domingo, dezembro 05, 2004

SHARK TALE

As comparações a "Tubarão" (Jaws) e "O Projecto Blair Witch" (Blair With Project) deixavam alguma água na boca - passe a expressão - para o muito elogiado filme de Chris Kentis, uma obra de baixo orçamento com um espírito série-B.
"Open Water - Em Águas Profundas" narra a viagem de um jovem casal norte-americano rumo a um destino paradisíaco e foca a inusitada situação com que este se depara quando é abandonado, por acidente, a 20 milhas da costa. Entregues aos tubarões - e não só, há outras ameaças dignas de registo - Susan (Blanchard Ryan) e Daniel (Daniel Travis) tentam encontrar uma solução para este problema enquanto se esforçam por sobreviver. Em termos de argumento, "Open Water - Em Águas Profundas" não é muito mais do que isto, mas esta premissa é suficientemente curiosa para gerar um filme de suspense e terror psicológico.

Este projecto de Chris Kentis originou algum burburinho devido à não utilização de duplos ou efeitos especiais, colocando os actores à mercê dos tubarões que os circundavam.
Infelizmente, o filme é um dos casos onde a fama é superior ao proveito, pois a tensão e dose de assombro são bem menores do que o que havia sido anunciado.

Nota-se que esta é uma produção de escassos recursos, uma vez que os aspectos técnicos são minimalistas e apenas funcionais, elemento que se mantém nas interpretações competentes, mas sem grande carisma, da dupla protagonista. O ritmo nem sempre é eficaz, e a primeira meia-hora deste thriller arrasta-se sem proporcionar nenhum momento de considerável interesse. Embora a acção melhore na segunda metade do filme, raras são as sequências que conseguem criar uma atmosfera de tensão e pânico, tornando a narrativa enfadonha e pouco surpreendente.

O tom realista, cru e quase documental da película é uma lufada de ar fresco face à concorrência, que cada vez mais recorre a efeitos especiais e a perigos exagerados, mas os resultados que gera ficam aquém das expectativas (a interessante cena da tempestade nocturna, uma das poucas ocasiões intensas e intrigantes, é demasiado fugaz e mal aproveitada).

Baseado em factos verídicos, "Open Water - Em Águas Profundas" é uma obra escorreita que tem o mérito de tentar introduzir algo de novo no estafado género do thriller, mas as boas intenções não bastam e o filme mete mais água - literalmente - do que deveria, desperdiçando o seu potencial. Ainda assim, os fãs do género poderão encontrar aqui alguns motivos de interesse, sobretudo se as expectativas forem modestas.

E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL

Sem comentários: