Com um aclamado álbum de estreia, "Felt Mountain", de 2000, e com um igualmente elogiado segundo registo gerado três anos depois, "Black Cherry", os Goldfrapp rapidamente se tornaram num dos nomes centrais de tudo aquilo que oscila entre o electro e o trip-hop, criando canções que, apesar das influências reconhecíveis, continham personalidade, carisma e sofisticação.
"Supernature", o terceiro disco, não ameaça o respeitável estatuto de Allison Goldfrapp e Will Gregory, mas reafirma a sonoridade típica do duo em vez de apostar na sua reinvenção. Se "Felt Mountain" era um álbum marcado por torch songs etéreas, contemplativas e aurais, "Black Cherry" surpreendeu ao proporcionar um interessante contraponto, com canções que apelavam mais ao corpo do que à mente, disseminando consideráveis cargas de sensualidade através de uma insinuante carga electro.
E é precisamente nas pista lançadas por "Black Cherry" que "Supernature" assenta, oferecendo mais um conjunto de temas vibrantes e dinâmicos, fusão de trip-hop, funk, dream pop, disco e electro, que embora nunca estejam abaixo do aceitável também raramente contêm assinaláveis doses de novidade.
A voz de Allison continua intrigante como sempre, mas a composição das canções privilegia mais os ritmos electrónicos do que o elemento vocal, por isso a vocalista só consegue evidenciar com maior liberdade algum do seu potencial em escassos momentos apaziguados, próximos das atmosferas de "Felt Mountain" (casos de "Let It Take U" e "Time Out From the World").
Contudo, estes episódios são apenas pontuais e servem para recuperar o fôlego depois da fricção e energia cinética de temas como "Ooh La La", "Lovely 2 C U" ou "Slide In", concentrados de hedonismo e apelo dançável, mas apesar da eficácia e elegância do cardápio sonoro as ideias de génio só surgem ocasionalmente, como nos encantatórios ambientes de "Fly Me Away" ou na hipnótica estranheza de "Koko".
"Supernature" é um disco com tanto de agradável como de efémero, um apetitoso
party album que não traz nada de particularmente inovador mas que cruza referências com um irrepreensível
savoir-faire, originando um
melting pot que inclui traços dos Eurythmics,
Madonna, Gary Numan,
Garbage, Ute Lemper,
Depeche Mode, Human League ou
Sneaker Pimps, entre outros parentes próximos. Não será um álbum para juntar à lista dos essenciais, mas é uma óptima escolha para uma noite passada nas pistas de dança...
E O VEREDICTO É: 3/5 - BOM
12 comentários:
Gostei bastante deste álbum,ainda o ouço com frequência!
Também gostei, não acho que seja uma prioridade mas ouve-se muito bem...
É um tipo de som diferente, mas ouve-se bem sim :).
Cumps. musicais
E dança-se bem também :D
Concordo com o que dizes. O disco vale por ser divertido e competente.
Pois, já desconfiava que concordarias, tendo em conta o teu post de há uns dias...
É um bom disco que dá gosto de ouvir, mas fiquei um bocadinho desiludido, mas tem belas canção que apelam a um pézinho de dança.
Já li a tua crítica e as nossas opiniões não diferes muito...
ainda não ouvi o álbum todo mas parece-me ser bastante mais comercial que os outros dois. depois de o ouvir com atenção digo da minha justiça :)
Sim, é mais imediato e acessível, e um pouco mais formatado também. Mas ainda vale a pena ouvi-lo...
Pis ouve, mas espero que no próximo não se repitam tanto...
Gostei deste. Não há muito de novo, é certo. Mas resulta bem. Espero é algo novo no próximo.
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