Primeira longa-metragem de Pierre Erwan Guillaume, “L’ Ennemi Naturel” desenrola-se numa pequena aldeia francesa assombrada pela misteriosa morte de um adolescente.
Nicolas Luhel é um jovem agente da judiciária cuja missão é descobrir que situação levou à morte do rapaz, mas a resolução desse mistério complexifica-se à medida que as investigações apontam para suspeitos que se recusam a cooperar na busca de respostas.
Serge Tanguy, o pai da vítima, é acusado pela sua ex-mulher de ter assassinado o seu filho, por isso Nicolas considera-o o principal suspeito deste caso, mas ao realizar os seus inquéritos o jovem investigador apercebe-se de que esta não é apenas mais uma missão, estabelecendo uma estranha e conturbada relação com Tanguy.
“L’ Ennemi Naturel” percorre territórios do policial francês, mais centrado na componente psicológica do que em cenas de perseguições e tiroteios, apresentando um conflito essencialmente cerebral entre as personagens.
As paisagens naturais do norte da Finisterra, com tanto de belo como de estranho e inóspito, são um cenário apropriado para reforçar a crescente solidão e nervosismo de Nicolas, que se encontra numa busca sem aliados e com múltiplos entraves.
A realização árida e naturalista de Pierre Erwan Guillaume também contém a sobriedade necessária para que o filme exponha uma vital carga de verosimilhança e realismo, mas a película não resulta tão bem noutros elementos, sobretudo na concepção do argumento e das personagens.
As atmosferas nebulosas e enigmáticas do filme não encontram, infelizmente, um contraponto à altura no mistério que envolve a morte do adolescente, solucionado de forma pouco convincente, que se limita a esconder factos do espectador pretendendo assim surpreender.
Outro problema são as personagens, figuras que não geram empatia nem interesse, tornando-se figuras demasiado distantes e mal definidas, com a eventual excepção do protagonista. Os traços da crise existencial que começa a contaminar Nicolas prometem um intrigante estudo de personagem, mas a execução não é especialmente entusiasmante, e a sua relação com Serge, vincada pela sugestão de uma carga homo-erótica latente, contém potencial mas é subaproveitada.
Desequilibrado e frequentemente enfadonho, “L’ Ennemi Naturel” limita-se a seguir os códigos do policial e só a espaços se afasta da banalidade.
Há momentos conseguidos, como os da dilaceração emocional de Nicolas (nos últimos minutos do filme) ou as sequências nocturnas à beira-mar, que apresentam uma interessante aura lacónica, mas não chegam para compensar a falta de chama do argumento, o ritmo letárgico da narrativa, as personagens superficiais ou as interpretações de escasso carisma, tornando esta numa primeira-obra desinspirada e indistinta.
E O VEREDICTO É: 1,5/5 - DISPENSÁVEL
7 comentários:
Já percebi que gostas de ver cinema francês...
Depende dos casos. Este, por exemplo, foi uma desilusão...
Pois, mas gostas de descobrir e explorar. O que é óptimo!
este não vou ver mesmo, mas é sempre bom descobrir filme para lá da 'zona comercial'. see ya!
Yup, concordo com o André. De vez em quando é bom esquecer Hollywood e espairecer a cultura com outros filmes :).
Cumps. cinéfilos
vejam cinema do japon, anime por exemplo! :))))
Brain-Mixer: Isso claro, sempre que tenho oportunidade :)
André Batista: Também não perdes muito, mas é bom sair do circuito comercial, sim...
SOLO: Nem mais...
membio: Nem de propósito, cheguei há pouco da sessão do "Oldboy", provavelmente o filme oriental mais elogiado do ano. Gostei, mas não achei uma maravilha...
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