Primeira longa-metragem de Peter Sollett, “O Verão de Victor Vargas” (Raising Victor Vargas), de 2002, é um daqueles pequenos filmes independentes que, apesar dos escassos recursos, contêm uma cativante energia e carisma, compensando em imaginação os limites do orçamento.
Ambientada num bairro latino de Manhattan, a película foca a rotina de Victor Vargas, um adolescente cuja reputação de jovem “Don Juan” é ameaçada quando surgem boatos que indicam que se envolveu com “Fat” Donna, uma vizinha cuja aparência não é das mais elogiadas.
Determinado a não deixar cair o orgulho, tenta então limpar a sua imagem através da perseguição de uma nova conquista, “Juicy” Judy, uma rapariga cuja beleza está à altura da gélida relação que tem com os elementos do sexo masculino.
Embora este ponto de partida não pareça muito diferente dos de milhentos filmes sobre adolescentes, Peter Sollett trabalha-o com uma refrescante sensibilidade e um contagiante sentido de humor, originando uma bela perspectiva sobre os primeiros amores, o despertar da sexualidade, a amizade, os laços familiares e as dificuldades do crescimento.
Distante do humor forçado e estereotipado de tantos filmes sobre a juventude, assim como das atmosferas de crueldade, crime e violência que caracterizam muitas obras centradas em bairros pobres, “O Verão de Victor Vargas” foge assim à comédia inconsequente e ao drama “pronto-a-chocar”, gerando um envolvente retrato de personagens credíveis num projecto que convence pela espontaneidade.
O recurso a actores não-profissionais, muitos deles moradores do bairro, foi uma opção inteligente, uma vez que estes encarnam de forma muito realista as suas personagens, e o despojamento do trabalho de realização de Sollett aproxima o filme de territórios do cinema documental, reforçando a verosimilhança das situações.
Leve e espirituoso mas não deixando por isso de ter algo a dizer – veja-se a carga dramática das cenas entre Victor, os seus irmãos e a avó, com momentos muito subtis e comoventes -, “O Verão de Victor Vargas” é uma pequena delícia cinematográfica que apresenta um realizador capaz de criar uma obra com ritmo, intensidade e vibração emocional. Começa bem...
E O VEREDICTO É: 3,5/5 - BOM
4 comentários:
Gostei muito deste filme!!vale mesmo a pena ve-lo!
Pois, é daqueles que esteve pouco tempo em poucas salas, é pena... mas o DVD é sempre uma hipótese recomendável.
uma sugestão a ter em conta para a minha temporada alentejana.
cumprimentos.
Sem_Titulo_01: Não era nada mal pensado...
FDV: Sim, é uma boa escolha :)
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