Seis anos depois da prova de vitalidade assinalada em “The Fragile”, os Nine Inch Nails (ou, simplificando, Trent Reznor) regressam com “With Teeth”, o seu novo registo de originais. Neste hiato temporal, a discografia do projecto aumentou devido à edição do curioso, mas desigual “Things Falling Apart” (álbum de remisturas de “The Fragile”) e “And All That Could Have Been” (um portentoso disco ao vivo que, em edições especiais, trazia como bónus outro CD, o belíssimo “Still”).
Apresentando mais um capítulo ao seu projecto, Trent Reznor proporciona mais um conjunto de canções caracterizadas por atmosferas góticas onde a visceralidade das guitarras convive com a envolvência das electrónicas.
Atingindo o pico do sucesso em meados da década de 90, com o incontornável “The Downward Spiral”, os Nine Inch Nails tiveram posteriormente a adesão de um núcleo mais restrito de seguidores quando as sonoridades industriais abandonaram a sua curta passagem por domínios mainstream (num período em que nomes como os Prodigy ou Marilyn Manson também se tornaram mais mediáticos).
Dando continuidade aos ambientes mais apaziguados e etéreos que “The Fragile” e “Still” continham, “With Teeth” é um disco que expõe uns Nine Inch Nails menos abrasivos, possuindo alguns momentos de invulgar intimismo e tranquilidade. As descargas de raiva e energia já não preenchem a maioria das composições, e por isso os domínios que o álbum percorre são menos efusivos do que os de clássicos como “Sin” ou “Mr. Self Destruct”.
Esta mudança torna “With Teeth” num registo mais acessível do que os anteriores, reduzindo a aspereza e alguma complexidade rítmica que gerava alguma estranheza em ouvidos menos audaciosos, mas tal não significa que as canções sejam menos interessantes. O disco contém, aliás, vários momentos inspirados, desde o forte tema de abertura, “All the Love in the World”, próximo de territórios ambient/ trip-hop, até ao belíssimo desenlace com a viciante inquietação de “Right Where it Belongs”.
Apesar de algumas alterações, “With Teeth” é, contudo, um disco algo indeciso, que sugere uma mutação considerável dos Nine Inch Nails mas não chega a concretizá-la inteiramente. Se, por um lado, temas como os destacados desbravam caminhos novos, outros como “The Collector”, “Love is Not Enough” e “With Teeth” limitam-se a repisar os modelos habituais do projecto, exibindo eficácia mas limitadas doses de surpresa.
Ao situar-se neste impasse, Trent Reznor oferece um álbum que oscila entre o razoável e o muito bom, gerando um resultado irregular e impedindo “With Teeth” de se tornar num grande disco.
No entanto, episódios como a cativante desolação de “Every Day is Exactly the Same”, a vibrante claustrofobia de “Beside You in Time”, o irresistível travo electropop de “Only” ou a crescente intensidade emocional de “Sunspots” (o melhor momento do álbum) fazem com que este seja ainda um conjunto de 14 canções acima da média e uma das boas colheitas musicais de 2005, evidenciando a boa forma de um projecto sólido como poucos.
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
12 comentários:
Mas quando será que Trent Reznor passa por cá??
Adorei a faixa "Right where it belongs".
Hasta!
Não faço ideia, mas se vier é um daqueles concertos que não quero perder...Essa também é uma das minhas preferidas do álbum :)
Fica bem ()
Mais um albúm na minha (já longa) lista a ouvir :).
Cumps. musicais
Um disco que vai crescendo, ao inicio fiquei um bocado desiludido,mas depois fui gostando cada vez mais. É bom.
right where it belongs é uma das faixas que mais desperta interesse, num trabalho que tenho de ouvir com mais atenção.
cumprimentos.
SOLO: Então faz-te a ele :)
Spaceboy: Concordo, mas continuo a preferir "The Fragile"...
FDV: É um grande final para um disco um pouco irregular.
Cumprimentos
Bem bom este CD! Tem de tudo 1 pouco. E é um CD que se começa a gostar após as primeiras audições. Yeah!
Hugzzz de 9 polegadas
Sim, o Reznor ainda consegue surpreender e este disco comprova-o. Ficamos à espera do próximo...
gonn1000: E eu prefiro o «Downward Spiral», o «With Teeth» é bom, mas podia ser melhor.
O "Downward Spiral" é provavelmente o disco mais emblemático dos NIN, mas não sei se será o melhor. O "With Teeth" não é tão revolucionário, mas é um bom regresso...
De facto, este album é um tanto quanto diferente dos outros, mas muito bom a meu ver... adorei a faixa right where it belongs, não só pela sonoridade em si, mas pela letra da canção. E sou mais um a juntar á (longa espero eu) lista de pessoas que estará em frente ao palco quando Trant Reznor cá vier
Bem, não sei se esse dia alguma vez chegará, mas a ser assim também será um concerto que não dispensarei.
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