Um dos principais nomes que ajudou a consolidar e implementar o big beat - subgénero da electrónica caracterizado pelas batidas trepidantes, repetitivas e viciantes -, os Chemical Brothers possuem uma sólida discografia que lhes permite serem considerados uma das referências incontornáveis destes domínios.
A surpresa da estreia, "Exit Planet Dust" (1995), a evolução na continuidade com o segundo álbum "Dig Your Own Hole" (1997) e a reinvenção de "Surrender" (1999) são exemplos de uma contagiante mistura de rock e electrónica, equilibrando altas cargas de energia cinética com adequadas doses de inspiração e criatividade. À aclamação crítica juntou-se o sucesso comercial, e singles portentosos como "Block Rockin' Beats", "Setting Sun" ou "Hey Boy Hey Girl" ficaram como marcos da electrónica de finais dos anos 90.
"Come With Us", de 2002, não mantinha o nível qualitativo dos três primeiros discos, pois apesar da sua eficiência nas pistas de dança exibia também traços de um certo esgotamento de ideias em alguns momentos.
"Push the Button", o mais recente álbum da dupla Tom Rowlands/ Ed Simons, editado no início de 2005, reforça a ideia de que os Chemical Brothers já não apresentam composições tão surpreendentes como nos primeiros anos do projecto, mantendo a competência mas raramente expondo episódios de génio.
A amálgama de rock, techno, funk, electro, house, pop, ambient e psicadelismo ainda se encontra neste novo registo, mas o duo abre mais espaço para a percentagem de hip-hop, comprovável no hipnótico primeiro single "Galvanize", que conta com a colaboração de Q-Tip, dos A Tribe Called Quest. Um dos melhores temas do disco, possui um ritmo irresistível e uma vibração característica das criações mais carismáticas dos Chemical Brothers, mas infelizmente "Push the Button" nem sempre está à altura desta promissora primeira amostra.
À semelhança de todos os álbuns anteriores do duo, o seu quinto disco conta com participações especiais, casos do acima referido Q-Tip; Kele Okereke, dos Bloc Party (no dinâmico mas cansativo "Believe"); Tim Burgess, dos Charlatans (pouco estimulante em "The Boxer); o rapper Anwar Superstar (no repetitivo "Left Right") ou a banda indie The Magic Numbers (em "Close Your Eyes", um belo desvio por cenários de placidez), congregando um lote de respeitáveis convidados em canções maioritariamente medianas.
"Push the Button" é suficientemente ecléctico, mas só consegue cativar a espaços. Embora os Chemical Brothers sejam mais conhecidos pelos seus efusivos singles, neste disco os melhores momentos são aqueles que apostam em vertentes mais calmas e apaziguadas, como "Hold Tight London" (com Anna Lynne, na já habitual faixa chill out) ou "Surface to Air" (apelativa passagem por domínios ambientais), enquanto que os temas mais trepidantes - "Come Inside", sobretudo - não se afastam muito de formatos demasiado estereotipados e repisados.
Tal como aconteceu com os discos mais recentes dos Prodigy ou de Fatboy Slim, outras referências fortes do big beat, a nova proposta dos Chemical Brothers constitui uma semi-desilusão. Não contém nada que envergonhe a recomendável discografia do duo, mas também não possui méritos suficientes que lhe permita dar um passo em frente, tornando-se num registo que, exceptuando dois ou três momentos, apenas oferece mais do mesmo.
"Push de Button" não é um mau disco, mas é o menos ousado do percurso dos irmãos químicos, possuindo tanto de competente como de efémero. Seria satisfatório se gerado por nomes menos produtivos, sabe a pouco vindo de quem vem...
E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL
6 comentários:
Hmmmmmmmm...onde é que eu já ouvi isso???
Os Chemical Brothers têm singles interessante, mas dentro dos duos da dança, prefiro os Basement Jaxx. Rock on!
Acho os Basement Jaxx mais irregulares, apesar de uma ou outra canção mais apelativa...
Costumo escutar apenas bandas sonoras de filmes... Mas viciei-me na "The Killer's Song" de Gabriela Marquez.
Não conheço o disco que estás a comentar...
Acho que até tens razao nalgumas coisas mas no final ate considero este um bom album. Não esta ao nivel dum «Dig Your Own's Hole», mas ate é um bom album, mas esperava-se melhor, la isso é verdade.
Gustavo: Bandas-sonoras não ouço muito, a não ser que me interessem mesmo...Não conheço a canção que referiste :)
Spaceboy: Não é mau, mas também não é um que me convença na sua totalidade...
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