A aproximar-se do final, o IndieLisboa apresentou ontem reexibições de alguns dos seus filmes e a estreia de «My Summer of Love» («Amor de Verão»), de Pawel Pawlikowski, mas o ponto alto foram mesmo as atribuições dos prémios desta edição.
Uma parte significativa dos títulos do festival focou a adolescência, e uma das mais interessantes foi «Ono», da polaca Malgosia Szumowska, acerca da conturbada situação de uma jovem grávida que não sabe como lidar com a maternidade. A actriz principal do filme compareceu no final da sessão e mostrou-se afável na relação com o público, indicando a sua perspectiva sobre algumas das ambiguidades da película e revelando detalhes acerca do seu processo de produção.
Outra película sobre os dilemas da juventude reexibida ontem foi «Unknown Pleasures», do “Herói Independente” Jia Zhangke, um filme desencantado que segue as peripécias de dois amigos que se deparam com a falta de perspectivas que marca o seu quotidiano, pouco próspero e promissor.
Recorrendo a um realismo quase documental, apostando em planos longos e num ritmo pausado, Zhangke consegue, por vezes, evidenciar a fragilidade e angústia que vinca o dia-a-dia destes adolescentes, mas «Unknown Pleasures» raramente envolve e arrasta-se durante duas excessivas horas. Monótono e repetitivo, o filme talvez resultasse, contudo, se reduzisse para metade a sua duração e enveredasse por uma narrativa mais escorreita e coesa. O realizador esteve presente no final da sessão, onde respondeu a algumas questões dos espectadores, sobretudo acerca da censura a que as suas obras foram expostas durante vários anos na sua nação natal, a China.
Um dos mais aguardados títulos do festival, «My Summer of Love», de Pawel Pawlikowski, foi o escolhido para a esgotada sessão de encerramento (afinal ainda arranjei bilhete para este). Centrado na peculiar relação de duas jovens que se conhecem numas férias de Verão, a quarta longa-metragem deste cineasta é mais um delicado olhar sobre a adolescência, que se revelou um tema fértil para muitos dos indies da segunda edição do festival.
Antes de «My Summer of Love» decorreu a muito esperada entrega de prémios de um IndieLisboa que contou com vários títulos recomendáveis. Os premiados serão reexibidos hoje nos cinemas King e são os seguintes:
- Grande Prémio de Longa-Metragem: «The Forest for the Trees», de Maren Ade
- Grande Prémio de Curta-Metragem Sagres Presta: «Undressing my Mother», de Ken Wardrop
- Prémio Tóbis para o Melhor Filme Português: «Adriana», de Margarida Gil
- Prémio de Melhor Fotografia para Filme Português Fujifilm AIP-Cinema: «Um Homem», de Laurent Simões
- Prémios 2/Onda Curta: «Phantom Limb», de Jay Rosenblatt; «Fare Bene Mikles», de Christian Angeli; «Undressing my Mother», de Ken Wardrop; «Compassos de Espera», de Pedro Paiva (Menção Honrosa)
- Prémio Amnistia Internacional: «North Corea, a day in the Life», de Pieter Fleury
- Prémio Jameson do Público: Melhor Longa-Metragem: «Private», de Severio Consatanzo
- Prémio Jameson do Público: Melhor Curta-Metragem: «Home Game», de Martin Lund
- Prémio IndieJunior: «Flatlife», de Jonas Geirnaert
Espero ver alguns destes hoje...
4 comentários:
E eu espero vê-los todos algum dia, LOL!
P.S -> Não me canso de dizer que foste o melhor blog a cobrir este grande acontecimento que foi o Indie :)! Parabéns!
Cumprimentos cinéfilos
LOL...Pois, não será fácil mas também gostava de ver alguns que perdi...E obrigado pelo elogio ;)
Fiquei com pena de não ter visto mais filmes no IndieLisboa... Costumo ter muita empatia com os filmes sobre a problemática do "crescimento".
Sim, também é uma das minhas temáticas preferidas, e nesta edição houve alguns títulos recomendáveis. Felizmente, "Mean Creek", "My Summer of Love" e "Somersault" têm estreia programada para salas nacionais :)
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