Quando se estreou na realização em 2004, com “A Cabana do Medo”, Eli Roth desde logo gerou reacções díspares, sendo acusado, por muitos, de mero copista de lugares-comuns do terror e do gore, mas também defendido por tantos outros, que nele viram um promissor nome a seguir num género já algo moribundo.
David Lynch ou Peter Jackson foram dois dos cineastas que depositaram confiança em Roth, e na sua segunda obra, “Hostel”, o realizador conta com a estratégica colaboração de Quentin Tarantino, cujos créditos na produção do filme contribuíram para que este fosse um dos mais aguardados de 2006.
Tal como o seu antecessor, “Hostel” é um teen movie on acid, uma vez que, durante grande parte da sua duração, limita-se a seguir as peripécias de três jovens (dois amigos norte-americanos e um companheiro de viagem islandês) pela Europa, que pouco mais procuram do que sexo fácil e drogas em doses generosas.
O oásis desta busca parecia ser Amesterdão, mas aí conhecem um rapaz que lhes recomenda uma pousada na Eslováquia onde a quantidade de hedonismo e luxúria é ainda maior, pelo que o trio rapidamente decide escolhê-la como novo destino.
Contudo, se ao início essa experiência se revela compensadora, o rumo dos acontecimentos é alvo de uma viragem repentina quando cada um dos jovens se torna vítima de torturas várias, sendo aprisionados numa autêntica casa do terror onde não falta quem esteja disposto a pagar quantias avultadas para exercer os seus requintes de malvadez nos turistas mais frágeis e desatentos.
David Lynch ou Peter Jackson foram dois dos cineastas que depositaram confiança em Roth, e na sua segunda obra, “Hostel”, o realizador conta com a estratégica colaboração de Quentin Tarantino, cujos créditos na produção do filme contribuíram para que este fosse um dos mais aguardados de 2006.
Tal como o seu antecessor, “Hostel” é um teen movie on acid, uma vez que, durante grande parte da sua duração, limita-se a seguir as peripécias de três jovens (dois amigos norte-americanos e um companheiro de viagem islandês) pela Europa, que pouco mais procuram do que sexo fácil e drogas em doses generosas.
O oásis desta busca parecia ser Amesterdão, mas aí conhecem um rapaz que lhes recomenda uma pousada na Eslováquia onde a quantidade de hedonismo e luxúria é ainda maior, pelo que o trio rapidamente decide escolhê-la como novo destino.
Contudo, se ao início essa experiência se revela compensadora, o rumo dos acontecimentos é alvo de uma viragem repentina quando cada um dos jovens se torna vítima de torturas várias, sendo aprisionados numa autêntica casa do terror onde não falta quem esteja disposto a pagar quantias avultadas para exercer os seus requintes de malvadez nos turistas mais frágeis e desatentos.
Partindo dos clichés das comédias sobre adolescentes norte-americanos com a libido ao rubro, Roth insere as suas personagens pouco mais do que caricaturais num ciclo de experiências-limite ensopadas em sangue e demais fluidos, gerando episódios sinuosos e doentios bem regados com um cáustico humor negro.
Não se espere de “Hostel” uma narrativa verosímil ou personagens tridimensionais, já que o filme não pede para ser levado a sério, tal como “A Cabana do Medo” já não pedia. Nem pode, dado o exagero de coincidências miraculosas que se encontram na acção, sendo a cena do atropelamento já perto do final a mais delirante.
O que Roth proporciona é apenas um exercício de estilo que, não sendo propriamente original, consegue revelar, mesmo assim, algum savoir faire, como o comprovam as sequências de mutilação e outros actos hediondos, onde o suplício das vítimas deixa o espectador com os nervos em franja, envolto numa claustrofóbica rede de suspense.
A violência é quase sempre bastante gráfica, o que se por um lado não poupa o estômagos também perde alguma eficácia, uma vez que o sugerido tem, muitas vezes, mais impacto do que o que é mostrado (Roth andou a ver os filmes de Takashi Miike, que de resto até tem aqui uma breve aparição).
