sexta-feira, julho 08, 2005

NÃO TENHAM MEDO

Um dos projectos mais profícuos oriundos de domínios trip-hop, os Lamb apresentaram, no seu segundo álbum, o momento mais inspirado da sua discografia, melhorando os bons resultados que o registo de estreia, "Lamb", já exibia.

"Fear of Fours" é não só um dos discos obrigatórios de 1999 como um dos que melhor consegue expor os traços essenciais de uma intrigante sonoridade de final do milénio. Centrando-se no trip-hop, as canções congregam também elementos do drum n' bass, electro, jazz, spoken word, pop, torch song, downtempo e algum techno, oferecendo uma amálgama coesa e inventiva.

As muito eficazes programações rítmicas de Andy Barlow são o complemento perfeito para a singular voz de Louise Rhodes, que por vezes pode gerar estranheza, uma vez que nao se trata de uma vocalista de tons imediatamente acessíveis, mas que acaba por envolver e conquistar.

Ousado e difícil de rotular, "Fear of Fours" proporciona grandes momentos de impacto emocional através da soberba interligação de loops e samples e uma vertente orgânica (a presença do baixo é especialmente determinante), que juntamente com a voz de Rhodes conseguem originar canções de recorte superior que vão desde ambientes calorosos e absorventes, como na balada "Softly", até à frieza arrepiante de "Alien".

Apesar dos álbuns posteriores - "What Sound" e "Between Darkness and Wonder" - apostarem numa sonoridade algo formatada e linear, "Fear of Fours" é um registo versátil e heterogéneo, um dos melhores exemplos da electrónica de finais da década de 90, tão relevante como referências musicalmente próximas onde figuram os Massive Attack, Portishead, Gus Gus, Sneaker Pimps, Tricky, UNKLE ou Garbage.
Vale a pena, por isso, (re)descobrir a imponência épica de "Bonfire", as etéreas atmosferas do excelente instrumental "Five", a frenética vibração breakbeat de "Little Things", os temperos bossanova de "Here" ou a desconcertante estranheza da inventiva "Fly", canções que conservam ainda consideráveis cargas de surpresa e contemporaneidade.
E O VEREDICTO É: 4/5 - MUITO BOM

13 comentários:

Spaceboy disse...

O «Fear of Fours» também é o meu disco preferido dos Lamb, que, segundo rumores que por aí andam, parece que acabaram...Ouvi dizer que o Andy Barlow vai ao Vilar de Mouros...
Olha já ouviste 13 & God? Recomendo vivamente, é um dos discos que tenho ouvido muito ultimamente, em conjunto com o cd ao vivo do Morrissey.
Fica bem

Anónimo disse...

é REALMENTE UM BOM DISCO, NÃO SENDO UMA DAS MINHAS BANDAS PREFERIDAS. bOA ANÁLISE! (ups escrevi em caps lock..)

gonn1000 disse...

Spaceboy: Acabaram? Não me surpreende, o lançamento do best of já o sugeria...Mas convenhamos que os últimos discos, apesar de interessantes, não eram tão inovadores como os dois primeiros.
Não ouvi nem 13 & God nem Morrissey ao vivo, mas pronto, assim sendo são mais duas hipóteses para a (sempre crescente)lista de álbuns a ouvir...
Fica bem ()

André Batista: É sim sr. :) Obrigado e fica bem ()

Nuno disse...

É sem dúvida um grande álbum, mas o que eu acho simplesmente do outro mundo nestes Senhores são as performances ao vivo. Eles conseguem agarrar nas músicas já de si espectaculares e dar-lhes ainda mais energia. Os concertos que vi deles foram sem dúvidas dos melhores que alguma vez vi. (e aquele contra-baixista é simplesmente do outro mundo, lol).

gonn1000 disse...

Estiveram tantas vezes em Portugal e, no entanto, nunca os vi ao vivo :( Mas pelo que ouvi dizer os concertos não andam longe do que descreveste...

Anónimo disse...

Ainda bem que não referiste nas referências tão relevantes os Radiohead porque... É OUTRO NÍVEL:) Tendo dito, do que conheço dos Lamb gosto bastante.

Fica bem()

gonn1000 disse...

Pois, pois, já sabemos que essa tua obsessão não tem remédio :P

Anónimo disse...

Hum...ainda não conheço o 2º albúm deles :(...mas um 4/5 merece que eu investigue :P!

Cumps. musicais

gonn1000 disse...

Sim, recomendo que investigues...Fica bem ()

O Puto disse...

É, também para mim, o melhor registo dos Lamb. O sentido melódico e rítmico está apurado e equilibrado. E qualquer tema dava um bom single. O disco de estreia continua a ser um objecto algo estranho e quase inclassificável, mas contém aquela que, para mim, é a mais bonita canção dos Lamb - "Gorécki".
Quanto aos 13 & God, ainda estou a digeri-los. A mistura entre pop e hip-hop não é tão simbiótica como no último dos Gorillaz, por isso a assimilação seja algo lenta.

gonn1000 disse...

O registo de estreia também é desafiante, mas tem áreas um pouco difíceis, pelo menos para mim. Mas sim, "Gorecki" é um dos seus melhores temas, assim como o estranhíssimo "Trans Fatty Acid".

Spaceboy disse...

O disco dos 13 & God não é um disco fácil mas vale bem a pena o esforço.

gonn1000 disse...

Com tantas sugestões musicais, torna-se difícil ir seleccionando, mas vou tentar lembrar-me dessa :)