei de ler o teu " o cinema 2005",
apesar de não estar de acordo com algumas coisas:)
Cine-Asia: Obrigado pelo reparo, Sérgio. Destaquei o "Infernal Affairs" dentro da programação do IndieLisboa, parece-me que foi das melhores apostas do festival, não necessariamente dos melhores filmes que vi este ano. Já se "Old Boy" ou "Ferro 3" "suplantam" "Infernal Affairs" é bastante subjectivo (até acho que são inferiores, em especial o segundo).
"A Noiva Cadáver" parece-me muito longe de uma obra-prima, aliás acho que nem ultrapassa a fasquia do razoável, e "banal" é um adjectivo que nunca utilizaria para classificar "Mar Adentro", independentemente deste recorrer ou não a um tema polémico (enfim, em termos e carga dramática deixa a "obra-prima" de Burton a milhas). Sobre "A Guerra dos Mundos" já sabes o que penso, mas pronto, pelo menos concordamos quanto ao "Ray" :)
Turat Bartoli: Obrigado, e não destaquei esse filme porque... não o considerei muito marcante, embora tenha gostado. Que venha a próxima provocação :P
Sunday Morning: Que não estamos totalmente de acordo em relação ao cinema já não é novidade, mas vi a tua lista de melhores do ano e afinal até há algum território comum :)
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