“Hostel” foca questões que não chega a aprofundar devidamente, como a reacção a ambientes e culturas estranhos e por vezes inóspitos ou a reflexão acerca das motivações dos indivíduos que se envolvem em arrepiantes actos amorais de sadismo, mas não deixa de ser muito eficaz enquanto proposta de terror, com uma tensão recorrente e palpitante, uma boa gestão do ritmo e um curioso cromatismo visual.
Roth pode ainda não ser a next big thing de domínios gore e afins, pois se as suas obras têm sido convincentes, não são imunes a desequilíbrios, mas o entusiasmo do realizador é palpável e, embora por vezes corra o risco de se deslumbrar com a sua própria ousadia e de apostar num choque gratuito e despropositado, percebe-se porque é que um nome como Tarantino decidiu apadrinhá-lo. Roth não está, pelo menos por enquanto, à altura do mestre, mas felizmente também não manchou a sua reputação.
Não se espere de “Hostel” uma narrativa verosímil ou personagens tridimensionais, já que o filme não pede para ser levado a sério, tal como “A Cabana do Medo” já não pedia. Nem pode, dado o exagero de coincidências miraculosas que se encontram na acção, sendo a cena do atropelamento já perto do final a mais delirante.
O que Roth proporciona é apenas um exercício de estilo que, não sendo propriamente original, consegue revelar, mesmo assim, algum savoir faire, como o comprovam as sequências de mutilação e outros actos hediondos, onde o suplício das vítimas deixa o espectador com os nervos em franja, envolto numa claustrofóbica rede de suspense.
A violência é quase sempre bastante gráfica, o que se por um lado não poupa o estômagos também perde alguma eficácia, uma vez que o sugerido tem, muitas vezes, mais impacto do que o que é mostrado (Roth andou a ver os filmes de Takashi Miike, que de resto até tem aqui uma breve aparição).
“Hostel” foca questões que não chega a aprofundar devidamente, como a reacção a ambientes e culturas estranhos e por vezes inóspitos ou a reflexão acerca das motivações dos indivíduos que se envolvem em arrepiantes actos amorais de sadismo, mas não deixa de ser muito eficaz enquanto proposta de terror, com uma tensão recorrente e palpitante, uma boa gestão do ritmo e um curioso cromatismo visual.
Roth pode ainda não ser a next big thing de domínios gore e afins, pois se as suas obras têm sido convincentes, não são imunes a desequilíbrios, mas o entusiasmo do realizador é palpável e, embora por vezes corra o risco de se deslumbrar com a sua própria ousadia e de apostar num choque gratuito e despropositado, percebe-se porque é que um nome como Tarantino decidiu apadrinhá-lo. Roth não está, pelo menos por enquanto, à altura do mestre, mas felizmente também não manchou a sua reputação.
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
7 comentários:
Depois de ver o "Hostel" fiquei sem vontade de ir á Eslováquia...vá-se lá saber porquê, não é :P?
Boa análise :).
Abraço!
Eheh... Não sei, porquê?? :P
Pois, os filmes do Roth pouco consensuais, admito que têm falhas mas mesmo assim gostei.
Eu adorei o filme e concordo plenamente com a nota do Gonçalo. Gostei do subtexto político (a globalização, o antiamericanismo que prolifera na Europa) e não desgostei da primeira parte holandesa.
(SPOILERS AHEAD!)
Um dos muitos pormenores saborosos: a personagem mais simpática - o escritor sensível - é das primeiras a morrer!
Sim, essa parecia ser, ao início, a personagem principal, mas o Roth trocou-nos as voltas.
Bom??? Meu Deus devo andar cega... grandes nomes no poster do filme e ele há-de ser "Bom" por força... Um dos piores filmes que vi nos últimos tempos.. Vimos cinquenta vezes os bisturis, as tesouras, os bisturis, as tesouras... Bah! que seca!
Não é "bom" "por força", nem pelos "grandes nomes" do poster. Aliás, eu já tinha gostado do primeiro filme do Roth, "A Cabana do Medo", que não tinha o nome de outros realizadores no cartaz, e acho que justifiquei porque é que gostei de "Hostel". Percebo que não seja um filme para todos os gostos, mas, tal como tu, tenho o direito de expressar a minha opinião.
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