Notabilizado por obras como "A Linguagem Perdida dos Guindastes", "Dança de Família", o norte-americano David Leavitt tem desenvolvido na sua escrita complexas reflexões acerca das dificuldades das relações familiares, da inadaptação ou da identidade (onde o carácter sexual tem muitas vezes um papel determinante), questões geralmente abordadas com sensibilidade e subtileza que lhe permitiram tornar-se num dos escritores mais estimulantes das últimas décadas.
"O Corpo de Jonah Boyd" (The Body of Jonah Boyd), editado em 2004, dá continuidade à exploração dessas temáticas e narra a relação de Denny, secretária de um profesor universitário, com a família deste, alicerçando-se sobretudo nos eventos decorrentes de um jantar de acção de graças no final dos asnos sessenta onde um dos convidados, o aclamado escritor Jonah Boyd, perde os manuscritos com material para a sua próxima obra.
"O Corpo de Jonah Boyd" (The Body of Jonah Boyd), editado em 2004, dá continuidade à exploração dessas temáticas e narra a relação de Denny, secretária de um profesor universitário, com a família deste, alicerçando-se sobretudo nos eventos decorrentes de um jantar de acção de graças no final dos asnos sessenta onde um dos convidados, o aclamado escritor Jonah Boyd, perde os manuscritos com material para a sua próxima obra.
O livro centra-se no retrato que a protagonista faz sobre a família Wright, que a acolhe como amiga e confidente mas na qual nunca se sente verdadeiramente integrada, e também na história de suspense que gira em torno do destino dos cadernos de apontamentos perdidos, na qual Ben, o filho mais novo do clã, aspirante a escritor, e Anne, esposa de Boyd, desenvolvem um jogo marcado pela manipulação e ambição durante anos.
Através dos comentários de Denny (a narradora), Leavitt oferece perspectivas acerca das contingências da célula familiar a par de outras dedicadas ao acto da criação artística, em particular da marca autoral, do plágio ou das origens do talento.
Esta combinação torna "O Corpo de Jonah Boyd" numa obra intrigante ao início, mas acaba por revelar-se algo frustrante.
Através dos comentários de Denny (a narradora), Leavitt oferece perspectivas acerca das contingências da célula familiar a par de outras dedicadas ao acto da criação artística, em particular da marca autoral, do plágio ou das origens do talento.
Esta combinação torna "O Corpo de Jonah Boyd" numa obra intrigante ao início, mas acaba por revelar-se algo frustrante.
A caracterização da família Wright não só não acrescenta muito às de outras famílias que Leavitt já criou como fica consideravelmente abaixo destas, uma vez que as personagens não são muito envolventes nem sequer exploradas com a tridimensionalidade habitual no autor.
Há momentos conseguidos, mas o livro nunca permite que os Wright, exceptuando Ben, sejam mais do que figuras sem grande espessura e cujo rumo dificilmente inquietará o leitor.
Outro problema são as peripécias que envolvem os textos de Boyd, que à partida prometiam uma narrativa surpreendente mas apenas enveredam por domínios mais previsíveis do o que se esperaria num trabalho do habitualmente ousado Leavitt, despoletando ainda um desenlace forçado para a protagonista.
Desapontante e pouco inspirado, "O Corpo de Jonah Boyd" não chega a ser um tíulo desprovido de méritos, pois a escrita de Leavitt mantém-se absorvente e acessível, mas apesar de momentos com observações oportunas a ausência de risco do resultado geral é evidente.
Assim, este não chega a ser um mau livro mas fica limitado a um objecto menor na obra do autor, a milhas da memorável ressonância emocional de um "Enquanto a Inglaterra Dorme" ou mesmo de títulos mais modestos, mas consistentes, como "Equal Affections" ou "O Vira-Pautas". Moderadamente interessante para os seguidores do escritor, contudo longe de constar entre as melhores portas de entrada para aqueles que pretendam conhecê-lo.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
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