terça-feira, junho 14, 2005

UM DOMINGO QUALQUER

Mais um nome a acrescentar a uma promissora nova geração de realizadores mexicanos - que inclui cineastas como Alfonso Cuarón ("Grandes Esperanças", "E a Tua Mãe Também"), Alejandro González Iñarritu ("Amor Cão", "21 Gramas") ou Guillermo Del Toro ("Blade 2", "Hellboy") - Fernando Eimbcke estreia-se nas longas-metragens com "Temporada de Patos", um pequeno filme de baixo orçamento elogiado na sua terra-natal, no Festival de Cannes e na primeira edição do IndieLisboa.

Um olhar sobre a banalidade do quotidiano e os dramas da adolescência, a película centra-se em quatro jovens que passam um domingo juntos no apartamento de um deles. Dois rapazes de 14 anos preparam-se para mais uma tarde recheada de videojogos e comida rápida, mas uma falha na electricidade e a presença de dois "convidados" inesperados - a vizinha de 16 anos de um deles que precisa de utilizar o fogão e um entregador de pizzas a quem os dois adolescentes não querem pagar - faz com que o dia não seja, afinal, tão convencional.

Agridoce e minimalista, "Temporada de Patos" é uma discreta comédia lo-fi que assenta na solidão da adolescência e na quebra dos laços familiares para gerar um retrato de quatro personagens que, aos poucos, se vão apoiando mutuamente.
Recorrendo a uma estrutura episódica, com pequenas vinhetas num registo entre o caloroso e o levemente amargurado, Fernando Eimbcke oferece uma obra curiosa, mas desigual, pois o ritmo nem sempre envolve e o argumento é demasiado fragmentado.
A acção é dominada pela inércia, algo que é interessante nos momentos iniciais, na apresentação de cenários do dia-a-dia urbano, mas que se torna repetitivo e monótono, uma vez que a meio da sua duração o filme não sabe que rumo seguir.
"Temporada de Patos" vale essencialmente pelo refrescante quarteto de jovens actores, que irradia uma cativante espontaneidade, e pelo cuidadoso trabalho formal, desde a apelativa fotografia a preto-e-branco até uma dedicada atenção ao pormenor. Contida e pouco ambiciosa, é uma aceitável primeira obra, intrigante a espaços mas que como um todo permanece quase sempre numa mediania apenas promissora. Uma proposta eficaz mas longe de surpreendente.

E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL

4 comentários:

Anónimo disse...

Esteve no Indie :o? Andava há que tempos a tentar lembrar-me onde raio tinha ouvido o nome deste filme! Obrigado pelo esclarecimento.
Hum...no IMDB está bem cotado :). Talvez o veja...

Cumprimentos cinéfilos

gonn1000 disse...

Ainda bem que te esclareci :)
Sim, está bem cotado no IMDB, e isso também fez com que esperasse mais do filme. Mesmo assim, se gostas da temática da adolescência não deves dar o tempo por perdido...

Fica bem.

Daniel Pereira disse...

Mesmo que não se goste muito, é difícil não gostar.

gonn1000 disse...

Gostei um bocadinho :)