Tudo começou com "Goodnight Moon", em 1999, uma sóbria canção entre a folk e o indie rock que possuía a mais-valia de contar com uma voz sedutora e envolvente. O tema, que ainda hoje é o mais emblemático dos norte-americanos Shivaree, despertou curiosidade acerca da banda, que se estreou com o promissor álbum "I Oughtta Give You a Shot in the Head for Making Me Live in This Dump" (só pelo soberbo título, já valia a pena), continuou com "Rough Dreams" e editou recentemente "Who's Got Trouble".
Foi a propósito do lançamento do seu terceiro disco que o grupo regressou a palcos nacionais, finalizando a sua digressão no Café-Teatro Santiago Alquimista, em Lisboa, no passado dia 22.
O concerto durou pouco mais de uma hora, mas o que não ofereceu em quantidade compensou em qualidade, uma vez que a banda exibiu eficácia e coesão, apresentando ao vivo a vertente intrigante e apelativa que transmitem nos discos.
Grande parte da competência do espectáculo deveu-se, sem dúvida, à carismática presença de Ambrosia Parsley, capaz de conquistar o público logo nos minutos iniciais com a sua postura afável e espirituosa.
Grande parte dos novos temas percorre ambientes apaziguados e aconchegantes, pontualmente intercalados por episódios onde as guitarras se evidenciam com maior aspereza e dinamismo.
Desde "Little Black Mess", logo no início, passando por "I Close My Eyes", "New Casablanca" ou a muito acarinhada "Mexican Boyfriend", a noite foi pródiga em momentos cativantes, onde não faltaram regressos ao passado como "Bossa Nova", "Gone Too Far" e, claro, a incontornável "Goodnight Moon".
A aura intimista do concerto foi reforçada pela postura de Ambrosia Parsley, que frequentemente se dirigiu aos espectadores e contou algumas histórias, com destaque evidente para a conturbada relação dos seus avós.
Vestida de negro e mantendo uma pose discreta, a vocalista foi uma mestre-de-cerimónias perspicaz e calorosa, disseminando uma sensualidade natural e conseguindo ser tão inebriante como Shirley Manson ou Fiona Apple.
Conquistando a maioria dos presentes - que não eram assim tantos mas demonstraram um inequívoco entusiasmo, como ficou comprovado em três encores muito aplaudidos - os Shivaree proporcionaram um concerto suficientemente acolhedor, doseando melancolia e descontracção, mas que poderia ter sido mais convincente se não tivesse apostado em dois ou três momentos algo mornos e repetitivos.
Sentiu-se a falta de algumas canções fortes como "Reseda Casino", "Daring Lousy Guy", "Thundercats" ou "Lunch", que poderiam ter complementado um espectáculo agradável, mas que acabou por saber a pouco. Mesmo assim, enquanto durou, deixou boas memórias, evidenciando que esta é uma banda a revisitar sempre que possível.
7 comentários:
Não conheço o novo trabalho deles mas gosto muito dos anteriores.
É aquele ar rebelde e a voz lamentosa que eu gosto.
O "Goodnight Moon" ainda é um dos meus temas favoritos de sempre!
Concordo. O ar rebelde e a voz lamentosa também me agradam :)
Também gosto da "Goodnight Moon"...se calhar foi por ter entrado na banda sonora do Kill Bill Vol. 2 :)!
Cumprimentos musicais
Pois, tinha de ser :)
Sim, fui dois em um, jornalista&fotógrafo LOL...Obrigado :)
puseste-me a ouvir o ultimo cd..tinha para aqui há imenso tempo e não tinha ouvido como deve de ser...deve ter sido alto concerto..e sim vou continuar a insistir no obvio, a menina é uma deusa
Foi um bom concerto sim, que poderia ter sido melhor mas que não deixou de valer a pena. Fica bem...
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