quarta-feira, setembro 21, 2005

NOVOS OLHARES

Um olhar sobre a sociedade argelina actual, “City of Happiness” é um documentário de Michael Roes que se centra nas vivências de alguns jovens inconformados com um sistema que não aceitam mas ao qual têm, ainda, que se submeter.

Partindo das perspectivas de Nadir, um estudante universitário que apresenta ao espectador as figuras, locais e situações que marcam o seu dia-a-dia, o filme mergulha em parte do quotidiano de um país cujos reflexos dos desequilíbrios políticos e económicos são bem evidentes.

Recusando a digressão turística de cartão-postal e afastando-se igualmente de retratos de um miserabilismo fácil e oportunista, “City of Happiness” oferece uma pertinente e interessante reflexão acerca de uma cultura distante dos padrões das sociedades ocidentais, mas como Michael Roes expõe, alguns elementos das novas gerações vão tentando, com maior ou menor persistência, encontrar alternativas que lhes permitam alterar ou abandonar uma sociedade que tanto os acolhe como os reprime.

Por vezes leve e espirituoso, noutros momentos melancólico e amargurado, “City of Happiness” é um documentário escorreito, conseguindo aliar a vertente lúdica à informativa, mas sofre de óbvias limitações técnicas, com um trabalho de realização pouco inventivo e que evidencia meios modestos. A película tem também um ritmo irregular, apresentando sequências excessivamente longas e redundantes que a tornam numa obra desigual.

Contudo, num projecto destes os elementos técnicos acabam por contar menos do que os humanos, e Roes gera aqui um documentário honesto e com alma, muito por culpa da genuinidade e empatia emanadas por Nadir, que conduz a acção de forma envolvente q.b..

Modesto, mas relevante, “City of Happiness” é mais um dos bons exemplos da versatilidade e abrangência temática do cinema documental, género que se tem afirmado nos últimos anos e que encontra em Michael Roes mais um curioso nome com potencial.

E O VEREDICTO É: 2,5/5 - RAZOÁVEL

7 comentários:

brain-mixer disse...

Há por aí tantos documentários por descobir mas que por falta de propaganda, são ignorados pela grande maioria dos espectadores... E quando passam na TV, são despachados às 2h da manhã ou entre o ZIP ZAP e o Eclesia da :2...

gonn1000 disse...

Pois, infelizmente o cenário é esse, mas mesmo assim acho que é um género que já começa a implementar-se...

Anónimo disse...

Hum...gostei do argumento do filme :).

Cumps. cinéfilos

Mola disse...

estivemos a ver os mesmos filmes!! lol ;P

Sinceramente não gostei de nenhum.... o Doc porque deve ter sido revisto fora da Argélia e por isso deviam ter colocado/respondido a algumas questões que a “personagem principal” tenta levantar – mas é um óptimo retracto

O segundo o realizador perde muito tempo a tentar ser poético/etéreo e esquece o protagonista, depois vai resolver tudo porque o tempo (e provavelmente a película) está a chegar ao fim...

Lindo lindo foi o Doc/Filme do “Kiki and Herb” ontem terça. Viste?

gonn1000 disse...

SOLO: Pode ser que um dia passe na 2:

mola: Vi, mas achei que foi dos mais fracos até agora. Tem alguns momentos engraçados, mas poderiam ter tido outra abordagem, porque seguir a viagem dos dois protagonistas torna-se bastante maçador. Achei o documentário um bocado inconsequente.

Mola disse...

pois foi as condições não foram as melhores... mas gostei muito, soube bem rir no festival.

e hoje estás a ver algum? conta como foi?

gonn1000 disse...

Yup, cheguei agora mesmo da entrega dos prémios das obras em competição e do "Garçon Stupide" (boa surpresa, crítica em breve).
O vencedor da melhor longa-metragem foi "L'Ennemi Naturel", curiosamente o filme de que menos gostei. Enfim...