quinta-feira, junho 02, 2005

A EMPRESA

Paul Weitz revelou-se com a mediática comédia adolescente "American Pie - A Primeira Vez", uma estreia na realização que, com tanto de divertida como de inconsequente, estava longe de o colocar no restrito grupo de realizadores a seguir com atenção.
"Era Uma Vez Um Rapaz" (About a Boy), novamente no campo da comédia, exibiu uma inesperada maturidade, apostando num humor mais subtil e num argumento mais coeso, unindo entretenimento e sensibilidade.

Na sua terceira obra, "Uma Boa Companhia" (In Good Company), Weitz volta com os elementos que já começam a tornar-se na sua imagem de marca: tons agridoces, num equilibrado registo de comédia levemente melancólica, e uma considerável atenção às personagens, que transbordam carisma.

"Uma Boa Companhia" foca a tensa relação entre Dan Foreman (Dennis Quaid), o chefe do departamento de publicidade de uma revista, e um jovem com cerca de metade da sua idade, Carter Duryea (Topher Grace), de 26 anos, que passa a ocupar, repentinamente, o seu lugar na empresa, devido à mudança do grupo económico que a detém.

Ancorando-se nos conflitos de dois homens tão diferentes - um pai de família que vê abalada a sua situação laboral e um ambicioso e astuto jovem numa carreira em fase ascendente -, o filme proporciona uma abordagem a questões como o choque de gerações, o desemprego, a crise de valores e o quotidiano da vida empresarial, nunca esquecendo a especificidade das suas personagens e recusando-se a utilizá-las como porta-estandartes de uma qualquer ideologia.

É mesmo pelas personagens - e pelos actores - que "Uma Boa Companhia" mais merece ser visto, tanto pela sóbria amargura de Dennis Quaid como pela cativante energia e vibração de Topher Grace (a confirmar a boa impressão gerada em "P.S. - Amo-te", de Dylan Kidd).
Entre esta dupla masculina surge ainda Scarlett Johansson, cuja presença será decisiva para orientar a interligação dos dois colegas de trabalho. A actriz interpreta a filha da personagem de Quaid, que inicia uma relação amorosa com o novo chefe do seu pai e faz com que o dia-a-dia dos dois protagonistas se torne ainda mais conturbado.

Paul Weitz, embora não traga nada de especialmente inovador, apresenta um filme consistente, com um bem conseguido equilíbrio entre drama e comédia, um ritmo envolvente e uma sólida direcção de actores. O argumento não resiste a exibir traços de um idealismo algo excessivo no desenlace, mas durante boa parte o tempo evita os clichés e impede que a película ceda ao formato de uma banal comédia romântica.

"Uma Boa Companhia" não é um grande filme, mas é, como já é habitual na obra do realizador, um filme com coração, expondo uma carga emocional genuína e espontânea, conseguindo ser lúdico sem se tornar descartável. Uma boa escolha, portanto.

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

4 comentários:

Anónimo disse...

Nem um filme com a minha musa Scarlett Johansson podia ser mau :P!

Cumprimentos cinéfilos

gonn1000 disse...

Que faccioso :P
Por acaso até achei que, do trio central, ela foi a que menos brilhou (mas também teve menos "tempo de antena").

Fica bem

Unknown disse...

eu também gostei. ando há que tempos para pôr um post sobre ele...pode ser que aproveite a boleia!

gonn1000 disse...

Pois, percebo-te, também tenho uns quantos em atraso...