Uma curiosa mistura de thriller, drama psicológico e fantástico, "Colete de Forças" (The Jacket) segue as peripécias de Jack Starks (Adrien Brody), um veterano da Guerra do Golfo que sofre de problemas de amnésia e que é acusado de homicídio, embora alegue não se recordar de ter cometido tal crime.
Starks é internado numa instituição para doentes mentais e alvo de um tratamento peculiar, onde o paciente é injectado com drogas, preso com uma camisa de forças e colocado na gaveta de uma morgue, de forma a que os seus instintos mais primários e agressivos sejam eliminados.
John Maybury apresenta uma obra que percorre ambientes de estranheza não muito distantes de "Estrada Perdida", de David Lynch; "O Maquinista", de Brad Anderson; ou "Memento", de Chris Nolan; onde os limites entre o real e o onírico são muito ténues e as memórias nem sempre são as mais fidedignas.
Durante o tempo que passa na morgue, o protagonista estabelece contactos com um mundo futuro - a uma distância temporal de 15 anos -, onde inicia um relacionamento com Jackie (Keira Knightley), uma jovem que Starks já conhecia antes de ser internado mas que, nessa altura, era ainda uma criança. A dupla, que sempre partilhou uma invulgar cumplicidade, tenta então resolver os mistérios que envolvem a vida de Starks e as suas intrigantes viagens temporais, originando uma espiral de enigmas e revelações.
"Colete de Forças" é um filme ousado e envolvente, mas Maybury não consegue oferecer um argumento suficientemente coeso, gerando uma película irregular e cujos acontecimentos seguem uma lógica demasiado aleatória e até incongruente. A premissa é uma variação interessante dos pontos de partida de "Regresso ao Futuro", de Robert Zemeckis, e "Efeito Borboleta", de Eric Bress e J. Mackye Gruber, mas a sua execução é, infelizmente, demasiado desequilibrada.
Embora desigual, "Colete de Forças" conta com uma sólida direcção de actores, e tanto os protagonistas (Adrien Brody e Keira Knightley) como os secundários (Kris Kristofferson e Jennifer Jason Leigh, sobretudo) expõem eficácia e consistência. John Maybury assinala um competente trabalho de realização, capaz de auxiliar a construção de atmosferas negras, dementes e inquietantes, ainda que o argumento não esteja à altura.
No geral, "Colete de Forças" é uma experiência cinematográfica entusiasmante, mas que poderia ter ido mais longe. Recomendável, mesmo assim, para os adeptos do género.
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
6 comentários:
Acho que a data de estréia no Brasil encontra-se ainda longínqua. Não aprecio o trabalho de Brody, mas Leigh sempre vale a pena, é uma actriz algo subvalorizada. THE JACKET realmente parece razoável apenas (vi o trailer) e não algo que vá a se tornar um cult (como SAW, que tem chances).
Sim, não creio que se vá tornar numa obra de culto, embora o considere um pouco mais interessante do que o igualmente mediano "Saw"...
Sim, é um bocado...
Não tenho lido boas críticas sobre o filme, mas até sou capaz de ir ver porque curto a Keira e o Adrian como actores :).
Cmprimentos (desta vez são cinéfilos, porque estamos a falar de um filme :P LOL)
Vou ver esta semana. Com actores deste calibre, há de valer a pena.
sOlo: Sim, por eles vale uma espreitadela.
Cumprimentos cinéfilos, então ;)
Flávio: Não dei o tempo por perdido, mas não é dos mais memoráveis que tenho visto.
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