Um dos grandes sucessos de bilheteira do Verão de 2005 nos EUA, "Os Fura-Casamentos" (The Wedding Crashers) é a mais recente comédia de David Dobkin ("Em Defesa de sua Majestade") e segue o percurso de dois amigos (interpretados por Owen Wilson e Vince Vaughn) cujo principal hobby é infiltrarem-se em casamentos na tentativa de desfrutarem das cerimónias de copo-de-água gratuitamente.
Entre as mais-valias desta actividade frequente encontram-se a oportunidade de se deleitarem com fartos banquetes e os contactos com as não menos aliciantes jovens convidadas que se encontram presentes e que cedem com facilidade às tentativas de sedução do duo (muitos por culpa das suas histórias mirabolantes e dos pequenos shows que encenam, tornando-se quase sempre no centro das atenções).
O que inicialmente parece ser mais uma comédia de humor duvidoso, entre o grotesco e o desbragado, na linha de muitos teen movies que se disseminaram como cogumelos no final dos anos 90, segue depois modelos mais próximos dos das comédias românticas, com a inevitável previsibilidade que isso acarreta.
De resto, esse convencionalismo acaba por marcar, na maioria das vezes, grande parte destas comédias mainstream norte-americanas, que mesmo quando tentam parecer irreverentes e ousadas acabam por se submeter a um moralismo forçado e formatado.
"Os Fura-Casamentos" é mais uma prova dessa tendêcia, pois a partir do momento em que a dupla central se apaixona por duas filhas do ministro das finanças o argumento é alvo de uma considerável mudança de tom e vê reforçada a carga melosa, na tentativa de fazer com que o filme agrade a gregos e a troianos (ou, melhor dizendo, a um público masculino e feminino).
David Dobkin não chega a abusar da lamechice barata (embora esta esteja presente) nem recorre a muitos rodriguinhos melodramáticos, mas o seu trabalho também não vai além daquilo que se esperaria de um tarefeiro minimamente competente.
A realização é pouco inventiva, mas o ritmo possui alguma energia, e os desempenhos dos actores são eficazes, mesmo que não haja por aqui grandes personagens.
Owen Wilson e Vince Vaughn funcionam bem juntos, embora não saiam de esferas que já se tornaram na sua imagem de marca (Wilson contido e discreto, Vaughn histriónico e impulsivo), Christopher Walken expõe o seu carisma habitual e Rachel McAdams é uma supresa refrescante e graciosa, encarnando uma personagem que equilibra candura e inteligência (uma actriz a ter em conta e igualmente convincente noutros registos, como o thriller "Red Eye", de Wes Craven, pode comprovar).
Mesmo com um humor pouco rebuscado que raramente é hilariante, "Os Fura-Casamentos" consegue funcionar enquanto entretenimento light aceitável, desde que não se peça para ser mais do que isso (mas o filme também não pretende alcançar outros patamares). Ou seja, compensa em cenas divertidas q.b. aquilo que lhe falta em substrato cinematográfico, o que para uma película assumidamente efémera e descartável não é assim tão negativo...
E O VEREDICTO É: 2/5 - RAZOÁVEL
7 comentários:
Hum... De volta à análise de filmes Holyywoodianos, hem?
Pois é, mais cedo ou mais tarde teria de voltar a acontecer :)
Gostei de ler a tua análise e para variar temos opiniões diferentes :S lol. Achei o filme hilariante but hey...that was me :P!
Keep up the good work, Gonçalo :)!
Pois, já vi a tua análise no "Lord of the Movies" e não concordamos. Oh well... :)
Sim, de original o filme não tem muito, embora tente parecer ousado na primeira parte...
concordo.
:)
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