domingo, abril 17, 2005

AQUELE BEAT...

O sexto álbum dos Da Weasel corre o risco de ficar na memória de muitos como "o disco que inclui a canção "Re-Tratamento"", dada a alta rotação que o mediático single de apresentação obteve na maioria das rádios e canais televisivos em 2004, tornando-se num dos temas mais emblemáticos do ano.

É certo que a banda de Almada já tinha gerado outras canções com um êxito considerável, mas nada que se comparasse ao primeiro single de "Re-Definições". Contagiando um público que vai quase dos 7 aos 77, o tema ajudou a colocar o grupo em destaque em 2004, consolidando a fase de ascensão que exemplos anteriores como "Outro Nível" ou "Tás na Boa" já antecipavam.

No entanto, "Re-Definições" não é um daqueles dicos que vale apenas por um single, pois proporciona um cardápio de apelativos momentos que mesclam hip-hop, funk, rock, dub e soul, mantendo o espírito ecléctico que a banda manifestou desde o início.

Embora contenha uma forte carga dançável e vibrante, o álbum congrega também densidade q.b., com letras que constituem um atento e perspicaz olhar sobre o quotidiano urbano, apostando tanto em vertentes mais descontraídas como em atmosferas mais soturnas.

Pac Man, que para além de vocalista assina as letras (em colaboração com Virgul), exibe aqui mais provas de subtileza nos seus crus e directos retratos do dia-a-dia, conservando também a voz incisiva e carismática. Momentos como o áspero "GTA" são exemplos dessa crueza, onde Pac dá força à sua postura crítica em considerações como "Já não há pão, só há circo/ e esse há aos molhos" "Pára para pensar em quem se decide idolatrar" ou "Eu recuso-me a entrar no esquema, desculpa lá o mau jeito".

No álbum anterior, "Podes Fugir Mas Não te Podes Esconder", os Da Weasel colaboraram com os cubanos Orishas em "Sigue, Sigue!", e em "Re-Definições" o contacto com outros nomes volta a manifestar-se.
Desta vez, os escolhidos foram Manel Cruz (dos Pluto e dos extintos Ornatos Violeta), que brilha no excelente "Casa (Vem Fazer de Conta)", o grande momento do disco, e a jornalista Anabela Mota Ribeiro, que dá voz ao pouco conseguido "Re-Definições".

Apesar de ser suficientemente diversificado, o sexto álbum dos Da Weasel não é tão desafiante como alguns dos seus registos anteriores, casos de "3º Capítulo" ou "Iniciação a uma Vida Banal - O Manual". O disco revela uma banda com uma personalidade vincada e um universo próprio, mas que não se desvia muito dos domínios que já pisou antes, apostando nas mesmas sonoridades e ambientes. Há várias boas canções, mas são raros os episódios que conseguem surpreender, expondo um nível qualitativo acima da média mas sem grandes cargas de inspiração.

Embora seja mais interessante e coeso do que "Podes Fugir Mas Não te Podes Esconder", "Re-Definições" apresenta uns Da Weasel demasiado iguais a si próprios, o que não o torna num mau disco - a espaços é irresistível, como em "Carrossel" ou "Baile (Aquele Beat)" -, mas também não expõe tanta ousadia como se esperaria. Talvez o próximo disco deva chamar-se, então, "Re-Invenções"...

E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM

5 comentários:

Anónimo disse...

Confesso que só conheço os singles, pois os Da-Weasel nunca me despertaram seriamente, tal como o seu estilo de música, mas fica aqui a minha apreciação sincera da excelente canção que é Força. De entre as pouquíssimas canções hip-hop que não me importo de ouvir, confesso que esta é talvez, mas só talvez a que me dá mais gozo sentido a ouvir. Outra que gosto muito é "Christmas in Holly's" dos Run DMC, presente no Die Hard. É muito positiva a existência dos Da-Weasel no panorama musical para não sermos unicamente sobrecarregados dos rappers/hip-hopers que abundam na MTV todos iguais uns aos outros sendo esse o seu objectivo, dando um exemplo vergonhoso. É escusado prolongar-me sobre eles.

Cumprimentos:)

Anónimo disse...

Eu não conheço absolutamente, nada de música portuguesa: a não ser Amália Rodriguez e Madredeus (que, para mim, são dois grandes exemplares da arte mundial). Quanto a essa minha falta, tou vendo que esse blog me fará aprender o que eu não sei, quase tudo, do mundo musical portugues - terra de meus patrícios (metaforicamente falando), rs. Me informe o nome de uma loja em Lisboa onde eu possa comprar DVDs lançados por aí - principalmente, os que não aparecem no Brasil e, sim, os de Manoel de Oliveira.

gonn1000 disse...

gravepisser: A maioria dos rappers/hip hoppers em rotação cosntante na MTV e aparentados também nada me dizem (com a eventual excepção dos Outkast, N.E.R.D. e poucos mais), mas os Da Weasel vão além dessa formatação previsível e apostam em fusões bem mais interessantes. Se gostaste do "Força", talvez devesses escutar o resto do disco...

Marcos A. Felipe: Pois, há muita música portuguesa para além dessas duas referências incontornáveis, e é pena que não tenha maior divulgação...Ok, prometo divulgar mais artistas nacionais, então lol...Quanto a lojas, penso que a melhor opção será a FNAC (http://www.fnac.pt).

Anónimo disse...

Para mim este é o melhor CD deles :)!

Cumprimentos cinéfilos e já agora: musicais também :P!

gonn1000 disse...

Olhe que não, olhe que não LOL...

Cumprimentos para ti também ;)